Aspectos socioeconômicos e culturais de benzedores que utilizam plantas medicinais em suas práticas populares de cura, no Município de Guatambu, Santa Catarina
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i13.21538Palavras-chave:
Curandores; curandores; Medicina popular; medicina popular; resgate cultural; Resgate cultural.Resumo
A medicina popular é a soma do conhecimento, das habilidades e práticas de cura de diferentes culturas. Nesse contexto, este estudo visou identificar os benzedores que utilizam plantas medicinais em suas práticas, bem como, realizar um levantamento socioeconômico destes agentes populares de cura, no município de Guatambu (SC). A pesquisa foi realizada no perímetro rural e urbano, utilizando a técnica de snowball sampling (bola de neve), associada a um questionário semiestruturado. Como resultados, os agentes populares de cura são em sua maioria mulheres (72%), com atividades na agricultura (47%) e com idade de 60 a 71 anos (51%). A escolaridade apontou para o ensino fundamental (53%) e a constituição familiar com o cônjuge (75%). Foi observada a importância da religiosidade nestas atividades, destacada principalmente pela fé entre quem pratica, e quem recebe o benzimento. A prática do benzimento na maioria das vezes é aplicada para o tratamento de rendiduras/machucaduras (dores musculares) sendo aplicados geralmente, de forma gratuita. Os preparados à base de plantas medicinais são comumente produzidos por decocção, infusão ou xaropes, e podem auxiliam na renda familiar. Foi verificado ainda, a preocupação dos agentes em não ter a quem transmitir seus ensinamentos ao final da vida, devido ao desinteresse dos mais jovens. Esta investigação, contribui na valorização da cultura imaterial e do saber popular do município, bem como, na compreensão da relação dos indivíduos com o meio ambiente e sua importância na conservação da biodiversidade.
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