Líquen plano oral associado a fatores psicogênicos: Relato de caso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.13178

Palavras-chave:

Líquen Plano Oral; Leucoplasia Bucal; Angústia Psicológica; Manifestações bucais.

Resumo

O líquén plano oral é uma doença mucocutânea, de curso crônico, responsável por destruir a camada basal do epitélio e, quando não controlada, predispões à malignização. Apesar da sua etiologia incerta, o estresse e a ansiedade têm sido frequentemente evidenciados como fatores promotores para essa patologia. Dessa forma, esse estudo tem por objetivo relatar um caso de um paciente masculino com Líquen plano oral (LPO) associado a fatores psicogênicos. Paciente do gênero masculino, leucoderma, 32 anos, procurou atendimento odontológico com a queixa principal de que apresentava uma mancha branca na língua, que ardia ao se alimentar, e duração de um ano. Durante a anamnese, o paciente relatou não possuir hábitos nocivos e nem fazer uso de medicações controladas, todavia apresentava histórico de estresse e ansiedade devido à recente alteração na dinâmica de sua vida pessoal. Ao exame físico intraoral foram observadas lesões brancas na região lateral da língua e região de trígono retromolar direitas. As hipóteses clínicas de leucoplasia e líquen plano foram sugeridas e uma biópsia incisional foi realizada, sendo a peça cirúrgica encaminhada para análise histopatológica. Os achados microscópicos evidenciaram hiperceratose, acantose, corpos de Civatte e um infiltrado inflamatório crônico contendo linfócitos, macrófagos e plasmócitos, levando ao diagnóstico final de LPO. Ademais, o paciente foi orientado a buscar apoio psicológico profissional. O paciente foi acompanhado por um período de 2 meses e, durante o seu retorno, foi observada recuperação tecidual, sem sintomatologia ou recidiva. Portanto, fatores psicogênicos, como estresse e ansiedade, podem exercer influência negativa referente à exacerbação e surgimento do líquen plano oral.

Referências

Aguiar, C., Castro, T., Carvalho, A., Vale, O., Sousa, F., & Vasconcelos, S. (2011). Antidepressantdrug. Acta Médica Portuguesa, 24 (1), 91-98. Recuperado de https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/339/109%3e. doi: http://dx.doi.org/10.20344/amp.339

Andreatini, R., Boerngen-Lacerda, R., & Zorzetto, F. D. (2001).Tratamento farmacológico do transtorno de ansiedade generalizada: perspectivas futuras. Revista Brasileira de Psiquiatria, 23 (4), 233-242. Recuperado de https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462001000400011&script=sci_abstract&tlng=pt.doi:10.1590/S1516-44462001000400011

Biaggio, A. M . B. & Natalílio, L. (1979). Manual para o inventário de ansiedade traço-estado (IDATE). Rio de Janeiro:Centro de Psicologia Aplicada-CEPA

Boorghani, M., Gholizadeh, N., TaghaviZenouz, A., Vatankhah, M., & Mehdipour, M. (2010). Oral lichen planus: clinical features, etiology, treatment and management; a review of literature. Journal of dental research, dental clinics, dental prospects, 4(1), 3–9.Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22991586/.doi: 10.5681 / joddd.2010.002

Chan, E. S. Y., Thornhill M., & Zakrzewska J. JM. (1999). Interventions for treating oral lichen planus.Cochrane Database of Systematic Reviews, 2.Recuperado de https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD001168/full doi: 10.1002/14651858.CD001168.

Charazinska-Carewicz, K., Ganowicz, E., Krol, M., & Gorska, R. (2008).Assessment of the peripheral immunocompetent cells in patients with reticular and atrophic-erosive lichen planus.Oral surgery, oral medicine, oral pathology, oral radiology, and endodontics, 105(2), 202–205.Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17656134/.doi:10.1016/j.tripleo.2007.03.031

Chaudhary, S. (2004).Psychosocial stressors in oral lichen planus.Australian dental journal, 49(4), 192–195. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15762340/. doi:10.1111/j.1834-7819.2004.tb00072.x

Chiappelli, F., Kung, M. A., Nguyen, P., Villanueva, P., Farhadian, E. A., & Eversole, L. R. (1997). Cellular immune correlates of clinical severity in oral lichen planus: preliminary association with mood states. Oral diseases, 3(2), 64–70. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9467344/.doi:10.1111/j.1601-0825.1997.tb00014.x

Eisen, D., Carrozzo, M., Bagan S., J. V., & Thongprasom, K. (2005), Número V Líquen plano oral: características clínicas e gestão. Oral Diseases, 11, 338-349. Recuperado de https://onlinelibrary.wiley.com/action/showCitFormats?doi=10.1111%2Fj.1601-0825.2005.01142.x. doi:10.1111/j.1601-0825.2005.01142.x

Eisenberg, E. (2000). Oral lichen planus: a benign lesion. Journal of oral and maxillofacial surgery: official journal of the American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons, 58(11), 1278–1285. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11078140/. doi:10.1053/joms.2000.16629

Fitzpatrick, S. G., Hirsch, S. A., & Gordon, S. C. (2014). The malignant transformation of oral lichen planus and oral lichenoid lesions: a systematic review. Journalofthe American Dental Association (1939), 145(1), 45–56. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24379329/. doi:10.14219/jada.2013.10

Hampf, B. G., Malmström, M. J., Aalberg, V. A., Hannula, J. A., & Vikkula, J. (1987). Psychiatric disturbance in patients with oral lichen planus.Oral surgery, oral medicine, and oral pathology, 63(4), 429–432.Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/3472142/. doi:10.1016/0030-4220(87)90254-4

Hirota, S. K. (2007). Líquen plano: etiopatogenia (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo-USP, São Paulo, SP, Brasil. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23139/tde-11042008-124535/publico/SilvioKenjiHirota.pdf

Huber M. A. (2004).Oral lichen planus.Quintessence international (Berlin, Germany: 1985), 35(9), 731–752.Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15470998/

Kurago, Z. B. (2016). Etiology and pathogenesis of oral lichen planus: an overview. Oral surgery, oral medicine, oral pathology and oral radiology, 122(1), 72–80.Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27260276/.doi: 10.1016 / j.oooo.2016.03.011

Lundqvist, E. N., Wahlin, Y. B., Bergdahl, M., &Bergdahl, J. (2006). Psychological health in patients with genital and oral erosive lichen planus.Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology: JEADV, 20(6), 661–666. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16836492/. doi:10.1111/j.1468-3083.2006.01559.x

Medwar, C. V., & Matheus, M. E. (2012). Antidepressivos Tricíclicos e Gabapentinóides: uma análise do perfil farmacológico no tratamento da dor neuropática. Revista Brasileira de Fármacia, 93, 290-297. Recuperado de https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&pid=S1981-8637201600040044700013&lng=en

Mezzari, R., Iser, B. P. M. (2015). Desafios na prescrição de benzodiazepínicos em unidades básicas de saúde. Revista da Associação Médica do Rio Grande do Sul, 59(3), 198-203. Recuperado de http://www.amrigs.org.br/revista/59-03/07_1507_Revista%20AMRIGS.pdf.

Navas-Alfaro, S. E., Fonseca, E. C., Guzmán-Silva, M. A., &Rochael, M. C. (2003). Análise histopatológica comparativa entre líquen plano oral e cutâneo. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, 39(4), 351-360. Recuperado de https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442003000400013. doi:10.1590/S1676-24442003000400013

Pereira A.S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [e-book]. Santa Maria. Ed. UAB/NTE/UFSM. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/15824/Lic_Computacao_Metodologia-Pesquisa-Cientifica.pdf?sequence=1

Pokupec, J. S., Gruden, V., &Gruden, V., Jr (2009). Lichen ruberplanus as a psychiatric problem. PsychiatriaDanubina, 21(4), 514–516. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19935485/

Riga-Neto, A. A., Andrade, C. R., Navarro, C. M., Onofre, M. A., &Massucato, E. M. S. (2013). Líquen plano e relação liquenóide: uma discussão diagnóstica. Revista de Odontologia da UNESP, 42, 1807-2577. Recuperado de https://www.revodontolunesp.com.br/article/5880197b7f8c9d0a098b518c.

Robledo-Sierra, J.,& van der Waal, I. (2018). How general dentists could manage a patient with oral lichen planus. Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal, 23(2), e198–e202. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29476684/.

Schenkel, J. S., Lübbers, H. T., Rostetter, C., & Metzler, P. (2017).Traitementmédicamenteux du lichen plan buccal.Swiss dental journal, 127(6), 538–539.Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28639683/.

Silva, A. B. B. (2011) Mentes ansiosas: medo e ansiedade além dos limites. Rio de Janeiro: Objetiva.

Silverman, S., Jr, Gorsky, M., & Lozada-Nur, F. (1985). A prospective follow-up study of 570 patients with oral lichen planus: persistence, remission, and malignant association. Oral surgery, oral medicine, and oral pathology, 60(1), 30–34. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/3862010/. doi:10.1016/0030-4220(85)90210-5

Souza, F. A. C. G., & Rosa, L. E. B. (2005). Perfil epidemiológico dos casos de líquen plano oral pertencentes aos arquivos da disciplina de patologia bucal da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP. Ciência Odontológica Brasileira, 8(4), 96-100. Recuperado de https://ojs.ict.unesp.br/index.php/cob/article/view/404. doi:10.14295/bds.2005.v8i4.404

Sugerman, P. B., Savage, N. W., Walsh, L. G., Zhao, Z. Z., Zhou, X. J., Khan, A. et al. (2002). The pathogenesis of oral lichen planus. Crit Ver Oral Biol, 13(4), 350-65.

Vallejo, M. J.,Huerta, G., Cerero, R., & Seoane, J. M. (2001). Anxiety and depression as risk factors for oral lichen planus.Dermatology (Basel, Switzerland), 203(4), 303–307. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11752817/. doi:10.1159/000051777

Van der Meij, E. H., & van der Waal, I. (2003).Lack of clinicopathologic correlation in the diagnosis of oral lichen planus based on the presently available diagnostic criteria and suggestions for modifications.Journal of oral pathology &medicine : official publication of the International Association of Oral Pathologists and the American Academy of Oral Pathology, 32(9), 507–512. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12969224/.doi:10.1034/j.1600-0714.2003.00125.x

Vilanova, L. S. R., Danielli, J. Pedroso, L., & Silva, M. A. G. S. (2012). Perfil epidemiológico de portadores de líquen plano oral atendidos no centro Goiano de doenças da boca (CGDB) - 12 anos de experiência. Revista Odontologica do Brasil Central, 21(59), 526-529. Recuperado de https://www.robrac.org.br/seer/index.php/ROBRAC/article/view/680/656

Volkweis, M. R., Blois, M. C., & Zanin, R. F. (2015). Estudo retrospectivo de líquen plano bucal em um centro de especialidades odontológicas. Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, 15(2), 15-20. Recuperado de https://www.revistacirurgiabmf.com/2015/2/02-EstudoretrospectivodeLiquen.pdf

Tomaz, A. J., Willian, P. J., Quinto, J. H. S., Veltrini, V. C., Iwaki, L. C. V., & Tolentino, E. S. (2015). Potencial de Transformación Maligna delLiquen Plano Oral: Estudio Retrospectivo. Internationaljournalofodontostomatology, 9(3), 511-517. Recuperado de https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-381X2015000300025 doi:10.4067/S0718-381X2015000300025

Thornhill, M. H., Sankar, V., Xu, X. J., Barrett, A. W., High, A. S., Odell, E. W., Speight, P. M., & Farthing, P. M. (2006). The role of histopathological characteristics in distinguishing amalgam-associated oral lichenoid reactions and oral lichen planus.Journal of oral pathology & medicine: official publication of the International Association of Oral Pathologists and the American Academy of Oral Pathology, 35(4), 233–240. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16519771/. doi:10.1111/j.1600-0714.2006.00406.x

Werneck, J. T., Miranda, F. B., & Silva, J. A. (2016). A. Desafios na distinção de lesões de Líquen Plano Oral e Reação Liquenóide. Revista Brasileira de Odontologia, 73(3), 247-52. Recuperado de http://www.revista.aborj.org.br/index.php/rbo/article/view/770. doi: 10.18363/rbo.v73n3.p.247

Downloads

Publicado

21/03/2021

Como Citar

VASCO, I. F. de M. .; MALTA, S. S. O. .; OLIVEIRA, C. V. R. L. de; MOTA, K. R. .; SILVA, I. C. F. da; SANTOS, L. C. O. dos. Líquen plano oral associado a fatores psicogênicos: Relato de caso. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 3, p. e43010313178, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i3.13178. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/13178. Acesso em: 29 set. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde