Polifarmácia e multimorbidade na Síndrome Pós-poliomielite: Evidência de riscos?
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i1.24951Palavras-chave:
Síndrome Pós-Poliomielite; Doenças crônicas; Multimorbidade; Polimedicação.Resumo
A Síndrome Pós-poliomielite (SPP), tem como medida terapêutica a utilização de medicamentos para sua sintomatologia; porém, percebe-se também a utilização de diversos fármacos para outras morbidades. O artigo visou investigar o perfil farmacoterapêutico dos pacientes com SPP atendidos em nível ambulatorial num hospital terciário brasileiro, bem como, a prática de polifarmácia e sua associação com os indicadores demográficos e socioeconômicos, doenças crônicas e sintomas da SPP. Realizou-se um estudo descritivo com desenho transversal com 150 pacientes com diagnóstico de SPP, e por meio de um formulário obteve-se dados demográficos e socioeconômicos, clínicos e farmacoterapêuticos. A média de idade dos pacientes com SPP foi 53 anos; 74% do gênero feminino; 42,6% com 13 anos ou mais de estudo; 93,3% com renda econômica própria e 96% dos pacientes apresentaram outras morbidades, com média de 4 morbidades/paciente, sendo a Hipertensão Arterial a mais prevalente (45%). Os pacientes utilizaram até 14 medicamentos, com média de 5 medicamentos/paciente – presença de Polifarmácia (52%); 72,6% utilizavam medicamentos que atuam no sistema nervoso – maior prevalência de antidepressivos. Constatou-se pelo teste Chi-quadrado, associações estatísticas significativas p<0,05 com as variáveis independentes “gênero feminino”, “morbidades”, “nunca ter sido fumante”, “não utilizar medicamentos conforme prescrição médica”, “possuir característica clínica da SPP: intolerância ao frio”. Diante das evidências de riscos, é necessário proporcionar uma farmacoterapia necessária, segura, efetiva e racional para melhor qualidade de vida dessa população, já que a realidade farmacoterapêutica apresentada pode causar riscos, diminuindo ou agravando seu status funcional.
Referências
Baldoni, A. O., Ayres, L. R., Martinez, E. Z ., Dewulf, N. L., Santos, V., Obreli-Neto, P. R., & Pereira, L. R. (2013). Pharmacoepidemiological profile and polypharmacy indicators in elderly outpatients. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, 49(3):444-52. https://doi.org/10.1590/S1984-82502013000300006
Bang, H., Suh, J. H., Lee, S. Y., Kim, K., Yang, E. J., Jung, S. H., Jang, S. N., Han, S. J., Kim, W. H., Oh, M. G., Kim, J. H., Lee, S. G., & Lim, J. Y. (2014). Post-polio syndrome and risk factors in korean polio survivors: a baseline survey by telephone interview. Annals of rehabilitation medicine, 38(5), 637–647. https://doi.org/10.5535/arm.2014.38.5.637
Bertolasi, L., Acler, M., Dall'Ora, E., Gajofatto A, Frasson E, Tocco P, Turri, M., Ferlisi, M., Fiorini, M., Pimazzoni, F., Squintani, G., Martini, M., Danzi, B., & Monaco S. (2012). Risk factors for post-polio syndrome among an Italian population: a case-control study. Italian Journal of Neurological Sciences, 33(6):1271-1275. doi: 10.1007/s10072-012-0931-2
Bickerstaffe, A., Beelen, A., & Nollet, F. (2010). Circumstances and consequences of falls in polio survivors. Journal of Rehabilitation Medicine, 42,(10):908–15. doi: 10.2340/16501977-0620.
Bruno, R.L., & Frick, N.M. (1991). The psychology of polio as prelude to post-polio sequelae: behavior modification and psychotherapy. Orthopedics, 14(11):185-93.
