Cirurgia bariátrica e depressão
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i13.21573Palavras-chave:
Cirurgia bariátrica; Depressão; Obesidade.Resumo
A obesidade e a depressão são entidades clínicas cuja etiologia é a combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos capazes de comprometer a qualidade de vida. Objetivo: avaliar a prevalência da depressão antes e após a cirurgia bariátrica e identificar as características sociodemográficas e clínicas. Método: estudo transversal, retrospectivo, tipo survey realizado no período de 2020-2021. A amostra foi composta por 5.160 indivíduos de várias regiões do Brasil que realizaram cirurgia bariátrica. Utilizou-se questionário online Google Forms. Resultados: dos 5.160 participantes, 3199 (62%) não tinham e não desenvolveram depressão após a cirurgia; 305 (5,9%) tinham depressão e permaneceram após a intervenção; 1192 (23,1%) tinham depressão e melhoraram no pós-cirúrgico e 464 (9%) não tinham depressão e desenvolveram após a cirurgia. A idade média foi de 37-38 anos. Foi predominante: sexo feminino, cor de pele branca, ensino médio completo e indivíduos casados. A região sudeste foi a mais prevalente (p<0,001), assim como o etilismo antes e após a cirurgia. A prática de atividade física reduziu o número de casos de depressão após o procedimento. O acompanhamento psicológico foi realizado em 60% da amostra antes da cirurgia. O tempo de realização da bariátrica foi de 18-60 meses, sendo mais prevalente a técnica de Bypass Gástrico. A prevalência de outros transtornos psiquiátricos foi comum entre aqueles com histórico de depressão. Conclusão: a depressão foi prevalente antes e após a intervenção cirúrgica, entretanto a cirurgia bariátrica possibilitou a melhora do transtorno depressivo entre aqueles que já apresentavam a patologia antes do procedimento.
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