Avaliação farmacognóstica e toxicidade pré-clínica do extrato etanólico da casca do caule de Aspidosperma subincanum Mart. (Guatambu)
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i9.17547Palavras-chave:
Aspidosperma subincanum; Diabetes; Avaliação toxicológica.Resumo
Relevância etnofarmacológica: Diabetes mellitus é uma doença que afeta aproximadamente 10% da população mundial. Por se tratar de uma doença crônica, diversos pacientes buscam alternativas ao tratamento alopático tradicional, como as plantas medicinais. No Brasil, Aspidosperma subincanum (Guatambu) é uma das espécies vegetais comercializadas em feiras livres para o tratamento popular de diabetes. Objetivo: Realizar a prospecção fitoquímica e avaliação pré-clínica do extrato etanólico da casca do caule de A. subincanum (EEAS). Material e métodos: As cascas de A. subincanum foram coletadas no estado de Goiás, Brasil e o EEAS foi obtido por maceração a frio. A prospecção fitoquímica foi avaliada e as avaliações de toxicidade aguda e subaguda foram realizadas de acordo com as diretrizes da OECD. Resultados: A prospecção fitoquímica identificou a presença de esteroides, triterpenos, saponinas, taninos, alcaloides, cumarinas e resinas. Não houve mortes no teste de toxicidade aguda em doses de EEAS administradas por via intraperitoneal (500, 1000 e 2000 mg/kg) e por via oral (5000 mg/kg). A toxicidade subaguda mostrou sinais de nefrotoxicidade, hepatotoxicidade e danos pulmonares de forma dose-dependente nas duas doses maiores doses testadas (250, 250 mg/kg). No entanto, o grupo satélite apresentou reversão das lesões após 30 dias da interrupção do EEAS. Conclusão: A toxicidade aguda de EEAS sugere um DL50 > 5.000 mg/kg. O uso oral de EEAS por curto período (30 dias) ou mais pode ser perigoso em doses semelhantes àquelas testadas neste estudo e pode representar um risco para quem consome esse tipo de extrato como planta medicinal.
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