Campos, K. M., Quadros, A. A. J., Falci, M., & Oliveira, A. S. B. (2020) Assessment of a fixed-dose combination of l-carnitine + piracetam in the treatment of pain in postpoliomyelitis syndrome. International Physical Medicine & Rehabilitation Journal, 5(6):233‒236. doi: 10.15406/ipmrj.2020.05.00263
Carvalho, M.F., Romano-Lieber, N.S., Bergsten-Mendes, G., Secoli, S.R., Ribeiro, E., Lebrão, M.L., & Duarte, Y.A.O. (2012). Polifarmácia entre idosos do Município de São Paulo – estudo SABE. Revista Brasileira de Epidemiologia, 15(4):817-27. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2012000400013
Castilho, E. C., Reis, A. M., Borges, T. L., Siqueira, L. D., & Miasso, A. I. (2018). Potential drug-drug interactions and polypharmacy in institutionalized elderly patients in a public hospital in Brazil. Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing, 25(1):3–13. doi: 10.1111/jpm.12431
Correr, C. J., Otuki, M. F., & Soler, O. (2011). Assistência farmacêutica integrada ao processo de cuidado em saúde: gestão clínica do medicamento. Revista Pan-Amazônica de Saúde, 2(3).41-9. http://dx.doi.org/10.5123/S2176-62232011000300006
Correr, C. J, & Otuki, M. F. (2011). Método Clínico de Atenção Farmacêutica. Retrieved 2015, from: http://www.saude.sp.gov.br/resources/ipgg/assistenci a-farmaceutica/otuki-metodoclinicoparaatencaofarmaceutica.pdf>.
Correr, C. J., & Otuki, M.F. (2013). A prática farmacêutica na farmácia comunitária. Porto Alegre: Artmed.
Silva, C. P., Zuckerman, B., & Olkin, R. (2017). Relationship of depression and medications on incidence of falls among people with late effects of polio. Physiotherapy Theory and Practice, 33(5):370–75. doi: 10.1080/09593985.2017.1307889
Dean, E. (1991). Clinical decision making in the management of the late sequelae of poliomyelitis. Journal of the American Physical Therapy Association, 71(10):752-61. doi: 10.1093/ptj/71.10.752.
Dezena, R. M. B., Antunes, N. J., Campos, R., Ilha, J., Moreno, R. A., Mendes, G. D., Rosa, P. C. P., & De Nucci, G. (2020). Pharmacodynamic evaluation of L-carnitine and piracetam in muscle injury induced by the chronic use of simvastatin. International journal of clinical pharmacology and therapeutics, 58(9):482-490. doi: 10.5414/CP203496.
Doron, G., Birkan, I., & Gulistan, B. (2015) Routine deprescribing of chronic medications to combat polypharmacy. Therapeutic advances in drug safety, 6(6): 212-233. doi: 10.1177/2042098615613984.
Gawne, A.C., & Halstead, L.S. (1995). Post-Polio Syndrome: Pathophysiology and Clinical Management. Critical Reviews in Physical and Rehabilitation Medicine, 7(2):147-88. doi: 10.1615/CRITREVPHYSREHABILMED.V7.I2.40
Gawne, A.C., Wells, K.R., & Wilson, K.S. (2003). Cardiac risk factors in polio survivors. Archives of physical medicine and rehabilitation, 84(5):694-6. doi: 10.1016/s0003-9993(02)04836-0
Grimby, G., Stålberg, E., Sandberg, A., & Sunnerhagen, K.S. (1998). An 8‐year longitudinal study of muscle strength, muscle fiber size, and dynamic electromyogram in individuals with late polio. Muscle and Nerve, 21(11):1428-37. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-4598(199811)21:11<1428::AID-MUS10>3.0.CO;2-X
Gorzoni, M. L., & Fabri, R. M. (2017). Applicability of Anticholinergic Risk Scale in hospitalized elderly persons. Thematic Section - Drug Use and Associated Risks Among the Elderly. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 20(1): 128-133. https://doi.org/10.1590/1981-22562017020.150191
Hadad, N. (2004). Metodologia de Estudos em Ciências da Saúde. São Paulo: Roca.
Halstead, L. S. (1991). Assessment and Differential Diagnosis for Post-Polio Syndrome. Orthopedics, 14(11):1209-1217.
Halstead, L. S., & Rossi, C. D. (1985). New problems in old polio patients: results of a survey of 539 polio survivors. Orthopedics, 8(7):845-50.
