Terapia ocupacional e pessoas trans: os impactos da cobrança social sobre o gênero
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i16.23858Palavras-chave:
Pessoas transgênero; Socialização; Saúde mental.Resumo
O papel do homem e da mulher na sociedade é definido pelos seus órgãos sexuais, entretanto, pessoas que não se encaixam e identificam-se como sendo do gênero oposto questionam esse conceito, as pessoas trans. A cobrança de comportamentos e imagem corporal pode afetar a saúde mental e a vida social. A terapia ocupacional trabalha em diferentes contextos no cuidado às pessoas trans que por vezes enfrentam dificuldades nas suas relações e nos ambientes sociais. Objetivo geral: compreender e relatar os impactos sociais e mentais das noções de gênero sobre as pessoas trans, por meio de atividades expressivas utilizadas no encontro de terapia ocupacional. Objetivos específicos: compreender as maiores dificuldades e/ou preconceitos enfrentados pelas pessoas trans na sua infância e na sociedade atual; entender o quanto as opressões sociais afetam a saúde mental delas e o que almejam para essa melhora e descrever a compreensão sobre família, amor e sua expectativa para o futuro. A metodologia da pesquisa é qualitativa, com análise de discurso, que foram realizadas em um encontro, com um grupo de pessoas trans, com temáticas diversas. Foi possível perceber que o preconceito percorre toda a vida dessas pessoas, fazendo com que vivenciem situações de repressão e violência desde a infância, gerando o medo e a necessidade de lutar pela própria existência e pela liberdade de ser feliz sendo quem são, além disso, a sociedade tem papel fundamental na vida dessas pessoas, podendo ser fator de risco ou de proteção.
Referências
Adelman, M. (2003). Travestis e Transexuais e os Outros: Identidade e Experiências de Vida. Revista Gênero, 4(1), 65-100. https://doi.org/10.22409/rg.v4i1.238
Associação brasileira de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. (2015). Identidade de Gênero. In F. Martins, L. Romão, L. Lindner, & T. Reis (Orgs.), Manual de comunicação lgbt (pp. 16-18). ABGLT. https://unaids.org.br/wp-content/uploads/2015/09/Manual-de-Comunica%C3%A7%C3%A3o-LGBT.pdf
Ávila, S. (2014). Transmasculinidades: a emergência de novas identidades políticas e sociais. Multifoco.
Ballarin, M. L. G. S. (2003). Algumas reflexões sobre grupos de atividades em terapia ocupacional. In E. M. M. Padua & L. V. Magalhães (Orgs.), Terapia ocupacional: teoria e prática (pp. 63-76). Papirus.
Balzer, C., Lagata, C., & Berredo, L. (2016) 2,190 murders are only the tip of the iceberg – An introduction to the Trans Murder Monitoring project TMM annual report. TGEU- Transgender Europe. TvT Publication Series. (14). https://transrespect.org/wp-content/uploads/2016/11/TvT-PS-Vol14-2016.pdf
Benneton, M. J. (1994). A terapia ocupacional como instrumento nas ações de saúde mental [Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas].
Bento, B. (2006). A reivenção do corpo: Sexualidade e Gênero na experiência transexual. GARAMOND.
Bento, B. (2012). As famílias que habitam “a família”. Sociedade e Cultura. 15(2), 275-84. Universidade Federal de Goiás. Goiânia. https://www.revistas.ufg.br/fcs/article/view/22396/13408
Bortoni, L. (2017, 20 junho). Expectativa de vida de transexuais é de 35 anos, metade da média nacional. Senado Federal, Senado Notícias- Especial Cidadania. https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/expectativa-de-vida-de-transexuais-e-de-35-anos-metade-da-media-nacional
Bunchaft, M. E. (2013). A jurisprudência brasileira da transexualidade: uma reflexão à luz de dworkin. Sequência, 34(67), 277-308. http://dx.doi.org/10.5007/2177-7055.2013v34n67p277
Butler, J. P. (2003). Problemas de Gênero. Feminismo e Subversão da Identidade. (Renato Aguiar, Ed. &Trad.). Civilização Brasileira.
