Tolerância ao fenantreno por fungos isolados de uma reserva ecológica de Mato Grosso, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i17.24419Palavras-chave:
Fungos; Biorremediação; Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos.Resumo
A seleção de espécies com potencial em degradação de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) é uma etapa fundamental para o sucesso em programas de biorremediação. Entre alguns métodos, o teste de tolerância ao contaminante de interesse tem auxiliado os pesquisadores na obtenção de organismos com potencial em degradar HPAs. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi analisar o potencial de fungos, isolados de uma reserva ecológica do Centro-Oeste brasileiro, em tolerar fenantreno, um HPA de elevada toxicidade e encontrado em petróleo e seus derivados. Para tanto, discos da cultura dos fungos (8mm), obtidos após 7 dias de crescimento em MEA 2%, foram transferidos para placas de Petri contendo MEA 0,2%, após inoculação superficial com cristais de fenantreno e incubados a 28 °C. O crescimento micelial foi medido por um período de 10 dias na ausência e presença de diferentes concentrações de fenantreno (200 µg/mL, 600 µg/mL e 1000 µg/mL), em triplicata. Os dados foram analisados através da taxa de crescimento fúngico (CF), inibição de crescimento fúngico (ICF) e Análise de Variância (ANOVA) seguida do Teste de Tukey (p>0,05). Ao décimo dia de crescimento, Phanerochaete australis SA18, Disporotrichum dimorphosporum SA09 e Lentinus crinitus SA37 se destacaram, com as maiores CF e baixa ICF, consequentemente. P. australis tolerou todas as diferentes concentrações de fenantreno e destacou-se estatisticamente dos demais fungos. A partir desse resultado, sugere-se novos estudos com P. australis, sobre produção enzimática, capacidade de degradação e produção de metabólitos de fenantreno.
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