Violência sexual contra crianças e adolescents do sexo feminino: Uma questão de saúde pública

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.12864

Palavras-chave:

Violência sexual; Crianças; Adolescentes; Abuso sexual na infância.

Resumo

A violência sexual é uma questão de saúde pública e pode ocorrer em ambos os sexos e de diversas faixas etárias, sendo vítimas as mulheres, na faixa etária infantojuvenil e jovens adultas. Objetivou- se avaliar o atendimento e as características da violência sexual contra crianças e adolescentes do sexo feminino, no estado de Sergipe. Estudo documental composto de prontuários e fichas de investigação de violência sexual, em vítimas do sexo feminino de 0 a 19 anos, no período de julho a dezembro de 2019, atendidas no Instituto Médico Legal de Sergipe e na maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Analisou-se 288 prontuários, sendo inclusos, os prontuários de 223 vítimas femininas com média de 9,95 ±4,6 anos, em sua maioria de cor parda, solteiro, ensino médio incompleto, estudante, sem relação sexual anterior ao abuso. O estupro foi o tipo de agressão mais frequente, na própria residência, sendo o agressor único e conhecido. O atendimento aconteceu, na maioria dos casos, após 72h, sendo solicitados exames exames sorológicos e BHCG em 33,2% e duas vítimas que engravidaram, tiveram interrupção legal da gravidez. A violência sexual ocorreu de maneira similar em crianças e adolescentes, na maioria vulneráveis, sem prática sexual anterior ao evento e por agressor de convívio intrafamiliar. A procura do atendimento em sua maioria foi tardia, reduzindo a possibilidade de profilaxia. Espera-se que o estudo contribua para tomada de decisões quanto a projetos de prevenção e educação, na realização de ações efetivas para a proteção das crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. 

Referências

Basile, K. C., & Smith, S. G. (2011). Sexual violence victimization of women: Prevalence, characteristics, and the role of public health and prevention. American journal of lifestyle medicine, 5(5), 407-417.

Black, M. C., Basile, K. C., Breiding, M. J., & Ryan, G. W. (2014). Prevalence of sexual violence against women in 23 states and two US territories, BRFSS 2005. Violence Against Women, 20(5), 485-499.

Blake, M. T., Drezett, J., Vertamatti, M. A., Adami, F., Valenti, V. E., Paiva, A. C., & de Abreu, L. C. (2014). Characteristics of sexual violence against adolescent girls and adult women. BMC women's health, 14(1), 15.

Bordoni, P. H. C., Gomes, N. S. R., Horta, R. N., & Bordoni, L. S. (2018). Abuso Sexual em Adultos: Casuística do Posto Médico-Legal de Ribeirão das Neves-Minas Gerais. Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics, 7(2), 137-155.

Ministério da Saúde. Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes: norma técnica (3a ed.): Ministério da Saúde.

Ministério da Saúde. Violência Intrafamiliar: orientações para a Prática em Serviço. Brasília DF: Ministério da Saúde; 2002

Cerqueira, D. R. D. C., & Coelho, D. S. C. (2014). Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde (versão preliminar).

Delziovo, C. R., Bolsoni, C. C., Lindner, S. R., & Coelho, E. B. S. (2018). Qualidade dos registros de violência sexual contra a mulher no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) em Santa Catarina, 2008-2013. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 27, e20171493.

Facuri, C. D. O., Fernandes, A. M. D. S., Oliveira, K. D., Andrade, T. D. S., & Azevedo, R. C. S. D. (2013). Violência sexual: estudo descritivo sobre as vítimas e o atendimento em um serviço universitário de referência no Estado de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 29(5), 889-898.

Faúndes, A., Rosas, C. F., Bedone, A. J., & Orozco, L. T. (2006). Violência sexual: procedimentos indicados e seus resultados no atendimento de urgência de mulheres vítimas de estupro. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 28(2), 126-135.

Freitas, R. J. M., Sousa, V. B., Silva Cruz, T., Feitosa, R. M. M., Monteiro, A. R. M., & Moura, N. A. (2017). Atuação dos enfermeiros na identificação e notificação dos casos de violência contra a mulher. HU Revista, 43(2), 91-97.

