Aspectos fisiológicos do estresse: uma revisão narrativa
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i17.23561Palavras-chave:
Alostase; Homeostase; Estresse fisiológico; Estresse; Estresse psicológico.Resumo
Qualquer estímulo seja intrínseco ou extrínseco, desencadeia uma resposta biológica que remete ao estresse. O estresse é um elemento característico do mundo natural, que opera em quase todos os sistemas biológicos, e em cada situação que distancie os sistemas vivos de uma condição fisiológica constante. As respostas fisiológicas podem ser usadas como indicadores de estresse, podendo ser respostas generalizadas a um estímulo, mediadas pelo sistema nervoso simpático e eixo hipotálamo-hipófise-adrenal pela ação de hormônios, como a adrenalina e corticosteroides. Alguns estímulos ativam um sistema mais do que outro, condição que pode ocorrer devido aos papéis específicos do estímulo sobre os sistemas, sendo sobrepostos aos seus papéis generalizados. A amplitude da resposta hormonal pode se correlacionar com a intensidade do estímulo, e qualquer mudança indica que o corpo está respondendo. Com isso, este artigo tem como objetivo analisar a ação fisiológica do organismo frente do estresse. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica em que foi utilizada publicações que abordassem o tema nas bases de dados MEDLINE® (PubMed®) e Scientific Electronic Library Online (SciELO) entre os anos de 1983 e 2020. Conclusão: O organismo humano é afetado de modo diverso pelo evento estressor, os impactos dos estressores exercem um efeito estimulante, originando reações comportamentais e fisiológicas usadas para enfrentar estes eventos, uma vez que a resposta adaptativa fundamental à sobrevivência. Existem grandes diferenças individuais em lidar com o estresse, porém, os mecanismos que fundamentam como respondemos suportam as funções fisiológicas, mantendo a homeostase contribuindo para a adaptação.
Referências
Alheira, F. V., Brasil, M. A. A. (2005). O papel dos glicocorticóides na expressão dos sintomas de humor: uma revisão. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 27 (2), 177-186. https://doi.org/10.1590/S0101-81082005000200008.
Angelier, F., Wingfield, J. C. (2013). Importance of the glucocorticoid stress response in a changing world: Theory, hypotheses and perspectives, General and Comparative Endocrinology, 190 (1), 118-128. https://doi.org/ 10.1016/j.ygcen.2013.05.022.
Araldi-Favassa, C. T., Armiliato, N., & Kalinine, I. (2005). Aspectos Fisiológicos e Psicológicos do Estresse. Revista de Psicologia da UnC, 2, (2), 84 - 92.
Berger, M., Taylor, S., Harriss, L., Campbell, S., Thompson, F., Jones, S., Sushames, A., Amminger, G. P., Sarnyai, Z., & Mcdermott, R. (2019). Hair cortisol, allostatic load, and depressive symptoms in Australian Aboriginal and Torres Strait Islander people. Stress, 22 (3), 312-320. https://doi.org/ 10.1080/10253890.2019.1572745.
Brito, I., Haddad, H. (2017). A formulação do conceito de homeostase por Walter Cannon. Filosofia e História da Biologia, 12 (1), 99-113.
Burford, N. G.; Webster, N. A., & Cruz-Topete, D. (2017). Hypothalamic-pituitary-adrenal axis modulation of glucocorticoids in the cardiovascular system, International Journal of Molecular Sciences. v. 18, n. 10. https://doi.org/10.3390/ijms18102150.
Cannon, W. B. (1929). Organization For Physiological Homeostasis. Physiological Reviews, 9, 399-432.
Castro, M., Moreira, A. C. (2002). Diagnóstico laboratorial da Síndrome de Cushing. Arquivos Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, 46 (1), 97-105. https://doi.org/10.1590/S0004-27302002000100014.
Castro, M., Moreira, A. C. (2003). Análise crítica do cortisol salivar na avaliação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Arquivos Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, 47 (4), 358-67. https://doi.org/10.1590/S0004-27302003000400008.
Chernow, B., Alexander, H. R., Smallridge, R. C.,Thompson, W. R., Cook, D., Beardsley, D., Fink, M. P., Lake, C. R., & Fletcher, J. R. (1987). Hormonal Responses to Graded Surgical Stress. Archives of Internal Medicine, 147 (7), 1273-1278.
Cordás, T.A., Laranjeiras, M. (2006). Efeitos colaterais dos psicofármacos na esfera sexual. Revista Psiquiatria Clínica, 33 (3), 168-173. https://doi.org/10.1590/S0101-60832006000300007.
Day, T. A. (2005). Defining stress as a prelude to mapping its neurocircuitry: No help from allostasis, Progress in Neuropsychopharmacol Biological Psychiatry, 29 (8), 1195-200. https://doi.org/10.1016/j.pnpbp.2005.08.005
De Rose Jr, D. (2002). A competição como fonte de estresse no esporte. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 10 (4), 19-26. http://dx.doi.org/10.18511/rbcm.v10i4.466.
Faro, A., Pereira, M. E. (2013). Estresse: Revisão Narrativa da Evolução Conceitual, Perspectivas Teóricas e Metodológicas. Psicologia, Saúde & Doenças, 14 (1), 78-100.
FAva, G. A., Mcewen, B. S., Guidi, J., Gostoli, S., Offidani, E., & Sonino, N. (2019). Clinical characterization of allostatic overload, Psychoneuroendocrinology, 108, 94-101. https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2019.05.028.
Ferreira, R. M., Penna, E. M., Costa, V. T., & Moraes, L. C. C. A. (2012). Nadadores medalhistas olímpicos: contexto do desenvolvimento brasileiro. Motriz: Revista de Educação Física, 18 (1), 130-142. https://doi.org/10.1590/S1980-65742012000100014.
Freire, C. A., Cuenca, A. L. R., Leite, R. D., Prado, A. C., Rios, L. P., Stakowian, N., & Sampaio, F. D. F. (2020). Biomarkers of homeostasis, allostasis, and allostatic overload in decapod crustaceans of distinct habitats and osmoregulatory strategies: an empirical approach. Comparative Biochemistry and Physiology -Part A : Molecular and Integrative Physiology, 248. https://doi.org/10.1016/j.cbpa.2020.110750.
Gallo, L. C., Fortmann, A. L., & Mattei, J. (2014), Allostatic load and the assessment of cumulative biological risk in biobehavioral medicine: Challenges and opportunities, Psychosomatic Medicine, 76 (7), 478-480. https://doi.org/10.1097/PSY.0000000000000095
Guidi, J., Lucente, M., Sonino, N., & Fava, G. A. (2020). Allostatic Load and Its Impact on Health: A Systematic Review. Psychotherapy and Psychosomatics, 90 (1), 11-27. https://doi.org/10.1159/000510696.
Inder, W. J., Dimeski, G., RusseL. A. (2012). Measurement of salivary cortisol in laboratory techniques and clinical indications. Clinical Endocrinology, 77 (5), 645-51. https://doi.org/10.1111/j.1365-2265.2012.04508.x.
Kerr, P., Kheloui, S., Rossi, M., Désilets, M., & Juster, R. P. (2020). Allostatic load and women’s brain health: A systematic review. Neuroendocrinology. 59. https://doi.org/ 10.1016/j.yfrne.2020.100858.
Kim, K. J., Chung, J. W., Park, S., & Shin, J. T. (2009). Psychophysiological stress response during competition between elite and non-elite Korean junior golfers. International Journal of Sports Medicine, 30 (7), 503-8. https://doi.org/ 10.1055/s-0029-1202338.
Kudielka, B. M., Hellhammer, D. H., & Wüst, S. (2009). Why do we respond so differently? Reviewing determinants of human salivary cortisol responses to challenge. Psychoneuroendocrinology, 34 (1), 2-18. https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2008.10.004.
Lightman, S. L., Birnie, M. T., & Conway-Campbell, B. L.(2020). Dynamics of ACTH and Cortisol Secretion and Implications for Disease. Endocrine reviews, 4 (3), 470-490. https://doi.org/10.1210/endrev/bnaa002.
Loures, D. L., Sant'Anna, I., Baldotto, C. S. R., Sousa, E. B. S., & Nóbrega, A. C. L. (2002). Estresse Mental e Sistema Cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 78 (5), 525-530. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2002000500012.
Maidana, P., Bruno, O. D., & Mesch. V. (2013). Medición de cortisol y sus fracciones uma puesta al día. Medicina. 73 (6), 579-584.
Margis, R., Picon, P., Cosner, A. F., & Silveira, R. O. (2003). Relação entre estressores, estresse e ansiedade. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 25 (1), 65-47. https://doi.org/10.1590/S0101-81082003000400008.
Mcewen, B. S. (2016). Stress: Homeostasis, rheostasis, reactive scope, allostasis and allostatic load. In: The Curated Reference Collection in Neuroscience and Biobehavioral Psychology. Elsevier Science Ltd.
Mcewen, B. S. (2000). The neurobiology of stress: From serendipity to clinical relevance. Brain Research, 886(1-2):172-189. https://doi.org/ 10.1016/s0006-8993(00)02950-4.
Mcewen, B. S., Stellar, E. (1993). Stress and the Individual: Mechanisms Leading to Disease. Archives of Internal Medicine, 153(18), 2093-2101. https://doi.org/ 10.1001/archinte.1993.00410180039004.
Mcewen, B. S., Wingfield, J. C. (2003). The concept of allostasis in biology and biomedicine. Hormones Behavior, 43 (1), 2-15. https://doi.org/10.1016/S0018-506X(02)00024-7.
Myers, B., Mcklveen, J. M., & Herman, J. P. (2014). Glucocorticoid actions on synapses, circuits, and behavior: Implications for the energetics of stress, Frontiers in Neuroendocrinology, 35 (2), 180-196. https://doi.org/10.1016/j.yfrne.2013.12.003.
Nicolaides, N. C., Kyratzi, E., Lamprokostopoulou, A., Chrousos, G. P., & Charmandari, E. (2015). Stress, the stress system and the role of glucocorticoids. NeuroImmunoModulation, 22(1), 6-19. https://doi.org/10.1159/000362736.
Pacák, K., Palkovits, M. (2001). Stressor specificity of central neuroendocrine responses: Implications for stress-related disorders, Endocrine Reviews, 22 (4) 502-48. https://doi.org/10.1210/edrv.22.4.0436.
Pereira, M. C., Ribeiro, L. (2012). Stresse, Catecolaminas e Risco Cardiovascular. Arquivos de Medicina, 26 (6), 245-253.
Poletto, M., Koller, S. H., & Dell'aglio, D. D. (2009). Eventos estressores em crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de Porto Alegre. Ciência & Saúde Coletiva, 14 |(2), 455-66. https://doi.org/10.1590/S1413-81232009000200014.
Ramamoorthy, S., Cidlowski, J. A. (2016). Corticosteroids. Mechanisms of Action in Health and Disease, Rheumatic Disease Clinics of North America, 2(1),15-31, https://doi.org/10.1016/j.rdc.2015.08.002.
Ranabir, S., Reetu, K. (2011). Stress and hormones. Indian Journal Endocrinology and Metabolism, 15(1):18-22. https://doi.org/10.4103/2230-8210.77573.
Reina-Couto, M., Afonso, J., Carvalho, J., Morgado, L., Ronchi, F. A., Leite, A. P.O., Dias, C. C., Casarini, D, E., Bettencout, P., & Albino-Teixeira, A. (2020) Interrelationship between renin-angiotensin-aldosterone system and oxidative stress in chronic heart failure patients with or without renal impairment. Biomedicine & Pharmacotherapy, 113. https://doi.org/10.1016/j.biopha.2020.110938.
Reppert, S. M., Weaver, D. R. (2002). Coordination of circadian timing in mammals, Nature, 418, 935-941, 2002. https://doi.org/10.1038/nature00965.
Reynoso-Sánchez, L. F., Flores, J. R. H., García-Dávila, M., Taraco, A. G. R., Jaenes Sánchez, J. C., López-Walle, J. M., Hernández-Cruz, G. (2017). Cortisol y estrés-recuperación durante un periodo competitivo en jugadores de balonmano. Revista de Psicologia del Deporte, 26 (2), 125-131.
Russell, G. M., Kalafatakis, K., & Lightman, S. L. (2015).The Importance of Biological Oscillators for Hypothalamic-Pituitary-Adrenal Activity and Tissue Glucocorticoid Response: Coordinating Stress and Neurobehavioural Adaptation, Journal of Neuroendocrinol, 27(6), 378-88. https://doi.org/10.1111/jne.12247.
Schulte, P. M. (2014). What is environmental stress? Insights from fish living in a variable environment. Journal of Experimental Biology, 217 (1), 23-34. https://doi.org/10.1242/jeb.089722.
Selye, H. A. (1936). Syndrome produced by diverse nocuous agents. Nature, 138 (32) , 1936.
Selye, H. A. (1959). Stress, a tensão da vida. Editora Ibrasa - Instituição Brasileira de Difusão Cultural.
Shirtcliff, E. A., Buck, R. L., Laughlin, M. J., Hart, T., Cole, C. R., & Slowey, P. D. (2015). Salivary Cortisol Results Obtainable Within Minutes of Sample Collection Correspond with Traditional Immunoassays. Clinical Therapeutics, 37 (3), 505-14. https://doi.org/10.1016/j.clinthera.2015.02.014.
Shonkoff, J. P., Boyce, W. T., & Mcewen, B. S. (2009). Neuroscience, molecular biology, and the childhood roots of health disparities: Building a new framework for health promotion and disease prevention. JAMA, 301 (21), 2252-9. https://doi.org/10.1001/jama.2009.754.
Silva, M.L., Mallozi, M.C., & Ferrari, G.F. (2007). Cortisol salivar na avaliação do eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal em crianças saudáveis menores de 3 anos. Jornal de Pediatria, 83 (2), 121-126. https://doi.org/10.1590/S0021-75572007000200005.
Soares, A., Pereira, M. (2006). Cortisol como variável em psicologia da saúde. Psicologia, saúde e doenças, 7 (2), 165-177.
Sousa, M. B. C., Silva, H. P. A., & Galvão-Coelho, N. L. (2015). Resposta ao estresse: I. Homeostase e teoria da alostase. Estudos de Psicologia, 20 (1), 2-11. https://doi.org/10.5935/1678-4669.20150002.
Sterling, P.; Eyer, J. Allostasis: (1988). A New Paradigm to Explain Arousal Pathology. In: Handbook of Life Stress, Cognition and Health. In: Handbook of Life Stress, Cognition and Health: Edited by S. Fisher and J. Reasonp.
Steven J. Forrester, S. J., Booz, G. W., Sigmund, C. D., Coffman, T. M., Kawai, T., Rizzo, V., Scalia, R., & Eguchi, S. (2018). Angiotensin II Signal Transduction: An Update on Mechanisms of Physiology and Pathophysiology. Physiological Reviews, 98 (8), 1627-1728. https://doi.org/10.1152/physrev.00038.2017.
Tanno, A. P., Marcondes, F. K. (2002). Estresse, ciclo reprodutivo e sensibilidade cardíaca às catecolaminas, Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 38 (3), 273-289. https://doi.org/10.1590/S1516-93322002000300004.
Tricoli, V. A. C. (2010). O estresse emocional e seus efeitos. In Lipp, Marilda (Org.). O adolescente e seus dilemas: orientação para pais e educadores. Editora Papirus.
Ulrich-Lai, Y. M., Herman, J. P. (2009). Neural regulation of endocrine and autonomic stress responses, Nature Reviews Neuroscience, 10 (6), 397-409. https://doi.org/10.1038/nrn2647.
Vallejo, M. A., Vallejo-Slocker, L., Fernández-Abascal, E. G., & Mañanes, G. (2018). Determining factors for stress perception assessed with the Perceived Stress Scale (PSS-4) in Spanish and other European samples. Frontiers in Psychology, 26 (9), 1-8. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.00037. eCollection 2018.
Veldhuis, J. D., Iranmanesh, A., Lizarralde, G., & Johnson, M. L. (1989). Amplitude modulation of a burstlike mode of cortisol secretion subserves the circadian glucocorticoid rhythm. American Journal of Physiology, 257 (1), E6-14. https://doi.org/10.1152/ajpendo.1989.257.1.E6.
Verbeeten, K. C., Ahmet, A. H. (2018). The role of corticosteroid-binding globulin in the evaluation of adrenal insufficiency, Journal of Pediatric Endocrinology and Metabolism, 31 (2), 107-115. https://doi.org/10.1515/jpem-2017-0270.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Sérgio Ricardo Boff; Alexandre Gabarra Oliveira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.