Cognição na doença de Chagas: Uma revisão sistemática
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i9.17549Palavras-chave:
Cognição; Doença de Chagas; Função executiva; Revisão sistemática; Transtornos de memória.Resumo
A doença de Chagas (DC) é transmitida pelo parasita hemoflagelado Trypanosoma cruzi e manifesta-se inicialmente de forma aguda e, depois, permanece na forma crônica, quando é caracterizada como indeterminada, cardíaca, digestiva ou mista. Alguns pacientes com doença de Chagas (DC) apresentam alterações cognitivas e há três hipóteses sobre os danos cognitivos: (I) alterações neurológicas e cognitivas causadas por consequência da forma cardíaca, (II) após a forma aguda há o desaparecimento espontâneo dos sinais clínicos da doença permanecendo as manifestações cognitivas, (III) as manifestações cognitivas e neurológicas são causadas por infecção crônica. O objetivo do presente trabalho foi fazer uma revisão sistemática da literatura para verificar os prejuízos cognitivos mensuráveis em pacientes chagásicos. Os artigos foram pesquisados nas bases Pubmed e Embase, com os descritores “Chagas disease” e “cognition”. Foram incluídos artigos com mensuração de aspectos cognitivos de pacientes com a DC. Foram encontrados cento e noventa e sete artigos, três dos quais atendiam aos critérios. Todos os artigos demonstram prejuízos cognitivos relacionados à DC, forma crônica, com comprometimento tanto da inteligência geral quanto da memória de longa-duração, além de déficit no tempo de execução dos testes.
Referências
Aras, R., Matta, J. A. M. D., Mota, G., Gomes, I., & Melo, A. (2003). Cerebral infarction in autopsies of chagasic patients with heart failure. Arquivos brasileiros de cardiologia, 81(4), 414-416.
Aronow, W. S. (2005). Drug treatment of systolic and of diastolic heart failure in elderly persons. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, 60(12), 1597-1605.5.
Barreira, A. A., Said, G., & Krettli, A. U. (1981). Multifocal demyelinative lesions of peripheral nerves in experimental chronic Chagas's disease. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, 75(5), 751-751.
Carvalho, N. B. (2015). Manual de atendimento a pacientes com doença de Chagas: atenção básica 2014/2015. Faculdade de Medicina USP. São Paulo, 159-218.
Cibis, I. I. (1999). Investigators and Committees. The cardiac insufficiency bisoprolol study II (CIBIS II). Lancet, 353(9), 13.
Carod-Artal, F. J., Vargas, A. P., Horan, T. A., & Nunes, L. G. N. (2005). Chagasic cardiomyopathy is independently associated with ischemic stroke in Chagas disease. Stroke, 36(5), 965-970.
Chagas, C. (1909). Nova tripanozomiaze humana: estudos sobre a morfolojia e o ciclo evolutivo do Schizotrypanum cruzi n. gen., n. sp., ajente etiolojico de nova entidade morbida do homem. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 1(2), 159-218.
Chagas, C. (1911). Nova entidade morbida do homem: rezumo geral de estudos etiolojicos e clinicos. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 3(2), 219-275.
Da Saude, M. (2010) Doença Aguda de Chagas. Revista de Patologia Tropical / Journal of Tropical Pathology, v. 36, n. 3, 4.
De Faria CR, Melo-Sousa SE, Rassi A. (1982) Estudo neurofisiológico na doença de Chagas. Rev Goiana Med. v.28(1/2):3-21.
DeFaria, C. R., Rezende, J. M. D., & Rassi, A. (1988). Desnervação periférica nas diferentes formas clínicas da doença de Chagas. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 46(3), 225-237.
Dias, J. S., Lacerda, A. M., Vieira-de-Melo, R. M., Viana, L. C., Jesus, P. A., Reis, F. J., Nitrini, R., Charcat-Fichman, H, Lopes A. A. & Oliveira-Filho, J. (2009). Cognitive dysfunction in chronic Chagas disease cardiomyopathy. Dementia & neuropsychologia, 3(1), 27-33.
Filley, C. M. (2012). White matter dementia. Therapeutic advances in neurological disorders, 5(5), 267-277.
Filley, C. M., Franklin, G. M., Heaton, R. K., & Rosenberg, N. L. (1988). White matter dementia: clinical disorders and implications. Neuropsychiatry, Neuropsychology, & Behavioral Neurology.
Franklin, G. M., Nelson, L. M., Filley, C. M., & Heaton, R. K. (1989). Cognitive loss in multiple sclerosis: case reports and review of the literature. Archives of Neurology, 46(2), 162-167.
Jorg, M. E., & Zalazar Rovira, I. (1981). Formas encefalopaticas de enfermedad de Chagas cronica observadas en Argentina. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 76(4), 353-360.
Genovese, O. M., Sanz, O. P., Correale, J., Erro, M. G., & Sica, R. E. P. (1989). Cerebral evoked potentials in human chronic Chagas' disease. Arquivos de neuro-psiquiatria, 47(3), 274-278.
Goin, J. C., Borda, E. S., Auger, S., Storino, R., & Sterin-Borda, L. (1999). Cardiac M2 muscarinic cholinoceptor activation by human chagasic autoantibodies: association with bradycardia. Heart, 82(3), 273-278.
Guimarães, P. M., Passos, S. R., Calvet, G. A., Hökerberg, Y. H., Lessa, J. L., & Andrade, C. A. D. (2014). Suicide risk and alcohol and drug abuse in outpatients with HIV infection and Chagas disease. Brazilian Journal of Psychiatry, 36(2), 131-137.
Hagui, A., Souza, S.M., Lopes, D. S., Rodrigues, F.V. (2019) Assimetrias da atenção visuoespacial em idosos. Ciências & Cognição, 24(1), 015-024.
Lai, M. K. P., Lai, O. F., Keene, J., Esiri, M. M., Francis, P. T., Hope, T., & Chen, C. H. (2001). Psychosis of Alzheimer’s disease is associated with elevated muscarinic M2 binding in the cortex. Neurology, 57(5), 805-811.
Lima-Costa, M. F., Castro-Costa, E., Uchôa, E., Firmo, J., Ribeiro, A. L. P., Ferri, C. P., & Prince, M. (2009). A population-based study of the association between Trypanosoma cruzi infection and cognitive impairment in old age (the Bambuí Study). Neuroepidemiology, 32(2), 122-128.
Macedo, V., Prata, A., Silva, G. R., & Castillo, E. (1982). Prevalência de alterações eletrocardiográficas em chagásicos (Informações preliminares sobre o Inquérito Eletrocardiográfico Nacional). Arq. bras. cardiol, 261-4.
Maheut-Bosser, A., Brembilla-Perrot, B., Hanesse, B., Piffer, I., & Paille, F. (2006, October). Troubles cognitifs chez les sujets de plus de 65 ans induits par la prise de digoxine. In Annales de cardiologie et d'angeiologie (Vol. 55, No. 5, pp. 246-248). Elsevier Masson.
Mangone, C. A., Sica, R. E. P., Pereyra, S., Genovese, O., Segura, E., Riarte, A., ... & Segura, M. (1994). Cognitive impairment in human chronic Chagas' disease. Arquivos de neuro-psiquiatria, 52(2), 200-203.
Oliveira-Filho, J. (2009). Stroke and brain atrophy in chronic Chagas disease patients: a new theory proposition. Dementia & neuropsychologia, 3(1), 22-26.
Pan American Health Organization. (2017) Neglected infectious diseases. Chagas Disease [web log post]. Recuperado de https://www.paho.org/en/topics/chagas-disease.
Pereira, G. V. (2016). Alterações neurológicas e comportamentais (ansiedade, depressão e memória) na fase crônica da infecção pelo Trypanosoma cruzi: modelo experimental e propostas terapêuticas (Doctoral dissertation).
Pitella, J. E. H. (1984). Ischemic cerebral changes in the chronic chagasic cardiopathy. Arquivos de neuro-psiquiatria, 42(2), 105-115.
Prost, Julio Oscar, Romero Villanueva, Horacio, Morikone, Ana María, Polo, Gustavo, & Bosch, Ana María. (2000). Evidências de compromiso cerebral en el estadio crónico de la enfermedad de Chagas obtenidas por medio del potencial P300 y de electroencefalografía cuantificada. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 58(2A), 262-271.
Ribeiro, A. L. P., de Carvalho, A. C. C., Teixeira, M. M., Lombardi, F., & Rocha, M. O. C. (2008). Chagas disease: impaired vagal modulation has been demonstrated, enhanced parasympathetic activity remains to be proved. International Journal of Cardiology, 123(3), 330-332.
Sacco, R. L. (1997). Risk factors, outcomes, and stroke subtypes for ischemic stroke. Neurology, 49(5 Suppl 4), S39-S44.
Said, G., Joskowicz, M., Barreira, A. A., & Eisen, H. (1985). Neuropathy associated with experimental Chagas' disease. Annals of Neurology: Official Journal of the American Neurological Association and the Child Neurology Society, 18(6), 676-683.
Selnes, O. A., & Vinters, H. V. (2006). Vascular cognitive impairment. Nature clinical practice neurology, 2(10), 538-547.
Silva, R. R. (2015) Efeitos de IFN3B3 e TNF sobre a infecção de astrócitos pelo Trypanosoma cruzi. Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) - Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de janeiro, RJ.
Villalta, F., Dobish, M. C., Nde, P. N., Kleshchenko, Y. Y., Hargrove, T. Y., Johnson, C. A., ... & Lepesheva, G. I. (2013). VNI cures acute and chronic experimental Chagas disease. The Journal of infectious diseases, 208(3), 504-511.
Vogels, R. L., Scheltens, P., Schroeder‐Tanka, J. M., & Weinstein, H. C. (2007). Cognitive impairment in heart failure: a systematic review of the literature. European journal of heart failure, 9(5), 440-449.
Wackermann, P. V., Fernandes, R. M. F., Elias Jr, J., Dos Santos, A. C., Marques Jr, W., & Barreira, A. A. (2008). Involvement of the central nervous system in the chronic form of Chagas' disease. Journal of the neurological sciences, 269(1-2), 152-157.
Zuchner, T., Schliebs, R., & Perez‐Polo, J. R. (2005). Down‐regulation of muscarinic acetylcholine receptor M2 adversely affects the expression of Alzheimer's disease‐relevant genes and proteins. Journal of neurochemistry, 95(1), 20-32.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Natalia Ligabô dos Santos; Laysa Rodrigues dos Reis; Felipe Viegas Rodrigues

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.