Garcia-Moreno, C., Jansen, H. A., Ellsberg, M., Heise, L., & Watts, C. H. (2006). Prevalence of intimate partner violence: findings from the WHO multi-country study on women's health and domestic violence. The lancet, 368(9543), 1260-1269.

Gomes, M. L. M., Falbo Neto, G. H., Viana, C. H., & Silva, M. A. D. (2006). Perfil clínico-epidemiológico de crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de violência atendidas em um Serviço de Apoio à Mulher, Recife, Pernambuco. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, 6, s27-s34.

Guimarães, J. A. T. L., & Villela, W. V. (2011). Características da violência física e sexual contra crianças e adolescentes atendidos no IML de Maceió, Alagoas, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 27, 1647-1653.

Hiquet, J., Christin, E., Tovagliaro, F., Fougas, J., Dubourg, O., Chevalier, C., & Gromb-Monnoyeur, S. (2018). Évaluation des coûts directs de la prise en charge en urgence d’une victime de violences sexuelles. Revue d'Épidémiologie et de Santé Publique, 66(2), 99-105.

Jänisch, S., Meyer, H., Germerott, T., Albrecht, U. V., Schulz, Y., & Debertin, A. S. (2010). Analysis of clinical forensic examination reports on sexual assault. International journal of legal medicine, 124(3), 227-235.

Krug, E. G., Dahlberg, L. L., Mercy, J. A., Zwi, A. B., & Lozano, R. (2002). Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2002 [cited 2019 Nov 14].

Machado, C. L., Fernandes, A. M. D. S., Osis, M. J. D., & Makuch, M. Y. (2015). Gravidez após violência sexual: vivências de mulheres em busca da interrupção legal. Cadernos de Saúde Pública, 31, 345-353.

Moreira, K. F. A., Bicalho, B. O., & Moreira, T. L. (2020). Violência sexual contra mulheres em idade fértil na região norte do Brasil. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 12(3), e2826-e2826.

Nunes, M. C. A., Lima, R. F. F., & Morais, N. A. D. (2017). Violência sexual contra mulheres: um estudo comparativo entre vítimas adolescentes e adultas. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(4), 956-969.

Oshikata, C. T., Bedone, A. J., Papa, M. D. S. F., Santos, G. B. D., Pinheiro, C. D., & Kalies, A. H. (2011). Características das mulheres violentadas sexualmente e da adesão ao seguimento ambulatorial: tendências observadas ao longo dos anos em um serviço de referência em Campinas, São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 27(4), 701-713.

Platt, V. B., Back, I. D. C., Hauschild, D. B., & Guedert, J. M. (2018). Sexual violence against children: authors, victims and consequences. Ciencia & saude coletiva, 23, 1019-1031.

Santos, M. D. J., Mascarenhas, M. D. M., Rodrigues, M. T. P., & Monteiro, R. A. (2018). Caracterização da violência sexual contra crianças e adolescentes na escola-Brasil, 2010-2014. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 27, e2017059.

Veloso, M. M. X., Magalhães, C. M. C., Dell'Aglio, D. D., Cabral, I. R., & Gomes, M. M. (2013). Notificação da violência como estratégia de vigilância em saúde: perfil de uma metrópole do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 18, 1263-1272.

WHO (World Health Organization) (2002). World report on violence and health. Geneva: World Health Organization.

Downloads

Publicado

07/03/2021

Como Citar

ANDRADE , R. L. B. de .; SALES, L. G. D. .; JESUS, C. V. F. de; FERRARI, Y. A. C. .; SANTANA, V. R. de .; NARDELLI, M. J. .; PRADO, L. O. M. .; REIS, F. P. .; MENDONÇA, A. K. R. H. .; LIMA, S. O. Violência sexual contra crianças e adolescents do sexo feminino: Uma questão de saúde pública. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 3, p. e8010312864, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i3.12864. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/12864. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde