Segurança e soberania alimentar indígena no extremo Norte do Amapá – Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i5.14465Palavras-chave:
Agrobiodiversidade; Uaçá; Meio ambiente.Resumo
Os povos indígenas que habitam a Terra Indígena Uaçá, no extremo norte do estado do Amapá desenvolveram uma rede de relações complexas entre seres visíveis e invisíveis que operam para existência de um modo de vida integrado ao meio ambiente. Os Galibi-Marworno, Karipuna e Palikur-Arukwayene conseguem viver dentro da Terra Indígena Uaçá com as condições que ela lhes oferece, cultivando e manejando uma alta diversidade de espécies animais e vegetais, lançando mão de distintas práticas, distintos conhecimentos, em contínua transformação, um eterno recomeço de vida, o que vem garantindo a segurança e soberania alimentar. O artigo contempla um dos resultados da minha pesquisa de Doutorado que teve como objetivo principal compreender a importância do cultivo e manejo da agrobiodiversidade para segurança e soberania alimentar na Terra Indígena Uaçá. Adotei o Estudo de Caso como método de abordagem da pesquisa e técnicas interdisciplinares para levantamento das evidências de campo como, listagem livre, rodas de conversa, relatos orais, observação direta, observação participante e entrevistas semiestruturadas.
Referências
Adams, C., Murrieta, R. S. & Sanchez, R. A. (2005). Agricultura e Alimentação em Populações Ribeirinhas das Várzeas do Amazonas: Novas Perspectivas. Ambiente & Sociedade. 8 (1), 1-23.
Allem, A. C. (2002). The origins and taxonomy of cassava. In: Hillocks, R.J.; Thresh, J.M.; Bellotti, A.C. (Eds). Cassava: biology, production and utilization. CAB International, 1-16. http://ciat-library.ciat.cgiar.org/Articulos_CIAT/cabi_04ch1.pdf.
Altieri, M. A. & Nicholls, C. I. (2016). Agroecología y Soberanía Alimentaria en América Latina. In: BEZERRA, I. & PEREZ-CASSARINO, J. (Orgs.) Soberania Alimentar (SOBAL) e Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) na América Latina e Caribe. Paraná: Editora UFPR.https://www.researchgate.net/publication/322643794_Soberania_Alimentar_SOBAL_e_Seguranca_Alimentar_e_Nutricional_SAN_na_America_Latina_e_Caribe.
Associação dos povos indígenas do Oiapoque. (2009). Plano de vida dos índios e organizações indígenas do Oiapoque. Oiapoque: APIO, 45p.
Bardin, L. (2006). Análise de conteúdo. Rego, L. de A. & Pinheiro, A. (Trads.), Lisboa: Edições 70.
Barros, L. P., Mazurek, R. R. de S., Balieiro, C. P. P., Amora, P. B. C. & Sztutman, M. (2013). Etnomapeamento como instrumento de apoio à classificação da tipologia florestal nas Terras indígenas Uaçá, Juminã e Galibi, no estado do Amapá. In: Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBRS, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, p. 3191-3198.
Batista, R. E. C. (2020). Keka-Imawrí: narrativas e códigos da Guerra do fim do mundo.1. ed. Belo Horizonte: CMFL; Belém: Folheando, 252 p.
Becker, B. K. (2005). Amazônia: Desenvolvimento e Soberania. In: Brasil: o estado de uma nação. Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA). https://www.repositorio.ipea.gov.br.
Burity, V., Franceschini, T., Valente, F., Recine, E., Leão, M. & Carvalho, M. de F. (2010). Direito Humano à Alimentação Adequada no Contexto da Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília, DF: ABRANDH, 204p.
Chernela, J. M. (1989). Managing Rivers of Hunger: The Tukano of Brazil. In: Advances in Economic Botany, 7, 238-248, 1989. https://www.jstor.org/stable/43927555.
Dácio, A. I. C. (2017). Segurança Alimentar e Conservação nos Agroecossistemas no Alto Solimões. 163p. Tese de Doutorado, Programa de Pós Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas.
Diegues, A. C. (2008). O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: NUPAUB - Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações humanas e Áreas Úmidas Brasileiras – USP/Hucitec.
Distrito Sanitário Especial Indígena do Amapá e Norte do Pará. (2019). População DSEI Amapá e norte do Pará. [arquivo institucional]. Oiapoque.
Dufour, D. L., Piperata, B. A., Murrieta, R. S., Wilson, W. M. & WILLIAMS, D. D. (2016). Amazonian foods and implications for human biology. In: Annals of Human Biology, 43:4, 330-348. DOI: 10.1080/03014460.2016.1196245.
Eloy, L. (2009). Diversidade alimentar e urbanização: o papel das migrações circulares indígenas no Noroeste Amazônico. In: Anthropology of food. https://doi.org/10.4000/aof.6444.
Felício, N. B. & Orlando, D. L. (2016). As mudanças nos hábitos alimentares do povo Palikur com a introdução dos alimentos industrializados na Aldeia Kumenê. 44p.Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, Licenciatura Intercultural Indígena, Universidade Federal do Amapá, Campus Oiapoque – AP.
