Transmedicalismo, corporalidades e sociedade
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19090Palavras-chave:
Gênero; Sexo; Sexualidade; Transexualidade; Transmedicalismo.Resumo
O termo transexual busca designar aqueles que não se identificam com o gênero que a sociedade lhes atribuiu ao nascer. Atualmente, os estudos de gênero têm mostrado que existem muitas formas de vivenciar a transexualidade, visto que é uma característica identitária. No entanto, o transmedicalismo é uma perspectiva que considera que só existe uma forma válida de viver a transexualidade. Partindo dessa noção, o objetivo deste artigo é discutir algumas manifestações contemporâneas do transmedicalismo, com ênfase na sociedade brasileira, bem como nas repercussões negativas dessa crença para os sujeitos trans. Para isso, utiliza o método de pesquisa bibliográfica, recorrendo a teóricos queer para embasar o entendimento sobre gênero e identidades trans. Começa explicando a origem da crença no verdadeiro transexual e demonstrando como ainda influencia a atenção à saúde das pessoas trans no Brasil. Em seguida, conceitua transmedicalismo, discutindo sua presença tanto nos protocolos de saúde quanto nos discursos da comunidade trans. Finalmente, apresenta pressupostos queer, utilizando-os para problematizar o pensamento transmedicalista.
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