Perfil epidemiológico das famílias segundo a inserção no programa de transferência de renda residentes em cidades litorâneas do Nordeste do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19570Palavras-chave:
Programas de governo; Fatores socioeconômicos; Insegurança Alimentar ; Promoção da saúde.Resumo
Objetivo: Investigar o perfil epidemiológico de famílias residentes em municípios litorâneos do Nordeste brasileiro, considerando que estão cadastradas no Programa Brasileiro de Transferência de Renda (CTP). Métodos: Estudo transversal envolvendo amostra probabilística de 1.444 famílias representativas da região. Foi utilizado um questionário semiestruturado previamente testado, contendo questões sobre variáveis socioeconômicas, demográficas, antropométricas e de saúde, e também sobre a situação de segurança alimentar e nutricional durante as visitas domiciliares. As características da família foram simultaneamente beneficiadas e não beneficiadas pelo PSF que foi comparado. Os resultados foram expressos em proporções (%), com a respectiva razão de prevalência de intervalo de confiança de 95% como medida de associação, por meio de análise de regressão de Poisson com ajuste robusto de variância. Resultados: Havia 729 (50,5%) famílias cadastradas no PSF. As variáveis que melhor discriminaram as famílias beneficiadas pelo programa foram: escolaridade da dona de casa <4 anos (P = 0,010; RP: 1,16; IC 95%: 1,03-1,30); pertencer à classe econômica D ou E (P <0,001; RP: 1,30; IC 95%: 1,12-1,51); renda materna (P <0,001; RP: 0,50; IC 95%: 0,42-0,61); família em situação de insegurança alimentar (P <0,001; RP: 1,29; IC 95%: 1,13-1,47); maior número de moradores por domicílio (P <0,001; RP: 1,48; IC 95%: 1,34-1,64). Conclusões: As famílias beneficiadas pelo CTP apresentavam os piores indicadores socioeconômicos e demográficos e encontravam-se com maior frequência em situação de insegurança alimentar (72,0%).
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