Educação Ambiental na “Cidade das Fundições”: políticas públicas e a configuração do racismo ambiental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i12.20240

Palavras-chave:

Educação ambiental; Cidades das fundições; Políticas públicas; Racismo ambiental.

Resumo

A cidade de Aperibé, no estado do Rio de Janeiro, concentra uma população e dimensão territorial que a situa na categoria socioespacial, denominada pelo IBGE, de “pequeno centro”. Entretanto, nessa mesma cidade, o quantitativo de indústrias metalúrgicas de fundição tem crescido expressivamente e, consequentemente, os impactos ambientais dessa atividade econômica. Diante dessa realidade, propomos esta pesquisa que tem como objetivo: analisar a execução das políticas públicas ambientais na cidade de Aperibé-RJ, em especial a Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999 – Política Nacional de Educação Ambiental. Metodologicamente, adotamos o enfoque de pesquisa qualitativa, usando entrevistas semiestruturadas enquanto instrumento de coleta de dados. Participaram da pesquisa quatro gestores municipais, vinculados às seguintes secretarias: Secretaria de Educação, Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Infraestrutura Orçamentária. Os dados da pesquisa foram analisados sob a ótica metodológica da análise do discurso, contemplando três categorias analíticas: a) problemas ambientais – percepções dos gestores municipais; b) fundição – funcionamento das indústrias e geração de emprego e renda; c) Educação Ambiental – ações e projetos desenvolvidos. Os principais resultados indicam que os representantes das secretarias não consideraram as fundições como provedoras de impactos ambientais. Ademais, muitas das metalúrgicas em funcionamento não atendem às normas de proteção ambiental e de segurança individual dos trabalhadores. Para além disso, os resultados destacam a existência de poucos projetos de Educação Ambiental e a inexistência dos aspectos que discutem os impactos ambientais causados pelo setor de fundição.

Biografia do Autor

Francisca Marli Rodrigues de Andrade, Universidade Federal Fluminense

Professora Adjunta na área de Saúde e Meio Ambiente, vinculada à Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo – Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal Fluminense (UFF). Docente do Programa de Pós-Graduação em Ensino da UFF. Doutora em Educação, Cultura da Sustentabilidade e Desenvolvimento pela Universidade de Santiago de Compostela – Espanha – com financiamento da União Europeia no marco do programa Erasmus Mundus External Cooperation Window (EACEA) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Colabora com redes de pesquisas em âmbito nacional e internacional. É membro titular da Comissão Permanente de Sustentabilidade da Universidade Federal Fluminense (CPS). Líder do Laboratório de Estudos Decoloniais (LEDec). 

Efrain Francisco Faria, Secretaria de Assistência Social da Cidade de Aperibé

Graduado pela Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ex-bolsista no Programa Desenvolvimento Acadêmico. Forma parte do projeto Território de Experiências Interdisciplinares Agroecológicas – TEIA, desenvolvido pelo Núcleo de ensino, pesquisa e extensão em Território, Ambiente e Agroecologia – NUTAGRO, sediado no Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

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Publicado

18/09/2021

Como Citar

ANDRADE, F. M. R. de .; FARIA, E. F. . Educação Ambiental na “Cidade das Fundições”: políticas públicas e a configuração do racismo ambiental. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 12, p. e221101220240, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i12.20240. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/20240. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Educacionais