Influência do treinamento de Karate-Dō na cognição de idosos com Transtorno Neurocognitivo Leve: Ensaio clínico aberto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i8.17100

Palavras-chave:

Envelhecimento; Artes Marciais; Karate; Cognição; Ensaio clínico.

Resumo

Artes marciais são consideradas formas de exercício completas e podem contribuir para estimular habilidades motoras e cognitivas. O objetivo deste trabalho foi verificar a eficácia do treinamento de Karate-Dō, estilo Wadō-ryū, na cognição de idosos diagnosticados com transtorno neurocognitivo leve. Realizou-se, portanto, um ensaio clínico com oito idosos, que responderam a uma bateria de testes cognitivos. A análise dos dados foi realizada com estatísticas descritivas e inferenciais. Identificou-se que no período pós-intervenção o grupo obteve pontuação significativamente maior nas tarefas de Dígitos – ordem indireta (p = 0,023), RAVLT A1 a A5 (p = 0,018) e Reconhecimento (p = 0,011), WCST – Respostas de nível conceitual (p = 0,020) e Categorias completas (p = ,034), Figura Complexa de Rey – Evocação (p = 0,027) e AMV ordem direta (p = 0,017) e indireta (p = 0,033). Na etapa pré intervenção, o grupo apresentou maior tempo na realização da tarefa TMT-B, havendo redução significativa (p = 0,012) neste tempo após o período de treinamento, indicando uma melhora na habilidade de atenção alternada. Os resultados sugerem que a prática de três meses de Karate-Dō, estilo Wadō-ryū, está relacionada a uma melhora significativa da cognição nos aspectos de memória visual, atenção, atenção alternada, memória de trabalho, memória verbal episódica e funções executivas.

Biografia do Autor

Brandel José Pacheco Lopes Filho, Universidade do Estado de Minas Gerais

Professor de Ensino Superior efetivo dos cursos de Educação Física (Licenciatura e Bacharelado) da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Presidente do Núcleo Docente Estruturante do curso de Educação Física (Bacharelado) da UEMG. Doutor em Gerontologia Biomédica na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre em Gerontologia Biomédica pela PUCRS. Bacharel em Educação Física pela Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEFID/UFRGS). Professor de Karate-Do estilo Wado-ryu. Coordenador do Grupo de Pesquisa em Atividade Física, Saúde e Envelhecimento (GPASE).

Camila Rosa de Oliveira, Faculdade Meridional IMED

Psicóloga pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mestre em Psicologia (ênfase em cognição humana) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Doutora em Gerontologia Biomédica pela PUCRS e Pós-Doutora em Psicologia pela PUCRS. Dentre os meses de Dezembro de 2014 e Março de 2015 realizou estágio de doutorado sanduíche pelo Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior da CAPES, na Universidade de Coimbra, Portugal. É professora do curso de Psicologia e coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia (PPGP) da Faculdade Meridional IMED. Coordenadora do grupo de pesquisa Núcleo de Investigação em Cognição, Emoção e Tecnologias em Neuropsicologia e Saúde (NICOGTEC). É membro do Grupo de Trabalho "Pesquisa em Avaliação Psicológica" da ANPEPP e afiliada ao Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP). É parecerista ad hoc do Sistema de Avaliação Psicológica (SATEPSI) do Conselho Federal do Psicologia. Atua nas áreas de avaliação psicológica e neuropsicológica, reabilitação neuropsicológica e realidade virtual, com enfoque em diferentes grupos clínicos e etapas do desenvolvimento. Possui cooperação de pesquisa com investigadores internacionais (Universidad Católica de Valencia San Vicente Mártir e Universidade de Coimbra) e nacionais (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Universidade Federal de Santa Maria).

Maria Gabriela Valle Gottlieb, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Graduação em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS (1999). Mestrado em Medicina e Ciências da Saúde pela PUCRS (2004). Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde pela PUCRS (2009). Consultora da UNESCO pelo Projeto RS Amigo do Idoso na Escola de Saúde Pública, RS (2009-2010).

Referências

Army Individual Test Battery. (1944). Manual of directions and scoring. War Department, Adjutant General´s Office.

Almeida, O. P. & Almeida, S. A. (1999). Confiabilidade da versão brasileira da Escala de Depressão em Geriatria (GDS) versão reduzida. Arquivos de Neuropsiquiatria, 57(2B), 421-426.

Antunes, H. K. M., Santos, R. F., Heredia, R. A. G., Bueno, O. F. A. & Mello, M. T. (2001). Alterações Cognitivas em Idosas Decorrentes do Exercício Físico Sistematizado. Revista da Sobama, 6(1), 27-33.

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Artmed.

Brown, C. L., Gibbons, L. E., Kennison, R. F., Robitaille, A., Lindwall, M., Mitchell, M. B., Shirk, S. D., Atri, A., Cimino, C. R., Benitez, A., Macdonald, S. W. S., Zelinski, E. M., Willis, S. L., Schaie, K. W., Johansson, B., Dixon, R. A., Mungas, D. M., Hofer, S. M. & Piccinin, A. M. (2012). Social activity and cognitive functioning over time: a coordinated analysis of four longitudinal studies. Journal of Aging Research, 12(0), Article ID 287438.

Burke, D. T., Al-Adawi, S., Lee, Y. T. & Audette, J. (2007). Martial Arts as Sport and Therapy. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, 47(1), 96-102.

Chang, J. Y., Tsai, P., Beck, C., Hagen, J., Huff, D. C., Anand, K. J. S., Roberson, P. K., Rosengren, K. & Beuscher, L. (2011). The Effect of Tai Chi on Cognition in Elders with Cognitive Impairment. MEDSURG Nursing, 20(2), 63-70.

Chaves, M. L. & Izquierdo, I. (1992). Differential diagnosis between dementia and depression: a study of efficiency increment. Acta Neurol Scand, 85(6), 378-382.

Conant, K. D., Morgan, A. K., Muzykewicz, D., Clark, D. C. & Thiele, E. A. (2008). A Karate Program for Improving Self-Concept and Quality of Life in Childhood Epilepsy: Results of a pilot study. Epilepsy & Behavior, 12(0) 61-65.

Cotman, C. W. & Engesser-Cesar, C. (2002). Exercise enhances and protects brain function. Exercise and Sport Sciences Reviews, 30(2), 75-79.

Crooks, V. C., Lubben, J., Petitti, D. B., Little, D. & Chiu, V. (2008). Social Network, Cognitive Function, and Dementia Incidence Among Elderly Women. American Journal of Public Health, 98(7), 1221-1227.

Cunha, J. A., Trentini, C. M., Argimon, I. L., Oliveira, M. S., Werlang, B. G. & Prieb, R. G. (2005). Teste Wisconsin de Classificação de Cartas: manual. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Diamond, A. & Lee, K. (2011). Interventions Shown to Aid Executive Function Development in Children 4 to 12 Years Old. Science, 333(6045), 959-964.

Eggermont, L., Swaab, D., Luiten, P. & Scherder, E. (2006). Exercise, Cognition and Alzheimer’s Disease: more is not necessarily better. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 30(4), 652-675.

Ertel, K. A., Glymour, M. M. & Berkman, L. F. (2008). Effects of Social Integration on Preserving Memory Function in a Nationally Representative US Elderly Population. American Journal of Public Health, 98(7), 1215-1220.

Etnier, J. L., Salazar, W., Landers, D. M., Petruzzello, S. J., Han, M. & Nowell, P. (1997). The influence of physical fitness and exercise upon cognitive functioning: a meta-analysis. Journal of Sport & Exercise Psychology, 19(0), 249-74.

Frederiksen, K. S., Verdelho, A., Madureira, S., Bäzner, H., O'Brien, J. T., Fazekas, F., Scheltens, P., Schmidt, R., Wallin, A., Wahlund, L. O., Erkinjunttii, T., Poggesi, A., Pantoni, L., Inzitari, D. & Waldemar, G. (2015). Physical activity in the elderly is associated with improved executive function and processing speed: the LADIS Study. International journal of geriatric psychiatry, 30(7), 744-750.

Funakoshi, G. (1973). Karate-Dō Kyōhan: The master text. Tóquio: Kodansha International.

Greenhalgh, T. (2005). Como Ler Artigos Científicos: Fundamentos da medicina baseada em evidências. Artmed.

Hillman, C. H., Pontifex, M. B., Castelli, D. M., Khan, N. A., Raine, L. B., Scudder, M. R., Drollette, E.S., Moore, R. D., Wu, C. T. & Kamijo, K. (2014). Effects of the FITKids randomized controlled trial on executive control and brain function. Pediatrics, 134(4), e1063-71.

Hochman, B., Nahas, F. X., Oliveira Filho, R. S. & Ferreira, L. M. (2005). Desenhos de pesquisa. Acta Cirúrgica Brasileira, 20(supl. 2), 2-9.

Jäger, K., Schmidt, M., Conzelmann, A. & Roebers, C. M. (2015). The effects of qualitatively different acute physical activity interventions in real-world settings on executive functions in preadolescent children. Mental Health and Physical Activity, 9(0), 1-9.

James, B. D., Wilson, R. S., Barnes, L. L. & Bennett, D. A. (2011). Late-life social activity and cognitive decline in old age. Journal of the International Neuropsychological Society, 17(6), 998-1105.

Jansen, P. & Dahmen-Zimmer, K. (2012). Effects of Cognitive, Motor, and Karate Training on Cognitive Functioning and Emotional Well-Being of Elderly People. Frontiers of Psychology, 3(40), 1-7.

Kasai, J. Y. T., Busse, A. L., Magaldi, R. M., Soci, M. A., Rosa, P. M., Curiati, J. A. E. & Jacob Filho, W. (2010). Effects of Tai Chi Chuan on cognition of elderly women with mild cognitive impairment. Einstein, 8(1), 40-45.

Kuiper, J. S., Zuidersma, M., Voshaar, R. C. O., Zuidema, S. U., Heuvel, E. R., STOLK, R. P. & Smidt, N. (2015). Social relationships and risk of dementia: A systematic review and meta-analysis of longitudinal cohort studies. Ageing Research Reviews, 22(0), 39–57.

La Rue, A. (2010). Healthy brain aging: Role of cognitive reserve, cognitive stimulation, and cognitive exercises. Clinics in Geriatric Medicine, 26(1), 99-111.

Lam, L. C. W., Chau, R. C. M., Wong, B. M. L., Fung, A. W. T., Lui, V. W. C., Tam, C. C. W., Leung, G. T. Y., Kwok, T. C. Y., Chiu, H. F. K., Ng, S. & Chan, W. M. (2011). Interim follow-up of a randomized controlled trial comparing Chinese style mind body (Tai Chi) and stretching exercises on cognitive function in subjects at risk of progressive cognitive decline. International journal of geriatric psychiatry, 26(0), 733-740.

Lima, A. L. S. (2014). Efeito do exercício físico sobre a cognição de idosos com comprometimento cognitivo leve. Monografia de Graduação em Fisioterapia, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande. PB, Brasil. Recuperado em português 01, junho, 2021, de https://cutt.ly/angQCUE.

Lima, R. F., Silva, V. F., Oliveira, G. L., Oliveira, T. A. P., Fernandes Filho, J., Mendonça, J. G. R., Borges, C. J.; Militão, A. G., Freire, I. Q. & Silva, J. R. V. (2017). Practicing karate may improves executive functions of 8-11-year-old schoolchildren. Journal of Physical Education and Sport,17 (4), 2513-2518.

Lopes Filho, B. J. P. (2015). Efeitos do Treinamento de Karate-Dō na Cognição de Idosos: Ensaio Clínico Randomizado e Controlado. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. RS, Brasil. https://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/7644.

Lopes Filho, B. J. P., Oliveira, C. R. & Gottlieb, M. G. V. (2019). Effects of Karate-Do Training in Older Adults Cognition: Randomized controlled trial. Journal of Physical Education, 30(1), e3030.

Malloy-Diniz, L. F., Lasmar, V. A. P., Gazinelli, L. S. R., Fuentes, D. & Salgado, J. V. (2007). The Rey Auditory-Verbal Learning Test: Applicability for the Brazilian elderly population. Revista Brasileira de Psiquiatria, 29(4), 324-329.

Man, D. W. K., Tsang, W. W. N. & Hui-Chan, C. W. Y. (2010). Do Older T’ai Chi Practitioners Have Better Attention and Memory Function? Journal of alternative and complementary medicine, 16(12), 1259–1264.

Nascimento, E. (2004). WAIS III - Escala de inteligência Wechsler para adultos. Casa do Psicólogo.

Nakayama, M. (2000a). O Melhor do Karatê: Visão Abrangente – Práticas. Cultrix.

Nakayama, M. (2000b). O Melhor do Karatê: Fundamentos. Cultrix.

Nakayama, M. (2000c). O Melhor do Karatê: Heian e Tekki. Cultrix.

Nakayama, M. (2000d). O Melhor do Karatê: Kumite 1. Cultrix.

Nguyen, M. H. & Kruse, A. (2012). A randomized controlled trial of Tai chi for balance, sleep quality and cognitive performance in elderly Vietnamese. Clinical interventions in aging, 7(0), 185-90.

Nitrini, R., Caramelli, P., Herrera Jr., E., Charchat-Fichman, H. & Porto, C.S. (2005). Performance in Luria’s Test According to Educational Level. Cognitive and Behavioral Neurology, 18(4), 211-214.

Noice, T., Noice, H. & Kramer, A. F. (2014). Participatory arts for older adults: a review of benefits and challenges. Gerontologist, 54(5), 741-753.

Northey, J. M., Cherbuin, N., Pumpa, K. L., Smee, D. J. & Rattray, B. (2018). Exercise interventions for cognitive function in adults older than 50: a systematic review with meta-analysis. British Journal of Sports Medicine, 52(3), 154–160.

Nucci, M., Mapelli, D., & Mondini, S. (2012). Cognitive Reserve Index questionnaire (CRIq): A new instrument for measuring cognitive reserve. Aging Clinical and Experimental Research, 24(3), 218-226.

Nunan, D. (2006). Development of a Sports Specific Aerobic Capacity Test for Karate: a Pilot Study. Journal of Sports Science & Medicine, 5(0), 47-53.

Oliveira, M. S. & Rigoni, M. S. (2010). Figuras Complexas de Rey. Casa do Psicólogo.

Proust-Lima, C., Amieva, H., Letenneur, L., Orgogozo, J., Jacqmingadda, H. & Dartigues, J. (2008). Gender and Education Impact on Brain Aging: A General Cognitive Factor Approach. Psychology and Aging, 23(3), 608-620.

Rami, L., Valls-Pedret, C., Bartrés-Faz, D., Caprile, C., Solé-Padullés, C., Castellvi, M., Olives, J., Bosch, B., & Molinuevo, J. L. (2011). Cognitive reserve questionnaire. Scores obtained in a healthy elderly population and in one with Alzheimer's disease. Revista de Neurología, 52(4), 195-201.

Rios, S. O., Marks, J., Estevan, I. & Barnett, L. M. (2017). Health benefits of hard martial arts in adults: a systematic review. Journal of Sports Sciences, 36(14), 1614-1622.

Salthouse, T. A. (2014). Frequent assessments may obscure cognitive decline. Psychological Assessment, 26(4), 1063-1069.

Schmidt, R.A. & LEE, T.D. (2013). Motor Learning and Performance: from principles to application. Human Kinetics Publisher.

Seeman, T. E., Miller-Martinez, D. M., Stein Merkin, S., Lachman, M. E., Tun, P. A. & Karlamangla, A. S. (2011). Histories of social engagement and adult cognition: Midlife in the U.S. study. The Journals of Gerontology Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, 66B (s1), 141–152.

Stern, Y. (2012). Cognitive reserve in ageing and Alzheimer's disease. Lancet Neurology, 11(11), 1006-1012.

Sternberg, R. J. (2008). Psicologia Cognitiva. Artmed.

Strauss, E., Sherman, E. M. S. & Spreen, O. (2006). A Compendium of Neuropsychological Tests: Administration, Norms and Commentary. Oxford University Press.

Vance, D., Wadley, V., Ball, K., Roenker, D. & Rizzo, M. (2005). The effects of physical activity and sedentary behavior on cognitive health in older people. Journal of Aging and Physical Activity, 13(3), 294-313.

Wechsler, D. (1987). Wechsler Memory Scale-Revised Manual. Psychological Corporation.

Downloads

Publicado

05/07/2021

Como Citar

LOPES FILHO, B. J. P.; OLIVEIRA, C. R. de; GOTTLIEB, M. G. V. Influência do treinamento de Karate-Dō na cognição de idosos com Transtorno Neurocognitivo Leve: Ensaio clínico aberto. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 8, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i8.17100. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/17100. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde