Macrofauna do solo como bioindicadora da qualidade do solo em sistemas agroflorestais sucessionais
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i10.19144Palavras-chave:
Biodiversidade; Fauna do solo; Indicadores biológicos; Recuperação do solo.Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar a macrofauna do solo como um bioindicador da qualidade do solo em sistemas agroflorestais sucessionais e florestas secundárias. O estudo foi realizado na região do baixo sul da Bahia no Brasil, em duas áreas: um sistema agroflorestal sucessório (AFS18) e floresta nativa (NF). O AFS18 consiste em duas espécies: mogno (Khaya ivorensis e Khaya grandifoliola), açaí (Euterpe oleracea), cacau (Theobroma cacau) e banana (Musa spp.). A amostragem foi realizada nas estações seca (junho) e chuvosa (outubro) de 2019, e oito monólitos de solo foram coletados em ambas as áreas. Um total de 889 indivíduos da macrofauna do solo foram amostrados. A maior freqüência (RF) de táxons ocorreu na NF na estação chuvosa, e os grupos que se destacaram foram: Oligochaeta com 42% RF na ASF18, Formicida com 33,9% na NF e Isoptera com 58% na AFS18. A estrutura macrofaunística do solo variou de acordo com o tempo de coleta. A densidade dos indivíduos da macrofauna diferiu entre as áreas somente na estação seca. O maior número de ind.m² foi observado na área NF (378) quando comparado com a ASF18 (196). TOC, Mg2+, Al3+ e CTC foram relacionados com AF em ambas as ocasiões de coleta e AFS18 na estação chuvosa, K+, P e pH foram associados com AFS18 na estação seca. A diversidade, equitabilidade e riqueza da macrofauna do solo foi maior na área AF. O HFA18 na estação chuvosa foi semelhante ao NF, favorecendo a colonização da área por organismos da macrofauna do solo.
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