Avaliação da qualidade de drogas vegetais comerciais com indicação antidiabética
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i9.17906Palavras-chave:
Syzygium cumini; Bauhinia forficate; Equisetum arvense; Legislação sanitaria; Plantas medicinais.Resumo
O uso de plantas medicinais no tratamento de doenças é uma prática antiga e amplamente utilizada. Porém, muitos produtos ainda são comercializados sem a qualidade necessária. O objetivo deste estudo foi avaliar as características organolépticas, a presença de material estranho, embalagem e rotulagem de drogas vegetais comercializadas para o controle da diabetes. Foram adquiridas amostras comerciais de “cavalinha”, “jambolão” e “pata-de-vaca” comercializadas em dois municípios do sudeste brasileiro. As análises das embalagens e rótulos foram realizadas com base nas Resoluções de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC n⁰ 26/2014 e RDC n⁰ 66/2014). A Farmacopéia Brasileira VI foi utilizada para orientação da elaboração de questionário de avaliação sensorial e análise de material estranho. Nenhuma das amostras apresentou conformidade com as especificações técnicas exigidas para as embalagens. Cerca de 69% das amostras foram reprovadas na análise sensorial. Com relação à análise de pureza por presença de material estranho, apenas a amostra J1 de “jambolão” ficou dentro do limite de 2% p/p estabelecido na Farmacopéia Brasileira VI. A partir de análises simples e primárias de controle de qualidade, conclui-se que as drogas vegetais analisadas estão em desacordo com a legislação brasileira, o que coloca em risco a saúde dos consumidores destes chás.
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