Análise das infecções do trato respiratório em unidade de terapia intensiva de um hospital do sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i17.24702Palavras-chave:
Infecção Hospitalar; Pneumonia Associada a Assistência à Saúde; Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica.Resumo
As infecções hospitalares elevam a morbimortalidade e acarretam prejuízos financeiros para as instituições de saúde, sendo que o risco é maior nas unidades de terapia intensiva, devido a fragilidade dos pacientes, uso de antibióticos de largo espectro e procedimentos invasivos frequentes. Nesse contexto, o trato respiratório é o mais acometido e tem como principal fator de risco a ventilação mecânica. O presente trabalho tem como objetivo determinar a prevalência e as características das infecções respiratórias ocorridas em pacientes internados nessas unidades. Trata-se de um estudo retrospectivo, realizado a partir das notificações de infecção hospitalar, de janeiro de 2017 a dezembro de 2019, ocorridas nas unidades de terapia intensiva de um hospital terciário do Paraná. Houve 398 notificações, sendo o trato respiratório responsável por 68,3%. As pneumonias associadas à ventilação mecânica foram as mais prevalentes, apesar de demonstrar um declínio no período estudado. As traqueobronquites, embora menos prevalentes, apresentaram a maior letalidade (31,6%). O Staphylococcus aureus resistente à meticilina foi o microrganismo mais frequente (11%), seguido de Pseudomonas aeruginosa (9,6%). Enquanto isso, o esquema terapêutico mais utilizado para o tratamento dessas infecções foi piperacilina-tazobactam (43%). Este estudo contribuiu com dados epidemiológicos das infecções nosocomiais da instituição pesquisada, possibilitando elencar estratégicas e medidas de prevenção com maior especificidade e direcionamento voltado à realidade local, além de poder ser utilizado para comparação em estudos futuros.
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