Food and Agriculture Organization of The United Nations, Roma. (2004). Whats is Agrobiodiversity, 2004. https://www.fao.org/3/y5609e/y5609e01.htm#bm1.
Food and Agriculture Organization of The United Nations, Roma. (2018). Agrobiodiversity: A training manual for farmer groups in East Africa. https://www.fao.org/3/i9307en/I9307EN.pdf .
Fraxe, T. de J. P. (2011). Homens anfíbios: etnografia de um campesinato das águas. 2. ed. São Paulo: Annablume; Brasília: CNPq.
Garnelo, L. & Welsh, J. R. (2009). Transição alimentar e diversidade cultural: desafios à política de saúde indígena no Brasil. Rio de Janeiro: Cad. Saúde Pública, 25(9): 1872-1873. https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/1882/1/Editorial.pdf.
Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6a ed. São Paulo: Atlas.
Grenn, L. & Green, D. (2010). The Rain Stars, the World’s River, the Horizon and the Sun’s Path: Astronomy along the Rio Urucauá, Amapá, Brazil. In: Tipití - Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America: Vol. 8: Iss. 2, Article 3, 2010.
Gruber, K. (2017). The living library: wild and heirloom plants are giving major crop varieties, and global food system, a genetic makeover. Nature. 544, S8-S10. https://www.nature.com/articles/544S8a.
Hoyos, C. J. C. & D'agostini, A. (2017). Segurança Alimentar e Soberania Alimentar: convergências e divergências. Revista Nera. 20 (34), 174-198.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2020). Cidades. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ap/oiapoque/panorama.
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (2018). Atlas dos Manguezais do Brasil. Brasília:DF. https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/manguezais/atlas_dos_manguezais_do_brasil.pdf.
Instituto de Pesquisa e Formação Indígena. (2009). Turé dos povos indígenas do Oiapoque. Andrade, U.M. (org.). Rio de Janeiro, São Paulo: Museu do Índio, Iepé.
Instituto Socioambiental. (2020). Ciclos anuais dos povos indígenas do Rio Tiquié. São Paulo: SP. https://ciclostiquie.socioambiental.org/pt/index.html.
Itamaraty (2020). Primeira Comissão Brasileira Demarcadora de Limites. http://pcdl.itamaraty.gov.br/pt-br/.
Johansen, A., Ronnet, T., Bizzarro, M.; Schiller, M., Lambrechts, M., Nordlund, A., & Lammer, H. (2021). A pebble accretion model for the formation of the terrestrial planets in the solar system. In: Science Advances: 7 (8). DOI:10.1126/sciadv.abc0444.
Labontê, G. dos S. (2018). Pewru-Ahavwukune: a incorporação do Canis familiaris na sociedade Palikur-Arukwayene. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, Licenciatura Intercultural Indígena, Universidade Federal do Amapá, Campus Oiapoque – AP.
Leite, M. S. (2007a). Sociodiversidade, Alimentação e nutrição Indígena. In: BARROS, D. C.; SILVA, D. O. & GUGELMIN, S. Â. (orgs.) Vigilância alimentar e nutricional para a saúde Indígena. Rio de Janeiro: editora Fiocruz, Cap 7, 181-210.
Leite, M. S. (2007b). Transformação e Persistência: antropologia da alimentação e nutrição em uma sociedade indígena amazônica. Rio de Janeiro: editora Fiocruz, 239p.
Maluf, R. S. (2011). Segurança Alimentar e Nutricional. Petrópolis: Vozes, 174p.
Montagnac, J. A., Davis, C. R. & Tanumihardjo, S. A. (2009). Nutritional value of cassava for use as a staple food and recent advances for improvement. Compr Rev Food Sci. 8:181–194.
Morin, E. Ciência com consciência. 2 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
Morin, E. O método 1. A natureza da Natureza. Trad. Ilana Heineberg, Porto alegre: Sulina 2013, 3.ed.
Murrieta. R. S., Bakri, M. S., Adams, C., Oliveira, P. S. de S. & Strumpf, R. (2008). Consumo alimentar e ecologia de populações ribeirinhas em dois ecossistemas amazônicos: um estudo comparativo. Rev. Nutr., Campinas. 21(Suplemento):123s-133s.
Musolino, A. A. N. (2006). Migração, identidade e cidadania Palikur na fronteira do Oiapoque e litoral sudeste da Guiana Francesa. 187p.Tese de Doutorado, Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas – CEPPAC, Universidade de Brasília, DF.
Noda, S. N., Noda, H. & Silva, A. I. C. da. (2013). Socioeconomia das unidades de agricultura familiar no Alto Solimões: formas de produção e governança ambiental. In: Noda, H.; Noda, S. N.; Laques, A. E. & Lena, P. (Orgs.) Dinâmicas socioambientais na agricultura familiar na Amazônia. Manaus: Wega, 1ed., 1, 53-74.
