Raiva em morcegos não hematófagos em São José do Egito, semiárido Pernambucano
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i10.18971Palavras-chave:
Área urbana; Chiroptera; Diagnóstico; Lyssavirus.Resumo
Diversas espécies de mamíferos no Brasil já foram diagnosticadas com o vírus da raiva dentre animais de companhia, de criação e silvestres. Entre os quirópteros destaca-se o hematófago Desmodus rotundus, entretanto, o registro de positivos não se restringe a essa guilda alimentar. Diante disso, esse trabalho tem como objetivo descrever os casos positivos de morcegos não hematófagos para raiva no município de São José do Egito, localizado no semiárido Pernambucano. Foi realizada uma análise de registros com dados de amostras enviadas para análise rábica pela vigilância sanitária do Município e pelo trabalho de monitoramento dos quirópteros realizado no município entre outubro/2010 e julho/2012. Foram encontrados em quatro anos, 11 espécimes de três espécies (Molossus molossus, Myotis lavali e Glossophaga soricina), positivas para raiva na área urbana de São José do Egito com uma maior frequência para M. molossus. Em um dos casos ocorreu à agressão a um munícipe. Os espécimes foram encontrados em condições atípicas mantendo atividade diurna, caídos no chão ainda com vida ou mortos na rua e em seus abrigos. Os registros mostram que, apesar de não haver casos em cães e gatos, a raiva circula na área urbana do município em situação próxima aos munícipes e que o monitoramento é necessário para evitar contágio a humanos e animais domésticos.
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