Hirsh, A. T., Kupper, A. E., Carter, G. T., & Jensen, M. P. (2010). Psychosocial factors and adjustment to pain in individuals with post-polio syndrome. American Journal of Physical Medicine and Rehabilitation, 89(3):213-24. doi: 10.1097/PHM.0b013e3181c9f9a1
Helou, A. S., Ramos, A. E. B., Oliveira, A. S. B., Quadros, A. A. J ., & Fávero, F. M. The use of functionality scales in patients with Post-Polio Syndrome. Brazilian Journal of Biological Sciences, 6 (13): 367-379. doi: 10.21472/bjbs.061305
Kalpakjian, C. Z., Toussaint, L. L., Klipp, D. A., & Forchheimer, M. B. (2005). Development and factor analysis of an index of post-polio sequelae. Disability and Rehabilitation, 27 (20):1225-33. doi: 10.1080/09638280500075980
Kang, J. H, & Lin, HC (2011). Perfil de comorbidade de sobreviventes de poliomielite em uma população chinesa: Um estudo de base populacional. Journal of Neurology, 258 (6), 1026-1033. https://doi.org/10.1007 / s00415-010-5875-y
Kay, L. (2014). Medication for comorbidities; effects in Post-polio Syndrome? Journal of Rehabilitation Medicine, 46: 568-608. Programs and abstract 2nd. European Polio Conference: 'Post-Polio Syndrome Conference. A condition without boundaries': Amsterdam, The Netherlands.
Maynard, F. M., & Headley, J. S. (2000). Manual Acerca dos Efeitos Tardios da Poliomielite para Médicos e Sobreviventes. Évora: Eborense.
Melin, E., Kahan, T., & Borg, K. (2015). Elevated blood lipids are uncommon in patients with post-polio syndrome--a cross sectional study. BMC Neurol, 15:(67): 1-5. doi: 10.1186/s12883-015-0319-z
Motta, M. P., Quadros, A. A. J., Conti, M. S. B., Falci, M., & Oliveira, A. S. B. (2020). L-carnitine+piracetam for fatigue and muscular strength of patients with post-poliomyelitis. International Physical Medicine & Rehabilitation Journal, 5(6):220‒228. doi: 10.15406/ipmrj.2020.05.00261
Motta, M. P., Quadros, A. A. J., Conti, M. S. B., & Oliveira, A. S. B. (2018). Post-Polio Syndrome. Brazilian Journal of Biological Sciences, 5 (11): 631-639. https://doi.org/10.21472/bjbs.051102
Nascimento, J. S. F., Nunes, N. S. M., Bessa-Guerra, T. R., Azizi, M. A. A., Moreno, A. M., Catharino, A. M.S ., Moura, P. H., Gonçalves, T. R., Castro, R. R. T., Oliveira, A.S.B., Freitas, M.R.G & Orsini, M. (2021). “Post-polio syndrome and the phantom of acute previous poliomyelitis: a systemic entity.” International Journal of Current Research, 13, (4): 17142-17145. doi: https://doi.org/10.24941/ijcr.41097.04.2021
Oliveira, A. S., & Quadros, A. A. (2009). Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) – Orientações para Profissionais de Saúde. São Paulo: Ministério da Saúde/Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Oliveira, M. G., Amorim, W. W., Oliveira, C. R., Coqueiro, H. L., Gusmão, L. C., & Passos, L.C . (2016). Consenso brasileiro de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos. Geriatrics, Gerontology and Aging, 10(4):168–81. Retrieved from: https://sbgg.org.br/informativos/23-12-16/4_CONSENSO_BRASILEIRO_DE_MEDICAMENTOS_POTENCIALMENTE_INAPROPRIADO_PARA_IDOSOS.pdf
Orsini, M., Lopes, A. J., Guimarães, F. S., Freitas, M. R., Nascimento, O. J., Sant’Anna Junior, M., Moreira Filho, P., Fiorelli, F., Ferreira, A., C., A., F., Pupe, C., Bastos, V., H., V., Pessoal, B., Nogueira, C., B., Schmidt, B., Souza, O. G., Davidovich, E.R., Oliveira, A.S.B., & Ribeiro, R. (2016). Currents issues in cardiorespiratory care of patients with post-polio syndrome. Arquivos de Neuro-psiquiatria, 74(7):574-79. https://doi.org/10.1590/0004-282X20160072
Orsini, M., Oliveira, A. B., Catharino, A. M. S., Silveira, V. C., Reis, C. H. M., & Cardoso, C. E. (2021). “When feet cry: From Frida Kahlo to Franklin Roosevelt”: Post-polio syndrome case report and historical images. International Journal of Case Reports and Images, 12: 1-6. doi: 10.5348/101261Z01MO2021CR
Pereira, K.G., Peres, M.A., Iop, D., Boing, A.C., Boing, A.F., & Aziz, M. (2017). Polifarmácia em idosos: um estudo de base populacional. Revista Brasileira de Epidemiologia, 20(2):335–344. https://doi.org/10.1590/1980-5497201700020013
Perlman, S. (1999). Use of Medication in People with Post-Polio Syndrome. International Polio Network [Internet], 15 (1): 1-3. Retrieved 2015 Apr, from: http://www.polioplace.org /sites /default/files/files/Polio%20Network%20News%20Vol_%2015%20No_%201%20 Winter%201999.pdf
Portela, A. S., Simões, M. O., Fook, S. M., Montenegro Neto, N. A., & Silva, P. C. (2010). Prescrição médica: orientações adequadas para o uso de medicamentos? Ciência & Saúde Coletiva, 15(3): 3523–28. https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000900027
Quadros, A. A., Conde, M. T., Marin, L. F., Silva, H. C., Silva, T. M, Paula, M. B., Pereira, R. D., Ramos, P. E., Abe, G., & Oliveira, A. S. B. (2012). Frequency and clinical manifestations of post-poliomyelitis syndrome in a brazilian tertiary care center. Arquivos Neuro-Psiquiatria, 70 (8): 571-573. https://doi.org/10.1590/S0004-282X2012000800002
Ragonese, P., Fierro, B., Salemi, G., Randisi, G., Buffa, D., D'Amelio, M., Aloisio, A., & Savettieri, G. (2005). Prevalence and risk factors of post-polio syndrome in a cohort of polio survivors. Journal of the neurological sciences, ;236(1-2):31-35. doi: 10.1016/j.jns.2005.04.012
Rovers, J. P., & Currie, J.D. (2010). Guia Prático da Atenção Farmacêutica: Manual de Habilidades Clínicas. São Paulo: Pharmabooks.
Silva, T. M., Moreira, G.A., Quadros, A.A., Pradella-Hallinan, M., Tufik, S., & Oliveira, A.S.B. (2010). Analysis of sleep characteristics in post-polio syndrome patients. Arquivos de Neuro-psiquiatria. 68(4):535–40. https://doi.org/10.1590/S0004-282X2010000400011
Silva, D. S. F. (2021). Narrativas sobre a síndrome pós-pólio em associações de pacientes do Brasil e da Espanha nos meios digitais. Caminhos da História, 26 (2): 136-152. https://doi.org/10.38049/issn.2317-0875v26n2p.136-152
Tavares, C., & Sakata, R.K. (2012). Cafeína para o Tratamento de Dor. Revista Brasileira de Anestesiologia, 62(3):387-401. https://doi.org/10.1590/S0034-70942012000300011
Werhagen, L., & Borg, K. (2013). Impact of pain on quality of life in patients with post-polio syndrome. Journal of Rehabilitation Medicine, 45(2):161-63. doi: 10.2340/16501977-1096
World Health Organization. (2012). Guidelines for ATC classification and DDD assignment. World Health Organization Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology. [WHO]. Retrieved 2015 Feb 19, from: http://www.whocc.no/filearchive/publications/1_2013guidelines.pdf
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Mônica de Souza Brito Conti; Abrahão Augusto Joviniano Quadros ; Marília Silveira de Almeida Campos; Acary Souza Bulle Oliveira; Leonardo Régis Leira Pereira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.