Nunes, E. M. (2016). A Contagem do tempo dos Galibi-Marworno na Aldeia Kumarumã. 25p. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, Licenciatura Intercultural Indígena, Universidade Federal do Amapá, Campus Oiapoque – AP.
Oliveira, J. C. de. (2006). Classificações em cena: algumas formas de classificação das plantas cultivadas pelos Wajãpi do Amapari (AP). 273p. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, Departamento de Antropologia – SP.
Oliveira filho, K. de S. & Saraiva, M. de F. O. (2004). Astronomia e astrofísica, 2 ed. São Paulo: Livraria da Física.
Olsen, K. M. & Schaal, B. A. (1999). Evidence on the origin of Cassava: Phylogeography of Manihot esculenta. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 96: 5586-5591. https://www.pnas.org/content/pnas/96/10/5586.full.pdf.
Oviedo, A., Araújo, E. N. O., Batista, J. de P. & Santos, T. M. dos. (2020). Relatório Técnico sobre o risco iminente de contaminação de populações indígenas pelo novo coronavírus em razão da ação de invasores ilegais, ISA. https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/prov96.pdf.
Pereira, A. A. (2011). Dinâmica evolutiva de mandioca (Manihot esculenta Crantz) em três tipos de solo manejados por caboclos na Região do Médio rio Madeira, Amazonas. 89 p. Dissertação (Mestrado em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva) - Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia, INPA, Manaus – AM.
Pesquisadores indígenas do museu kuahí, Laval, P. & Vidal, L. (2018). Peixes e pesca: Conhecimentos e Práticas entre os Povos Indígenas do Baixo Oiapoque, Amapá. São Paulo: Iepé.
Posey, D. A. (1986). Introdução. In: D. Ribeiro (ed.). Suma etnológica brasileira. Vol 1: Etnobiologia (Coord. B.G.Ribeiro). Rio de Janeiro: Editora Vozes, Finep.
Salgado, C. A. B. (2007). Segurança alimentar e nutricional em terras indígenas. Revista de Estudos e Pesquisas, FUNAI, Brasília, v.4, n.1, p.131-186. http://cpu007782.ba.gov.br/sites/default/files/biblioteca/direitos-humanos/populacao-indigena/artigos_teses_dissertacoes/04-carlos_antonio_bezerra_salgado-seguranca_alimentar_e_nutricional_em_terras_indigenas.pdf.
Santos, D. F. dos. (2015). Núcleo Museológico Virtual da Aldeia Kumarumã: Instrumento de Resistencia Sócio-Cultural. 57p.Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, Licenciatura Intercultural Indígena, Universidade Federal do Amapá, Campus Oiapoque – AP.
Santos, R. V., Coimbra jr., C. E.A. & CARDOSO, A. M. (2007). Povos indígenas no Brasil. In: Barros, D. C.; Silva, D. O. & Gugelmin, S. A. (orgs.) Vigilância alimentar e nutricional para a saúde Indígena. Rio de Janeiro: editora Fiocruz, Cap 1, 23-45.
Silva, C. A. da (2020). Sustentabilidade na Amazônia Pré-colombiana. Canal science talk no youtube. https://www.youtube.com/watch?v=eb_scpdc6mq.
Schroeder, H. et al. (2017). Origins and genetics legacies of the Caribbean Taino. PNAS Latest Articles, 1-6. https://www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas1716839115.
Silva, M. A. da. (2020). Galibi Marworno, Palikur, Galibi Kaliña E Karipuna: Demarcando Territórios e territorializações - Oiapoque/AP - Amazônia. 420p.Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus Araraquara – SP.
Suremain, C. E. de & Katz, E. Introdução: Modelos alimentares e recomposições sociais na América Latina. 2009. Anthropology of food. https:// https://doi.org/10.4000/aof.6433.
The Language Archive (2019). Elan. https://tla.mpi.nl/tools/tla- tools/elan/.
Toledo, V.M. (1992). What is ethnoecology? Origins, scope and implications of a rising discipline. Etnoecológica 1 (1): 5-21.
Valente, F., González, J. C. M., Franceschini, T. & Burity, V. (2016). Direito Humano à Alimentação e Nutrição adequadas. In: Bezerra, I. & Perez-Cassarino, J. (Orgs.) Soberania Alimentar (SOBAL) e Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) na América Latina e Caribe. Paraná: Editora UFPR, 2016. https://www.researchgate.net/publication/322643794_Soberania_Alimentar_SOBAL_e_Seguranca_Alimentar_e_Nutricional_SAN_na_America_Latina_e_Caribe.
Viveiros de castro, E. (2002). Imagens da natureza e da cultura. In: A Inconstância da Alma Selvagem. Casc & Naify, p. 317-344.
Yin, R. K. (2015). Estudo de caso: planejamento e métodos. 5 ed. Porto Alegre: Bookman.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Claudiane de Menezes Ramos; Hiroshi Noda; Ayrton Luiz Urizzi Martins
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
