Perfil epidemiológico, clínico e laboratorial das dermatopatias de cães e gatos domiciliados em área semiárida do Nordeste do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i14.21843Palavras-chave:
Dermatologia veterinária; Fungo; Bactéria; Sarna; Saúde Única.Resumo
O presente trabalho objetivou determinar o perfil epidemiológico, clínico e laboratorial das dermatopatias que acometem os cães e gatos domiciliados em área semiárida do Nordeste do Brasil. Setenta e oito cães e gatos atendidos no Hospital Veterinário com queixas dermatológicas foram incluídos neste estudo. As lesões de pele foram caracterizadas quanto à morfologia, aspecto e distribuição, foi aplicado um questionário epidemiológico, e colhidas amostras para exame complementar. O diagnóstico confirmado em testes parasitológicos e microbiológicos. Houve predominância da espécie canina (93,6%), de animais jovens (46,3%) e sem raça definida (61,5%). Observou-se que 29,5% das afecções eram de etiologia fúngica, 14,1% bacteriana, 3,9% de sarnas. Em 5,1% dos casos havia associações entre diferentes patógenos e em 47,4% o exame laboratorial foi negativo para os patógenos pesquisados. As manifestações clínicas mais frequentes incluíram alopecia (74,4%), prurido (61,6%) e eritema (43,6%), distribuídas principalmente na região dorso-ventral (36,1%) ou ainda disseminada (43,1%). Sobre Saúde Única, 51,3% (40/78) dos tutores informaram que não sabiam o que eram “zoonoses”. Dermatopatias demonstraram-se como importantes afecções, sobretudo as doenças micóticas e bacterianas. Foram observados casos atípicos de infecções motivadas por patógenos pouco descritos na literatura como agentes etiológicos de dermatopatias em cães e gatos.
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