Cassalha, O. C., Casarin, S. T., Cortes, H. M., & Antonacci, M. H. (2020). Vivências de pessoas transgêneras no atendimento à saúde: metassíntese qualitativa. Research, Society and Development, 9 (10). http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8810
Carrara, S., & Vianna, A. (2006). “Tá lá o corpo estendido no chão...”: a violência letal contra travestis no município do Rio de Janeiro. Physis, 16(1), 233-249.
Gherpelli M. H. B. V. (1996). A educação preventiva em sexualidade na adolescência. Série ideias (29), 61-72. FDE. http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_29_p061-071_c.pdf
Gonçalves, M. (2009). Psiquiatria na Prática Médica - Transtornos Psiquiátricos &Fibromialgia. Psychiatry on line Brasil, 14 (11). http://www.polbr.med.br/ano09/prat1109.php#cima
Hames, M. L. C, Carraro, T. E., Ramos, F. R., & Tholl, A. D. (2008). A alteridade como critério para cuidar e educar nutrizes: reflexões filosóficas da prática. Revista Brasilera de Enfermagem, 61(2), 249-53. https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=267019607017
Jesus, J. G. (2012). Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos: Guia técnico sobre pessoas transexuais, travestis e demais transgêneros, para formadores de opinião. Fundação Biblioteca Nacional. http://www.diversidadesexual.com.br/wp-content/uploads/2013/04/G%C3%8ANERO-CONCEITOS-E-TERMOS.pdf
Jesus, M. C. P. (2000). Educação Sexual e compreensão da sexualidade na perspectiva da enfermagem. In: R. F. R. S., M, M., & N. R. G. (Orgs.). Um encontro de enfermagem com o adolescente brasileiro. (pp. 46-55). Aben.
Lanz, L. (2014). O Corpo da Roupa: a pessoa transgênera entre a transgressão e a conformidade com as normas de gênero. [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná]. Acervo Digital de Teses e Dissertações da UFPR. https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/36800/R%20-%20D%20-%20LETICIA%20LANZ.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Louro, G. L. (2001). Teoria QUEER: Uma Política Pós-identitária para a Educação. Revista de Estudos Feminista, 9(2), 541-553. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2001000200012
Mello, L, Perilo., M, Braz, C. A. & Pedrosa, C. (2011). Políticas de saúde para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no Brasil: em busca de universalidade, integralidade e equidade. Sexualidade, salud y sociedade, (9), 7-28. https://doi.org/10.1590/S1984-64872011000400002
Melo, K. M. M. (2016). Terapia Ocupacional Social, pessoas trans e Teoria Queer: (re)pensando concepções normativas baseadas no gênero e na sexualidade. Caderno de Terapia Ocupacional da UFSCAR, 24(1), 215-223.
Minayo, S. & Sanches, O. (1993). Quantitativo-Qualitativo: oposição ou complementaridade? Caderno de Saúde Pública, 9(3), 239-48.
Ministério da saúde. (2011). Portaria nº 2.836, de 1º de dezembro de 2011. Institui, no âmbito do sistema único de saúde (sus), a política nacional de saúde integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (política nacional de saúde integral lgbt). Http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2836_01_12_2011.html
Ministério da saúde. (2013). Portaria nº 2.803, de 19 de novembro de 2013. Redefine e amplia o processo transexualizador no sistema único de saúde (sus). Art. 13. Http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2803_19_11_2013.html
Nery, J. W. & Maranhão Filho, E. M. A. (2015). Trans-homens: a distopia nos tecno-homens. In A. G.N. Sena & K. M. B. Souto (Orgs), Transexualidade e travestilidades na saúde. Ministério da Saúde; (pp. 25-35). http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/transexualidade_travestilidade_saude.pdf
Olson, J., Forbes, C., & Belzer, M. (2011). Protocolo Olson, Forbes, Belzer - Gestão do Adolescente Transgênero. Archives of pediatrics & adolescent medicine, 165(2), 171-176.
