Análise e georreferenciamento da mortalidade materna em Aracaju de 2010 a 2018
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i12.20657Palavras-chave:
Mortalidade materna; Saúde Pública; Mapeamento geográfico.Resumo
O óbito materno é definido como aquele que ocorre durante a gestação ou até 42 dias após o parto e possui relação direta ou indireta com esse processo. Devido a sua evitabilidade é considerada uma grave violação dos direitos humanos. Este estudo objetiva analisar os casos de mortalidade materna em Aracaju de 2010 a 2018, segundo suas causas, características sociodemográficas, obstétricas e distribuição geográfica. Trata-se de um estudo ecológico, de base territorial, do tipo série temporal, realizado em Aracaju/SE, tendo como amostra os dados obtidos através da Vigilância Epidemiológica Municipal e do DATASUS referente aos óbitos maternos que ocorreram no município de 2010 a 2018. Para análise estatística foi utilizado o software R e para o mapeamento dos óbitos o QGIS 3.8. A Razão de Mortalidade Materna manteve-se instável durante o período analisado. O ano de 2015 apresentou a menor taxa e 2011 a maior. O perfil sociodemográfico evidencia que a maioria era de cor Preta/Parda, solteira, com escolaridade de 8 a 11 anos de estudo e apenas donas de casa. A média de idade foi de 29,47 anos. Um número expressivo dos óbitos foi relacionado a causas obstétricas diretas. A maioria ocorreu no puerpério, em estabelecimentos públicos e foram classificados como provavelmente evitáveis. As zonas Norte e o Oeste concentraram maior ocorrência de casos. A mortalidade materna no município manteve-se acima da média preconizada para o país, com destaque para as causas obstétricas diretas e o predomínio da população preta/parda que chama a atenção para a vulnerabilidade desse grupo.
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