Potenciais interações medicamentosas graves em pacientes com doença renal crônica não dialítica: uma frequência preocupante

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i1.24907

Palavras-chave:

Interações medicamentosas; Doença renal crônica; Polimedicação; Uso de medicamentos; Saúde pública.

Resumo

Objetivo: avaliar as potenciais interações medicamentosas graves e moderadas em pacientes com doença renal crônica (DRC) não dialítica em uso de polifarmácia. Metodologia: estudo transversal realizado em município do centro-oeste mineiro/Brasil. A população foi composta por pacientes com doença renal não dialítica atendidos no ambulatório de nefrologia municipal. Análise descritiva foi utilizada para caracterização do perfil sociodemográfico, clínico e laboratorial da população. Análise de regressão logística bivariada foi aplicada para determinar os fatores associados às potenciais interações medicamentosas. As variáveis que apresentaram valor de p < 0,20 foram conduzidas ao modelo multivariado. Resultados: Do total de 75 participantes a maioria era do sexo feminino, idosa e de cor branca. Entre eles 60% (45/75) se encontravam nos estágios 3A e 3B da doença renal. Não foi encontrado associação significativa entre o uso da polifarmácia e a Taxa de filtração glomerular estimada (p <0,671). Entre as 630 prescrições farmacológicas avaliadas foi encontrado um total de 833 interações medicamentosas (IM´s), sendo 7,68% (n=64) graves, 75,27% (n=627) moderadas e 17,05% (n=142) leves. Foi identificado uso da polifarmácia em 81,3% (61/75) dos pacientes com média de nove medicamentos por paciente. Conclusões: elevadas taxas de interações medicamentosas moderadas foram encontradas, além da presença de interações graves. A associação de múltiplos medicamentos na farmacoterapia, em especial, de pacientes idosos com doença renal muitas vezes é inevitável e, por isso, merecem atenção especial por parte não só dos profissionais prescritores, como de toda equipe afim de resguardar a segurança destes pacientes evitando eventos adversos relacionados às IMs.

Referências

Barnett, N. L., Oboh, L. & Smith, K. (2016) Patient-centred management of polypharmacy: a process for practice. Eur J Hosp Pharm.

Bastos, M. G., Bregman, R. & Kirsztajn, G. M. (2010) Doença renal crônica: frequente e grave, mas também prevenível e tratável. Rev Assoc Med Bras.

Bastos, M. G & Kirsztajn, G. M. (2011) Doença renal crônica: importância do diagnóstico precoce, encaminhamento imediato e abordagem interdisciplinar estruturada para melhora do desfecho em pacientes ainda não submetidos à diálise. J. Bras. Nefrol. [online].

Bertol, C. D. & Silva, A. P. (2019) A Prevalência de Interações Medicamentosas em Idosos Institucionalizados e Fatores Associados. Dissertação de Mestrado da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo. Rio Grande do Sul.

Cadogan, C. A., Ryan, C. & Hughes, C. M. (2016) Appropriate polypharmacy and medicine safety: when many is not too many. Drug Safety, 39(2), 109-116.

Ciências da Saúde (2021) Pluralidade dos aspectos que interferem na saúde humana / Organizador Luis Henrique Almeida Castro. Atena.

Cruciol-Souza, J. M. & Thomson, J. C. (2006) A pharmacoepidemiologic study of drug interactions in a Brazilian teaching hospital. Clinics.

Dasso, N.A. (2019) How is exercise different from physical activity? A concept analysis. Nurs Forum; 54:45-52.

Ernest, R., Fischer K., Molino C. G. R. C, Orav, E. J., Theiler, R., Meyer, U., et al. (2020) Polypharmacy and kidney function in community-dwelling adults age 60 years and older: a prospective observational study. J Am Med Dir Assoc. 21(2):254–9.

Field, A. (2005) Descobrindo a Estatística usando o SPSS. (2a ed.), Artmed, 688p.

Formica, M. et al. (2018) Acute kidney injury and chronic kidney disease in the elderly and polypharmacy. Blood Purification, 46(4), 332–336.

Giordani, J.S., Barelli, C., Piovesan, F. & Nascimento, C. A.. Polifarmácia associada ao rim senil e suas consequências. In Ciências médicas: campo teórico, métodos, aplicabilidade e limitações 4 / Organizador Benedito Rodrigues da Silva Neto. – Ponta Grossa - PR: Atena, 2021. Cap 12, pag 85 -90.

Godoy, M. F, Lima & T. A. M. (2016) Avaliação de Interações Medicamentosas Potencias em Prescrição para Idosos com Sindrome Coronariana Aguda da Cardiologia Clínica de um Hospital de Ensino. Dissertação de Mestrado da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto no Curso de Pós- Graduação em Enfermagem. São José do Rio Preto, SP.

Hyang Ki et al., Polypharmacy and the Progression of Chronic Kidney Disease: Korean Cohort Study for Outcome in Patients with Chronic Kidney Disease Kidney Blood Press Res 10.1159/00051602.

Moraes Junior, C. S., Fernandes, N. M. S. & Colugnat, F. A. B. C. (2021) O tratamento multidisciplinar para pacientes com doença renal crônica em pré-diálise minimiza os custos: uma análise de coorte retrospectiva de quatro anos. Braz. J. Nephrol. (J. Bras. Nefrol.) 43(3):330-339 https://doi.org/10.1590/2175- 8239-JBN-2020-0226.

Kang, H. & Hong, S. H. (2021) Risk of kidney dysfunction from polypharmacy among older patients: a nested case-control study of the South Korean senior cohort. Sci Rep. (9:10440).

Leone, R., Magro, L., Moretti, U.; Cutroneo, P., Moschini, M., Motola, D., et al. (2010) Identifying adverse drug reactions associated with drug-drug interactions: data mining of a spontaneous reporting database in Italy. Drug Saf.

Levey, A. S., Stevens, L. A., Schmid, C. H., Zhang, Y. L., Castro, A. F., Feldman, H. I., et al. (2009) A new equation to estimate glomerular filtration rate. Ann Intern Med. 150: 604–12.

Malta, M., Cardoso, L. O., Bastos, F. I., Magnanini & M. M. F., Silva, C. M. F. P. Iniciativa STROBE: subsídios para a comunicação de estudos observacionais. Rev Saúde Pública 2010; 44:559-65.

Freitas, M. J. R., Lamy Z. C., Gomes, C. M. R., Barbosa, R. L., Ribeiro, L. L. M. G. & Morais, A. J. D. (2021) Trajetórias assistenciais de pessoas com doença renal crônica: desafios para a Atenção Básica. Rev. APS. 2021 jan.-mar.; 24(1): 143-59

Marquito, A. B., Fernandes, N. M. S, Colugnati, F. A. B. & De Paula, R. B. (2014) Interações medicamentosas potenciais em pacientes com doença renal crônica Identifying potential drug interactions in chronic kidney disease patients. Jornal Brasileiro de Nefrologia. Campinas, SP. 2014.

Melo, E. C. P. & Santos, M. H. B. A. (2017) Análise de interações medicamentosas potenciais e de eventos adversos a medicamentos em uma unidade de terapia intensiva.. Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, na Fundação Oswaldo Cruz, RJ.

Min, H. K. et al. (2021) Polypharmacy and the Progression of Chronic Kidney Disease: Korean Cohort Study for Outcome in Patients with Chronic Kidney Disease. Kidney and Blood Pressure Research, p. 1-9.

Morais, D. B. et al. (2021). Influência da polifarmácia e do uso de medicamentos inapropriados para idosos sobre a taxa de filtração glomerular. Research Society and Development, v. 10, n. 4, p. e31810414239. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i4.14239

Nascimento, R. C. R. M. et al (2017) Polifarmácia: uma realidade na atenção primária do Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, 51, 19s.

National Kidney Foundation. (2013) Clinical practice guideline for the evaluation and management of chronic kidney disease. Kidney Inter Suppl, 3(1), 1-150, jan.

Neto, L. M. R, Junior, V. L. C. & Crozara, M. A. (2017) Interações medicamentosas potenciais em pacientes ambulatoriais Potential drug interactions in outpatients. O Mundo da Saúde, 41.

Olbrich, S. R., et al. (2009) Sedentarismo: Prevalência e Associação de Fatores de Risco Cardiovascular. Revista Ciência em Extensão, 5(2).

Organização Mundial da Saúde (OMS) (2018). ATC Structure and Principles, WHO Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology. https://www.whocc.no/atc/structure_and_principles/structure_and_principles.

Ramos, L. R., Tavares, L., Bertoldi, N. U., et al. (2016) Polifarmácia e polimorbidade em idosos no Brasil: um desafio em saúde pública. Revista Saúde Pública. Universidade de São Paulo, SP.

Romão, JR, J.E. (2004) Doença renal crônica: definição, epidemiologia e classificação. Jornal Brasileiro de Nefrologia.

Saude.gov.br. (2021) Brasília: Diretrizes clínicas para o cuidado ao paciente com doença renal crônica – DRC no Sistema único de Saúde, 2014-37; [Consultado 2021 jan 10] https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/marco/24/diretriz-cl--nica-drc-versao-final.pdf

Santana, et al. (2019) O Impacto da Polifarmácia na Qualidade de Vida de Idosos. Revista de Enfermagem UFPE Online. Recife, 2019.

Silva, M. H. et al. (2021). Drug interactions in the pharmacotherapy of patients included in primary care comprehensive medication management services. Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde. 12(2):0545. 10.30968/rbfhss.2021.122.0545.

Sociedade Brasileira de Nefrologia. (2020) Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia 2016. <http://www.censo-sbn.org.br/censosAnteriores>.

S. K. A. G. L et al. (2021) Polypharmacy and the Progression of Chronic Kidney Disease: Korean Cohort Study for Outcome in Patients with Chronic Kidney Disease. Kidney and Blood Pressure Research, p. 1-9.

Wu, S. et al. (2020) Morphological and functional characteristics of aging kidneys based on two-photon microscopy in vivo. Journal of Biophotonics, 13(2), 1–13.

Downloads

Publicado

08/01/2022

Como Citar

SILVA, A. L. C. .; PAOLINELLI, J. P. V. .; CONTAIFFER, P. C. .; QUADROS, K. A. N.; MORAIS, F. A. de .; BALDONI, A. O.; OTONI, A. Potenciais interações medicamentosas graves em pacientes com doença renal crônica não dialítica: uma frequência preocupante. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 1, p. e36311124907, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i1.24907. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/24907. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde