Automutilação e tentativa de suicídio em mulheres encarceradas: prevalência e fatores de risco
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i7.15788Palavras-chave:
Automutilação; automutilação, tentativa de suicídio, mulheres, prisão, saúde mental; Tentativa de suicídio; Mulheres; Prisão; Saúde mental.Resumo
Objetivo: Avaliar a prevalência e os fatores de risco para automutilação e tentativa de suicídio na prisão em uma amostra composta por 186 presidiárias. Métodos: Foram coletados dados sociodemográficos, medidas de depressão, comportamento autodestrutivo, tentativa de suicídio e outras questões específicas relacionadas à realidade do ambiente prisional. Resultados: Automutilação e tentativa de suicídio antes do encarceramento foram relatados por 11,3% e 35,5% da amostra, respectivamente. Durante o aprisionamento, observou-se uma prevalência de 29% e 18,8% de automutilação e tentativa de suicídio, respectivamente. A regressão logística binária múltipla identificou os seguintes fatores de risco para automutilação: idade <32 anos, sintomas depressivos, história de tortura no momento da prisão, agressão na prisão e infecção sexualmente transmissível. Por outro lado, os fatores de risco para tentativa de suicídio foram sintomas depressivos, história de automutilação, agressão na prisão e infecção sexualmente transmissível. Conclusão: Este estudo confirmou a alta prevalência de lesões autoprovocadas e tentativas de suicídio em presidiárias. São necessários instrumentos de triagem específicos e a implementação de políticas públicas voltadas para avaliação e cuidados em saúde mental para pessoas encarceradas no Brasil.
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