Pelúcio, L. (2009). Abjeção e desejo: uma etnografia travesti sobre o modelo preventivo de aids. Annablume.
Peres, W. (2005). Subjetividade das travestis brasileiras: da vulnerabilidade da estigmatização à construção da cidadania. [Tese de Doutorado, Universidade Estadual do Rio de Janeiro].
Petry, A. R., & Meyer, D. E. (2011). Transexualidade e heteronormatividade: algumas questões para a pesquisa. Textos & Contextos (Porto Alegre), 10(1), 193 - 198. c
Pontes, J. C., & da Silva, C. G. (2018). Cisnormatividade e passabilidade: deslocamentos e diferenças nas narrativas de pessoas trans. Revista Periódicus, 1(8), 396–417. https://doi.org/10.9771/peri.v1i8.23211
Presidência da república. (2016). Decreto nº 8.727, de 28 de abril de 2016. Casa civil. Dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/d8727.htm
Presidência da República. (2019). MEDIDA PROVISÓRIA Nº 870, DE 1º DE JANEIRO DE 2019. Casa Civil. Estabelece a organização dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios. Art.44. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv870.htm
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS. (2018, 19 junho). OMS anuncia retirada dos transtornos de identidade de gênero de lista de saúde mental. https://unaids.org.br/2018/06/oms-anuncia-retirada-dos-transtornos-de-identidade-de-genero-de-lista-de-saude-mental/
Raimundo, L. H., Miranda, M. H. G., Silva, A. C., Santos, B. A. R., Silva, D., Almeida, J. C. F., Siva, L. T., & Rocha, P. S. (2021). As Travestis, Transexuais e Transgêneros (TTTs) e a escola: Entre a (re)produção e a denúncia dos corpos abjetos. Research, Society and Development, 10(10). https://doi.org/10.33448/rsd-v10i10.18336
Rosostolato, B. (n.d.) Criança transgênero: nem menino, nem menina. UOL MBPress. https://vilamulher.uol.com.br/familia/filhos/crianca-transgenero-9152.html
Silva, G. C., & Silva, J. M. M. (2013). O ensino superior como lugar não homologado da abjeção e da diferença: sobre o devir homoerotismo. Revista do Difere, 3(6), 1-14. https://sigaa.ufpa.br/sigaa/verProducao?idProducao=182806&key=e9b2bf1f4da31583310ea2b567e093ee
Souza, É. (2015). Projeto transexualidades e saúde pública no brasil: entre a invisibilidade e a demanda por políticas públicas para homens trans. Relatório Descritivo. Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT (NUH-UFMG) /Departamento de Antropologia e Arqueologia (DAA-UFM). http://www.nuhufmg.com.br/homens-trans-relatorio2.pdf
Supremo Tribunal Federal. (2018). Direito à autodeterminação: STF autoriza pessoa trans a mudar prenome mesmo independentemente de cirurgia de transgenitalização. ADI 4275. http://www.stf.jus.br/portal/geral/verPdfPaginado.asp?id=400211&tipo=TP&descricao=ADI %2 F4275
Supremo Tribunal Federal. (2019). STF enquadra homofobia e transfobia como crimes de racismo ao reconhecer omissão legislativa: O Plenário concluiu nesta quinta-feira (13) o julgamento das ações que tratam da matéria e decidiu que, até que o Congresso Nacional edite lei específica, as condutas homofóbicas e transfóbicas se enquadram na tipificação da Lei do Racismo. https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=414010
Viviane, V. (2014). Trans* Sexualidade: Reflexões sobre a mercantilização do sexo desde uma perspectiva transgênera. Revista Periódicus, 1(1), 174–190. https://doi.org/10.9771/peri.v1i1.10154
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Raphaela Schiassi Hernandes ; Stéphanie Santana dos Santos Matos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.