Transmedicalismo, corporalidades e sociedade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19090

Palavras-chave:

Gênero; Sexo; Sexualidade; Transexualidade; Transmedicalismo.

Resumo

O termo transexual busca designar aqueles que não se identificam com o gênero que a sociedade lhes atribuiu ao nascer. Atualmente, os estudos de gênero têm mostrado que existem muitas formas de vivenciar a transexualidade, visto que é uma característica identitária. No entanto, o transmedicalismo é uma perspectiva que considera que só existe uma forma válida de viver a transexualidade. Partindo dessa noção, o objetivo deste artigo é discutir algumas manifestações contemporâneas do transmedicalismo, com ênfase na sociedade brasileira, bem como nas repercussões negativas dessa crença para os sujeitos trans. Para isso, utiliza o método de pesquisa bibliográfica, recorrendo a teóricos queer para embasar o entendimento sobre gênero e identidades trans. Começa explicando a origem da crença no verdadeiro transexual e demonstrando como ainda influencia a atenção à saúde das pessoas trans no Brasil. Em seguida, conceitua transmedicalismo, discutindo sua presença tanto nos protocolos de saúde quanto nos discursos da comunidade trans. Finalmente, apresenta pressupostos queer, utilizando-os para problematizar o pensamento transmedicalista.

Referências

Almeida, A. S. (2018) Vidas em espera: uma etnografia sobre a experiência do tempo no processo transexualizador. (Dissertação de mestrado). Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil.

Almeida, G. & Murta, D. (2013). Reflexões sobre a possibilidade da despatologização da transexualidade e a necessidade da assistência integral à saúde de transexuais no Brasil. Revista Latinoamericana Sexualidad, Salud y Sociedad, (14), 380-407. https://doi.org/10.1590/S1984-64872013000200017

ANTRA. (2019). Dossiê assassinatos e violência contra travestis e transexuais no Brasil em 2018. https://antrabrasil.org/mapadosassassinatos/.

Benedetti, M. (2005). Toda feita: o corpo e o gênero das travestis. Garamond.

Benjamin, H. (1999) The Transsexual Phenomenon. Symposium Publishing: Düsseldorf.

Bento, B. (2006). A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Garamond.

Boccato, V. R. C. (2006). Metodologia da pesquisa bibliográfica na área odontológica e o artigo científico como forma de comunicação. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, 18(3), 265-274. http://www.cidadesp.edu.br/old/publicacoes/revista_ odontologia/revista_odontologia_3/pdf_completo.pdf

Bonassi, B. C. (2017). Cisnorma: acordos societários sobre o sexo binário e cisgênero. (Dissertação de mestrado). Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil. https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad= rja&uact=8&ved=2ahUKEwjCibTY7bjyAhWQIbkGHemEClgQFnoECAYQAw&url=https%3A%2F%2Frepositorio.ufsc.br%2Fhandle%2F123456789%2F182706&usg=AOvVaw2TyHFb6r5fuPHiw9TW-Tju

Borba, R. (2014). Sobre os obstáculos discursivos para a atenção integral e humanizada à saúde de pessoas transexuais. Revista Latinoamericana Sexualidad, Salud y Sociedad, (17), 66-97. https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2014.17.06.a

BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução n. 2265, de 20 de setembro de 2019. Dispõe sobre o cuidado específico à pessoa com incongruência de gênero ou transgênero e revoga a Resolução CFM nº 1.955/2010. Diário Oficial da União. 9 Jan 2020.

Butler, J. (2004). Undoing gender. Routledge.

Cabral, J.V. (2012). Geografía travesti: cuerpos, sexualidade y migraciones de travestis brasileñas (Rio de Janeiro – Barcelona). (Tesis de doctorado). Departamento de Antropologia Cultural e Historia de América y África, Universidad de Barcelona, Barcelona, España. https://www.tdx.cat/handle/10803/95889

Cannerstad, K. (2019). Women without borders – how trans women find themselves online: a qualitative study on trans women in online support communities. (Bachelor’s degree). Faculty of Arts and Social Sciences, Karlstad University, Karlstad, Sweden. http://www.diva-portal.org/smash/get/diva2:1342357/FULLTEXT01.pdf

Coacci, T. (2019). Como funciona a despatologização na prática? Rev. Estud. Fem. 27 (2). 10.1590/1806-9584-2019v27n258001

Feraday, C. (2016). For lack of a better word: neo-identities in non-cisgender, non-straght communities on TUMBLR. (Masters dissertation). Program of communication and culture, University of Toronto, Toronto, Canada. https://digital.library.ryerson.ca/islandora/object/RULA%3A5628/datastream/OBJ/view

Fisher, J. (2019). Transgender Digital Embodiments: Questions of the Transgender Body in the 21st Century. (Masters dissertation). Interdisciplinary Studies Department, Kennesaw States University, Georgia, United States of America. https://digitalcommons.kennesaw.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1026&context=mast_etd

Grant, C. (2015). Direito, bioética e transexualidade: um estudo sobre os limites e as possibilidades de ampliação da tutela jurídica das experiências trans*. (Dissertação de mestrado). Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil. https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/17741/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20-%20TEXTO%20COMPLETO%20COM%20FICHA%20-%20CAROLINA%20GRANT%20-%2002.03.2015.pdf

Haddock-Lobo, R. (2018). Que “corpo” é esse de Preciado? (Ou que corpos depreciados são esses?). Concinnitas, 1 (32), 85-122. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/concinnitas/article/download/36509/26365

Jesus, J. G. de. (2012). Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília. https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/16/o/ORIENTA% C3%87%C3%95ES_SOBRE_IDENTIDADE_DE_G%C3%8ANERO__CONCEITOS_E_TERMOS_-_2%C2%AA_Edi%C3%A7%C3%A3o.pdf?1355331649

Jesus, J. G. de. (2016). Medicina: uma ciência maligna? Debate psicopolítico sobre estereótipos e fatos. Periódicus, 1(5), 195-204. https://revistas.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/article/download/17187/11342

Kando, T. (2016). The transsexual phenomenon in a changing culture. http://tomkando.com/professional_publications.shtml

Lanz, L. (2018). Por que tenho medo de lhe dizer quem sou? In: Ribeiro, P. R. C. et al. (Org). Corpo, gênero e sexualidade: resistência e ocupa(ações) nos espaços de educação. (49-69). Ed. Da FURG.

Leite Júnior, J. (2008). Nossos corpos também mudam: sexo, gênero e a invenção das categorias “travesti” e “transexual” no discurso científico. (Tese de doutorado). P rograma de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, Pontíficia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil. Recuperado de https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/3992/1/Jorge%20Leite%20Junior.pdf

Lima, T. C. S. de., & Mioto, R. C. T. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Revista Kátal, 10(spe), 37-45. https://doi.org/10.1590/S1414-49802007000300004

Luna, A. G. (2020). “Lo trans” cooptación de identidades y sus consecuencias en el discurso de la web 2.0: Twitter. (Disertación de Maestria). Facultad de Filosofía y Letras, Ciudadanía, Universidad de Cádiz, Cádiz, España. https://rodin.uca.es/xmlui/bitstream/handle/10498/23694/TFM %20Abel%20Gonz%C3%A1lez%20Luna.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Lustosa, T. (2016). Manifesto traveco-terrorista. Revista Concinnitas, 1 (18), 385-409. https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source =web&cd=&ved=2ahUKEwiw67bmorjyAhU6KLkGHWRCD-EQFnoECAQQAQ&url=https%3A%2F%2Fwww.e-publicacoes.uerj.br%2Findex .php%2F conc innitas%2Farticle%2Fview%2F25929%2F18560&usg=AOvVaw2cv2E1ZqyyHLy_8r4MhvTK

Miller, J. F. (2016). I wanna know where the rule book is: youtube as a site of counternarratives to transnormativity. (Doctoral thesis). Institute for Women’s, Gender and Sexuality Studies, Georgia State University, Georgia, United States of America. https://scholarworks.gsu.edu/cgi/viewconten t.cgi?article=1063&context=wsi_theses

Oliveira, A. L. G. (2013). Os homens transexuais brasileiros e o discurso pela (des)patologização da transexualidade. In: Anais do Seminário Internacional Fazendo Gênero 10, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. http://www.fazendogenero.ufsc.br/10/resources/anais/20/138 4804329_ARQUIVO_AndreLucasGuerreiroOliveira.pdf.

Pelúcio, L. (2005). “Toda quebrada na plástica” – Corporalidade e construção de gênero entre travestis paulistas. Campos – Revista de Antropologia, 6, 97-112. http://dx.doi.org/10.5380/cam.v6i0.4509

Preciado, P. B. (2011). Multidões queer: notas para uma política dos “anormais”. Rev. Est. Fem., 19(1), 11-20. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2011000100002

Preciado, P. B. (2014). Manifesto contrassexual: práticas subversivas de identidade sexual. n-1 edições.

Rego, F. C. V. S. do. (2015). Viver e esperar viver: corpo e identidade na transição de gênero de homens trans. (Dissertação de mestrado). Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil. https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstrea m/123456789/20730/1/ViverEsperarViver_Rego_2015.pdf

Rocon, P. C., Rodrigues, A. & Sodré, F. (2016). Regulamentação da vida no processo transexualizador brasileiro: uma análise sobre a política pública. Revista Katál, 19 (2), 260-269. https://doi.org/10.1590/1414-49802016.00200011

Rocon, P. C., et al. (2019). Acesso à saúde pela população trans no Brasil: nas entrelinhas da revisão integrativa. Trab. Educ. Saúde, 18 (1), 1-18. http://dx.doi.org/10.1590/1981-7746-sol00234

Rodrigues, S. G. C. & Mesquita, C. N. C. (2019). Reflexões sobre a temática da transexualidade no ambiente universitário: um estudo exploratório. In: Anais do Encontro Internacional e Nacional de Política Social, Vitória, Espírito Santo, Brasil. https://periodicos.ufes.br/einps/article/view/25817/17959

Serano, J. (2007). Skirt Chasers Why the Media Depicts the Trans Revolution in Lipstick and Heels, In: Whipping Girl: A Transsexual Woman on Sexism and The Scapegoating of Femininity.

Stoller, R. (1982). A experiência transexual. Imago.

Stryker, S. (2017). Transgender History: the roots of today’s revolution. Seal Press.

Tadvick, T. (2018). Practicing gender in online spaces. (Undergraduate honors thesis). Sociology Department, University of Colorado Boulder, Boulder, United States of America. Recuperado de https://scholar.colorado.edu/concern/undergraduate_honors_theses/9z9030273?locale=pt-BR

Vergueiro, V. (2015). Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. (Dissertação de Mestrado). Instituto de Humanidades, Artes e Ciências, Universidade Federal da Bahia, Bahia, Brasil. https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjU0vbEl7byAhW1pZUCHTs2Bp8QFnoECAUQAQ&url=https%3A%2F%2Frepositorio.ufba.br%2Fri%2Fhandle%2Fri%2F19685&usg=AOvVaw0iWftQioIHEOwGgcmFjKUc

Zhang, C. M. (2019). Biopolitical and necropolitical constructions of the incarcerated trans body. Columbia Journal of Gender and Law, 37 (2), 257-299. https://doi.org/10.7916/cjgl.v37i2.2787

Downloads

Publicado

22/08/2021

Como Citar

RUIZ, M. S. . Transmedicalismo, corporalidades e sociedade. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 11, p. e45101119090, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i11.19090. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/19090. Acesso em: 18 maio. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais