Avaliação do consumo de proteínas e lipídios por homens jovens praticantes de musculação com tendência à dismorfia muscular
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i5.14501Palavras-chave:
Transtorno dismórfico corporal; Dismorfia muscular; Complexo de Adônis; Vigorexia; Consumo alimentar.Resumo
A dismorfia muscular (DM), também denominada de vigorexia ou Complexo de Adônis, é uma forma de transtorno dismórfico corporal que acomete principalmente homens adolescentes e jovens que creem que sua estrutura corporal seja muito pequena e insuficientemente musculosa. O objetivo deste trabalho foi identificar, entre praticantes de musculação matriculados em duas academias de ginástica da região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, homens jovens com tendência à DM, e avaliar seu consumo diário de proteínas e lipídios. A amostra foi composta de 30 homens de 18 a 45 anos, praticantes de musculação há pelo menos um ano, com frequência mínima de três vezes na semana. Para identificar quais participantes possuíam tendência à DM, foi aplicado o Questionário do Complexo de Adônis. A avaliação do consumo alimentar foi feita mediante a aplicação de recordatório alimentar de 24 horas, no qual foram incluídos os suplementos alimentares ingeridos pelos entrevistados. 63,3% dos participantes apresentaram tendência branda a moderada à DM e 6,7% demonstraram tendência elevada. No que tange ao padrão dietético, 76,2% dos entrevistados com tendência à DM consumiam dietas hiperproteicas e 85,7%, dietas hipolipídicas. Em relação ao consumo de suplementos alimentares, 71,4% dos participantes com tendência ao transtorno faziam uso dessas substâncias, dos quais 46,7% não tinham acompanhamento nutricional. Reforçou-se a importância de os nutricionistas possuírem conhecimento sobre DM para identificar precocemente a tendência de seus pacientes a desenvolverem o transtorno, podendo definir os melhores métodos de abordagem terapêutica nutricional.
Referências
Alencar, A. S., Nascimento, L., Soares, C. F., Beserra, M., & Brito, N. L. (2020). Vigorexy: A danger in the search of the ideal body. The International Journal of Social Psychiatry, 20764020927045.
American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 (M. I. C. Nascimento et al., Trad., A. V. Cordioli et al., Rev. técnica). Artmed. (Trabalho original publicado em 2013)
Assunção, S. S. M. (2002). Dismorfia muscular. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(3), 80-84.
Azevedo, A. M. P., Ferreira, A. C. D., Silva, P. P. C., Silva, E. A. P. C., & Caminha, I. O. (2011). Dismorfia muscular: Características alimentares e da suplementação nutricional. Revista ConScientiae Saúde, 10(1), 129-137.
Azevedo, A. P., Ferreira, A. C., Silva, P. P., Caminha, I. O., & Freitas, C. M. (2012). Dismorfia muscular: A busca pelo corpo hipermusculoso. Motricidade, 8(1), 53-66.
Bégin, C., Turcotte, O., & Rodrigue, C. (2019). Psychosocial factors underlying symptoms of muscle dysmorphia in a non-clinical sample of men. Psychiatry Research, 272, 319-325.
Bonfim, G. W., Nascimento, I. P. C., & Borges, N. B. (2016). Transtorno dismórfico corporal: Revisão da literatura. Contextos Clínicos, 9(2), 240-252.
Camargo, T. P. P., Costa, S. P. V., Uzunian, L. G., & Viebig, R. F. (2008). Vigorexia: Revisão dos aspectos atuais deste distúrbio de imagem corporal. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, 2(1), 1-15.
Cerea, S., Bottesi, G., Pacelli, Q. F., Paoli, A., & Ghisi, M. (2018). Muscle dysmorphia and its associated psychological features in three groups of recreational athletes. Scientific Reports, 8(1), 1-8.
Chotao, S. L. (2011). A incidência de vigorexia em alunos de musculação de academias de Curitiba – PR [Monografia, Universidade Tuiuti do Paraná].
Chung, B. (2001). Muscle dysmorphia: A critical review of the proposed criteria. Perspectives in Biology and Medicine, 44(4), 565-574.
Cohane, G. H., & Pope Junior, H. G. (2001). Body image in boys: A review of the literature. International Journal of Eating Disorders, 29(4), 373-379.
Contesini, N., Adami, F., Blake, M. T., Monteiro, C. B. M., Abreu, L. C., Valenti, V. E., Almeida, F. S., Luciano, A. P., Cardoso, M. A., Benedet, J., Vasconcelos, F. A. G., Leone, C., & Frainer, D. E. S. (2013). Nutritional strategies of physically active subjects with muscle dysmorphia. International Archives of Medicine, 6(25), 1-6.
Fernandes Filho, A. (2010). Breve histórico da beleza masculina. Moda Palavra, 3(6), 59-79.
Ferreira, M. E. C., Castro, A. P. A., & Gomes, G. A. (2005). Obsessão masculina pelo corpo: Malhado, forte e sarado. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 27(1), 167-182.
Floriano, J. M., & D’Almeida, K. S. (2016). Prevalência de transtorno dismórfico muscular em homens adultos residentes na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 10(58), 448-457.
Gomes, R. L., Gonzaga, J. L. D., Guedes, A. R. L. A., Gomes, C. L., Machado, A. A. N., Ceccatto, V. M., & Soares, P. M. (2013). Correlação entre o Questionário do Complexo de Adônis (QCA) com fatores do Questionário de Dependência ao Exercício Físico (QDEF) em praticantes de musculação na cidade de Fortaleza - CE. Coleção Pesquisa em Educação Física, 12(4), 93-100.
Grieve, F. G. (2007). A conceptual model of factors contributing to the development of muscle dysmorphia. Eating Disorders, 15(1), 63-80.
Hernandez, A. J., & Nahas, R. M. (2009). Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: Comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 15(3), 3-12.
Jornal Estado de Minas. (2019). Por que as academias de ginástica estão malhando também? https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2019/08/18/internas_economia,1078035/porque-as-academias-de-ginastica-estao-malhando-tambem.shtml.
Kalantar-Zadeh, K., Kramer, H. M., & Fouque, D. (2020). High-protein diet is bad for kidney health: Unleashing the taboo. Nephrology Dialysis Transplantation, 35(1), 1-4.
Kotona, E. A. W., Oliveira, F. B., Silva, L. A., Salvador, A. A., Rossetti, F. X., Tamasia, G. A., Vicentini, M. S., & Bello, S. R. B. (2018). Vigorexia e suas correlações nutricionais. Research, Society and Development, 7(1), 1-11.
Latterza, A. R., Dunker, K. L. L., Scagliusi, F. B., & Kemen, E. (2004). Tratamento nutricional dos transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica, 31(4), 173-176.
Morton, R. W., Murphy, K. T., McKellar, S. R., Schoenfeld, B. J., Henselmans, M., Helms, E., Aragon, A. A., Devries, M. C., Banfield, L., Krieger, J. W., & Phillips, S. M. (2018). A systematic review, meta-analysis and metaregression of the effect of protein supplementation on resistance training-induced gains in muscle mass and strength in healthy adults. British Journal of Sports Medicine, Vol. 52, 376–384.
Motter, A. G., Bellini, M., & Almeida, S. (2017). Incidência de vigorexia em praticantes de musculação. Do Corpo: Ciências e Artes, 7(1), 117-127.
Olivardia, R. (2001). Mirror, mirror on the wall, who's the largest of them all?: The features and phenomenology of muscle dysmorphia. Harvard Review of Psychiatry, 9(5), 254-259.
Oliveira, A. F., Fatel, E. C. S., Soares, B. M., & Círico, D. (2009). Avaliação nutricional de praticantes de musculação com objetivo de hipertrofia muscular do município de Cascavel - PR. Colloquium Vitae, 1(1), 44-52.
Oliveira, F. S. S. C., & Mastrascusa, C. L. (2019). Vigorexia em praticantes masculinos do treinamento de força entre 18-35 anos. Revista Ciência em Movimento, 21(42), 3-15.
Paula, B. B., Sarrassini, F. B., Tonello, M. G. M., Neiva, C. M., & Manochio, M. G. (2014). Avaliação do consumo alimentar e percepção da imagem corporal de culturistas. Lecturas Educación Física y Deportes, 19(193), 1-9.
Pereira, I. A. T. S. (2009). A vigorexia e os esteroides anabolizantes androgênios em levantadores de peso [Monografia, Universidade do Porto].
Pope Junior, H. G., Gruber, A. J., Choi, P., Olivardia, R., & Phillips, K. A. (1997). Muscle dysmorphia: An underrecognized form of body dysmorphic disorder. Psychosomatics, 38(6), 548-557.
Pope Junior, H. G., Katz, D. L., & Hudson, J. I. (1993). Anorexia nervosa and “reverse anorexia” among 108 male bodybuilders. Comprehensive Psychiatry, 34(6), 406-409.
Pope Junior, H. G., Phillips, K. A., & Olivardia, R. (2000). Você tem o Complexo de Adônis? Dois testes e seus espantosos resultados. In H. G. Pope Junior, K. A. Phillips, & R. Olivardia, O Complexo de Adônis: A obsessão masculina pelo corpo (S. Teixeira, Trad., pp. 88-110). Campus. (Trabalho original publicado em 2000)
Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. (2013). Dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Conselho Nacional de Saúde.
Segura, A. M., Castell, E. C., Baeza, M. M. R., & Guillén, V. F. G. (2015). Valoración de la dieta de usuarios de sala de musculación con dismorfia muscular (vigorexia). Nutricion Hospitalaria, 32(1), 324-329.
Severo, P. R. F., Borges, V. S., Moraes, M. F. L., Magalhães, G. A., Lemos, E. J., David, L. M. M., Losekann, A., & Silva, J. L. B. (2018). Dieta hiperproteica e função renal: Discutindo seus efeitos em adultos normais. Acta Medica - Ligas acadêmicas, 39(1), 247-257.
Silveira, D. T., & Córdova, F. P. (2009). A pesquisa científica. In T. E. Gerhardt, & D. T. Silveira (Org.), Métodos de pesquisa (pp. 31-42). Editora da UFRGS.
Soler, P. T., Fernandes, H. M., Damasceno, V. O., & Novaes, J. S. (2013). Vigorexia e níveis de dependência de exercício em frequentadores de academias e fisiculturistas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 19(5), 343-348.
Sperandio, B. B., Silva, L. D. S., Domingues, S. F., Ferreira, E. F., & Oliveira, R. A. R. (2017). Consumo de recursos ergogênicos e suplementos alimentares por homens nas academias de musculação em Ubá - MG. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 11(63), 375-382.
Trog, S. D., & Teixeira, E. (2009). Uso de suplementação alimentar com proteínas e aminoácidos por praticantes de musculação do município de Irati - PR. Cinergis, 10(1), 43-53.
Velozo, D. L. F. G., Reis, M. A. I., Landim, L. M., & Silva, T. D. R. (2020). Vigorexia: Dismorfia corporal. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, 5(10), 72-82.
White, E. K., Mooney, J., & Warren, C. S. (2019). Ethnicity, eating pathology, drive for muscularity, and muscle dysmorphia in college men: A descriptive study. Eating Disorders, 27(2), 137-151.
Zimmermann, F. (2013). Indícios de vigorexia em adultos jovens praticantes de musculação em academias de Biguaçu - SC [Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de Santa Catarina].
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Rafael Rocha Néri; Nicolly Sulz de Oliveira Soares Mendes; Ana Luiza Magalhães Silva; Telma Teixeira Pereira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.