Descarte de resíduos de medicamentos pela população de uma área de afloramento do Sistema Aquífero Guarani no Sul do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19021

Palavras-chave:

Resíduos Farmacêuticos; Saúde Pública; Contaminação da Água.

Resumo

Resíduo de medicamento é considerado poluente emergente que pode contaminar fontes de água e lençóis freáticos, além de ser um sério problema para o gerenciamento de resíduos no Brasil. O objetivo deste estudo foi avaliar o uso de medicamentos de uso humano e a forma como os medicamentos vencidos e em desuso são descartados pela população. O estudo foi realizado em dois bairros de Lages, sob afloramento do Aqüífero Guarani, no sul do Brasil. Neste estudo descritivo e quantitativo, a coleta de dados ocorreu entre agosto e outubro de 2018 por meio de um questionário respondido por 309 participantes. As questões abordavam sobre dados sociodemográficos, o uso de medicamentos, a destinação dos medicamentos vencidos e em desuso e o sobre o saneamento básico do bairro. As classes de medicamentos mais utilizadas foram os anti-hipertensivos e os diuréticos, indicando elevada ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis. Cerca de 68% dos participantes afirmaram que há sobras de medicamentos após o tratamento médico e 70,2% que há medicamentos vencidos em casa. O descarte de sobras e medicamentos vencidos é realizado no resíduo doméstico, seguido pelo descarte no esgoto doméstico. Apenas uma pequena porcentagem (<15%) dos participantes descartam adequadamente seus resíduos de medicamentos. O descarte inadequado destes resíduos na área de estudo pode resultar em contaminação por substâncias químicas do Aqüífero Guarani e das águas superficiais.

Biografia do Autor

Ediolane Hilbert Brati, Universidade do Planalto Catarinense

Farmáceutica e Mestre em Ambiente e Saúde.

Lenita Agostinetto, Universidade do Planalto Catarinense

Em 2008 recebeu o grau de Engenheira agrônoma pela Universidade do estado de santa catarina. Em 2011 concluiu o curso de mestrado em produção vegetal e em 2014 o curso de doutorado em produção vegetal pela mesma Universidade. Atua na área de fitossanidade, especialmente no controle alternativo de doenças de plantas. Atualmente, é docente do Programa de Pós Graduação em Ambiente e Saúde da Universidade do Planalto catarinense (UNIPLAC), Lages, SC, onde desenvolve pesquisas referente a gestão de resíduos de agrotoxicos e seus impactos a saúde da populações e do meio ambiente, bem como, na gestão de resíduos de insumos veterinários e resíduos de serviços de saúde.

Ana Emilia Siegloch, Universidade do Planalto Catarinense

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Maria (2004), mestrado e doutorado em Entomologia pela Universidade de São Paulo - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (2006 e 2010, respectivamente) e pós-doutorado em Ecologia pela Universidade Federal de Santa Catarina com bolsa oriunda do CNPq/CTHidro entre 2010 e 2011 e pós-doutorado no mesmo programa e instituição com bolsa oriunda do Programa Nacional de Pós-Doutorado - PNPD/ CAPES entre 2011 e 2012. Atualmente é docente da Universidade do Planalto Catarinense - UNIPLAC. Na instituição faz parte do Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Saúde, onde leciona diversas disciplinas, orienta alunos de mestrado. Entre as áreas de interesse e atuação estão: entomologia e ecologia de comunidades de insetos aquáticos, biodiversidade, educação ambiental, gestão de resíduos e contaminação ambiental.

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Publicado

29/08/2021

Como Citar

BRATI, E. H. .; RECH, T. D. .; AGOSTINETTO, L. .; SIEGLOCH, A. E. Descarte de resíduos de medicamentos pela população de uma área de afloramento do Sistema Aquífero Guarani no Sul do Brasil . Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 11, p. e214101119021, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i11.19021. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/19021. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas