Ateleia glazioveana e Ocimum basilicum: plantas com potencial larvicida e repelente frente ao Aedes aegypti (Diptera, Culicidae)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i17.24733

Palavras-chave:

Dengue; Produto natural; Repelência.

Resumo

O Aedes aegypti é o principal vetor de transmissão de doenças como dengue, febre amarela, Chikungunya e Zika. Os agentes utilizados para o controle do mosquito envolvem o uso de compostos sintéticos contudo, estes podem causar toxicidade e contaminação ambiental. Visando testar a efetividade de produtos naturais, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade larvicida e repelente dos extratos de Ateleia glazioveana Baill. (timbó) e óleo essencial de Ocimum basilicum L. (manjericão), frente ao A. aegypti. As atividades dos extratos hidroalcoólico (HEA) e diclorometano (DEA) de A. glazioveana foram avaliadas após exposição por 24, 48 e 72 h, utilizando água e Bacillus thuringiensis israelensis como controle negativo e positivo, respectivamente. Para avaliação repelente, foi investigado as tentativas de picadas de A. aegypti em resposta à aplicação de cremes corporais à base de HEA e DEA (5%), além de um spray alcoólico à base de óleo essencial de O. basilicum. A repelência dessas preparações foi comparada com os controles negativo (veículo) e positivo (DEET). Embora HEA não tenha demonstrado atividade larvicida aparente, DEA nas concentrações de 150 a 500 mg/ml apresentou elevado potencial larvicida após 24 h, em comparação com o grupo de controle negativo (p < 0,001). Além disso, o creme à base de DEA e o spray alcoólico de óleo essencial à base de O. basilicum apresentaram maior repelência em relação ao veículo (84,5% e 70,5%, respectivamente). Assim, é possível inferir que extratos e preparações de A. glazioveana e O. basilicum exibem atividade larvicida e repelente frente A. aegypti.

Referências

Adams, R. P. (2007). Identification of essential oil components by gas chromatography/mass spectrometry. Allured Publishing.

Agarwal, A., Parida, M., & Dash, P. K. (2017). Impact of transmission cycles and vector competence on global expansion and emergence of arboviruses. Reviews in Medical Virology, 27 (5), 1941.

Atanasov, A. G., Waltenberger, B., Pferschy-Wenzig, E.-M., Linder, T., Wawrosch, C., Uhrin, P., Temml, V., Wang, L., Schwaiger, S., Heiss, E. H., Rollinger, J. M., Schuster, D., Breuss, J. M., Bochkov, V., Mihovilovic, M. D., Kopp, B., Bauer, R., Dirsch, V. M. & Stuppner, H. (2015). Discovery and resupply of pharmacologically active plant-derived natural products: A review. Biotechnology Advances, 33 (8), 1582–1614.

Brasil. (2019). Farmacopeia Brasileira. Brasília.

Carneiro, V. C. S., Braz De Lucena, L., Figueiró, R. & Victório, C. P. (2021). Larvicidal activity of plants from Myrtaceae against Aedes aegypti L. and Simulium pertinax Kollar (Diptera). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Online), 54, (e00922020), 1-8.

Coelho, J. S., Santos, N. D. L., Napoleão, T. H., Gomes, F. S., Ferreira, R. S., Zingali, R, B., Coelho, L. C. B. B., Leite, S. P., Navarro, D. M. A. F. & Paiva, P. M. G. (2009). Effect of Moringa oleifera lectin on development of Aedes aegypti larvae. Chemosphere, 77, 934-938.

Copping, L. G. & Duke, S. O. (2007). Natural products that have been used commercially as crop protection agents. Pest Management Science, 63 (6), 524-554.

Corbel, V., Achee, N. L., Chandre, F., Coulibaly, M. B., Dusfour, I., Fonseca, D. M, Grieco, J., Juntarajumnong, W., Lenhart, A., Martins, A. J., Moyes, C., Ching., L. N. G., Pinto, J., Raghavendra, K., Vatandoost, H., Vontas, J., Weetman, D., Fouque, F., Velayudhan, R. & David, J.P. (2016). Tracking insecticide resistance in mosquito vectors of arboviruses: the worldwide insecticide resistance network (WIN). PLoS Neglected Tropical Diseases, 10 (12), 4.

Cozzer, G. D., Rezende, R. S., Lutinski, J. A., Roman-Junior, W. A., Busato, M. A. & Simões, D. A. (2021). How long is long enough? Decreasing effects in Aedes aegypti larval mortality by plant extracts over time. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, 56 (2), 338-345.

Deshpande, R. S. & Tipnis, H. P. (1997). Insecticidal activity of Ocimum basilicum L. Pesticides, 11, 1-12.

Diaz, J. H. (2016). Chemical and plant-based insect repellents: efficacy, safety, and toxicity. Wilderness & Environmental Medicine. 27 (1), 153-163.

Dietrich, F., Strohschoen, A. A. G., Schultz, G., Sebben, A. D. & Rempel, C. (2011). Utilização de inseticidas botânicos na agricultura orgânica de arroio do meio / RS. Revista Brasileira de Agrociências, 17, 251-255.

Franco, I. J. & Fontana, V. L. (1997). Ervas & plantas: a medicina dos simples. Imprimax.

Garcez, W. S., Garcez, F. R., Silva, L. M. G. E. & Sarmento, U. C. (2013). Substâncias de origem vegetal com atividade larvicida contra Aedes aegypti. Revista Virtual de Química, 5 (3), 363-393.

Gava A. & Barros, C. S. L. (2001). Field observations of Ateleia glazioviana poisoning in cattle in Southern Brazil. Veterinary and Human Toxicology, 43 (1), 37-41.

Guarda, C., Lutinski, J. A., Roman-Junior, W. A. & Busato, M. A. (2016). Atividade larvicida de produtos naturais e avaliação da susceptibilidade ao inseticida temefós no controle do Aedes aegypti (DIPTERA: CULICIDAE). Interciencia, 41 (4), 243-247.

Idris, M. M., Mudi, S. Y. & Datti, Y. (2014). Phytochemical screening and mosquito repellent activity of the Stem Bark extracts of Euphorbia balsamifera (Ait). ChemSearch Journal, 5 (2), 46-51.

Isman, M. B. (2006). Botanical insecticides, deterrents, and repellents in modern agriculture and an increasingly regulated world. Annual Review of Entomology, 51, 45-66.

Knowlton, J. & Pearce, S. (1993). Handbook of cosmetic science and technology. Elseveir Science Publications.

Lee, C. C. & Houghton, P. (2005). Cytotoxicity of plants from Malaysia and Thailand used traditionally to treat cancer. Journal of Ethnopharmacology, 100 (3), 237-243.

Lee, M. Y. (2018). Essential oils as repellents against arthropods. BioMed Research International, 2018, 1-9.

Lima-Camara, T. N. (2016). Arboviroses emergentes e novos desafios para a saúde pública no Brasil. Revista de Saúde Pública, 50 (36), 1-7.

Long, R. A. (1995). Livro das árvores: árvores e arvoretas do Sul. L&PM.

Lorenzi, H. & Matos, F. J. A. (2002). Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas, Plantarum. Nova Odessa.

Migliorini, P., Lutinski, J. A. & Garcia, F. R. M. (2010). Eficiência de extratos vegetais no controle de Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae), em laboratório. Biotemas, 23 (1), 83-89.

Moore, S. J. & Debboun, M. (2007). Insect Repellents: principles, methods, and uses. CRC Press, Boca Raton.

Newman, D. J. & Cragg, G. M., (2016). Natural products as sources of new drugs over the period 1981–2014. Journal of Natural Products, 79 (3), 629–661.

Ortega, G. G. & Schenkel, E. P. (1986) Isoflavonas de Ateleia glazioviana Baill (Leguminosae). Cadernos de Farmacologia, 2 (2), 133-161.

Ortega, G. G. & Schenkel, E. P. (1987). Ichthyotoxic activities of Ateleia glazioviana Baill and Thinouia coriaceae Brit. Journal of Ethnopharmacology, 20 (2), 81-84.

Paula, J. P., Farago, P. V., Checchia, L. E. M., Hirose, K. M. & Ribas, J. L. C. (2004). Atividade repelente do óleo essencial de Ocimum selloi Benth. (variedade eugenol) contra o Anopheles braziliensis Chagas. Acta Farmaceutica Bonaerense, 23 (3), 376-378.

