Perfil das reações adversas imediatas à infusão de quimioterapia em pacientes ambulatoriais em um Hospital Universitário fluminense
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i15.23009Palavras-chave:
Quimioterapia; Eventos adversos; Farmacovigilância; Segurança do paciente.Resumo
A maioria dos agentes antineoplásicos pode ocasionar reações infusionais, das quais a incidência e o perfil variam conforme as características de cada medicamento, podendo ou não ser imunomediadas. Com o objetivo descrever o perfil das reações adversas imediatas à infusão de quimioterapia em pacientes ambulatoriais, desenvolvemos este estudo exploratório, descritivo, transversal e retrospectivo, a partir registros das notificações das reações adversas realizados pela equipe multiprofissional de março/2018 a março/2019, e dos prontuários dos participantes. As reações adversas imediatas à infusão de quimioterapia foram classificadas quanto à gravidade, de acordo com a Common Terminology Criteria for Adverse Events, e quanto à causalidade usando algoritmo de Naranjo. De um total de 6.832 instalações endovenosas de quimioterapia realizadas no período de estudo, foram registradas 30 reações adversas imediatas, envolvendo 28 pacientes (83% mulheres), principalmente com Paclitaxel (44%) e Carboplatina (20%). Conforme Naranjo, 60% das reações infusionais foram classificadas como prováveis. O tempo médio para manifestação das reações foi de 40 minutos, sendo a mais rápida com Docetaxel (5 minutos), e a mais demorada com Paclitaxel (180 minutos). A gravidade das reações variou entre leve (64%) e moderada (30%). Os segmentos orgânicos mais comprometidos foram respiratório (27%) e cardiovascular (26%); e 83% dos sintomas apresentados estavam previstos nas bases de dados. Com este estudo, foi possível identificar as principais reações imediatas à infusão no grupo em estudo, bem como os quimioterápicos envolvidos com as mesmas, contribuindo para o manejo seguro dos pacientes e no controle eficaz das reações pela equipe multidisciplinar.
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