Pandey, A. K., Singh, P. & Tripathi, N. N. (2014). Chemistry and bioactivities of essential oils of some Ocimum species: an overview. Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine, 4 (9), 682-694.

Paumgartten, F. J. R. & Delgado, F. I. (2016). Repelentes de mosquitos, eficácia para prevenção de doenças e segurança do uso na gravidez. Vigilância Sanitária em Debate, 4 (2), 97-104.

Pavela, R. (2016). History, presence and perspective of using plant extracts as commercial botanical insecticides and farm products for protection against Insects - A review. Plant Protection Science, 52 (4), 229–241.

Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Pereira, J. F., Shitsuka, R. (2018). Scientific research methodology. [free e-book]. Santa Maria/RS. Ed. UAB/NTE/UFSM

Poopathi, S. & Abidha, S. (2010). Mosquitocidal bacterial toxins (Bacillus sphaericus and B. thuringiensis serovar israelensis): Mode of action, cytopathological effects and mechanism of resistance. Journal of Physiology and Pathophysiology, 1 (3), 22–38.

Rosa, J. P. P. (2016). Resistência de Aedes aegypti ao inseticida Temefós. Revista da Universidade do Vale do Rio Verde, 14 (1), 607-610.

Scarsolini-Comin, F. (2021). Projeto de pesquisa em ciências da Saúde: guia prático para estudantes. 1. Ed. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes.

Sharma, R. N., Bhosale, A. S., Joshi, V. N., Hebbalkar, D. S., Tungikar, V. B., Gupta, A. S. & Patwardhan, S. A. (1981). Lavandula gibsonii: A plant with insectistatic potential. Phytoparasitica, 9 (2), 101–109.

Tyagi, A. K. & Malik, A. (2012). Bactericidal action of lemon grass oil vapors and negative air ions. Innovative Food Science & Emerging Technologies, 13, 169-177.

Usta, J., Kreydiyyeh, S., Bakajian, K. & Nakkash-Chmaisse, H. (2002). In vitro effect of eugenol and cinnamaldehyde on membrane potential and respiratory complexes in isolated rat liver mitochondria. Food and Chemical Toxicology, 40, 935–940.

Vasconcelos, J. N., Santiago, G. M. P., Lima, J. Q., Mafezoli, J., Lemos, T. L. G. D., Da Silva, F. R. L., Lima, M. A. S., Pimenta, A. T. A., Braz-Filho, R., Arriaga, A. M. C. & Cesarin-Sobrinho, D. (2012). Rotenoids from tephrosia toxicaria with larvicidal activity against Aedes aegypti, the main vector of dengue fever. Quimica Nova, 35 (6), 1097-1100.

Woisky, R. G. & Salatino, A. (1998). Analysis of propolis: some parameters and procedures for chemical quality control. Journal of Apicultural Research, 37 (2), 99-105.

World Health Organization. (2006). Guidelines for the Treatment of Malaria/WHO Library Cataloguing-in-Publication Data Switzerland.

Xavier, I., Valle, V., Lunkes, D., Nedel, A. S., Anarbor, V., Campos, M. M. A., Botton, S. A., Delbon, M. C. C. & Sangion, L. A. (2013). Fatores epidemiológicos da dengue na região central do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, 2007 – 2010. Ciência Rural, 43 (1), 87-91.

Zara, A. L. S. A., Santos, S. M., Fernandes-Oliveira, E. S., Carvalho, R. G. & Coelho, G. E. (2016). Estratégias de controle do Aedes aegypti: uma revisão. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 25 (2), 391-404.

Downloads

Publicado

27/12/2021

Como Citar

ALIEVI, K.; CAPOANI, G. T.; BUZATTO, M.; MIORANDO, D.; SERPA, P. Z.; FOGOLARI, O.; IGNÁCIO, Z. M.; SIMÕES, D. A.; BUSATO, M. A.; LUTINSKI, J. A.; ROMAN JUNIOR, W. A. Ateleia glazioveana e Ocimum basilicum: plantas com potencial larvicida e repelente frente ao Aedes aegypti (Diptera, Culicidae). Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 17, p. e228101724733, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i17.24733. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/24733. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde