Dermatofitose por Trichophyton verrucosum em felino doméstico - relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i2.25773Palavras-chave:
Dermatologia Veterinária; Afecção dermatológica; Cultivo micológico; Fungo.Resumo
O presente estudo objetivou relatar um caso de dermatofitose causada por Trichophyton verrucosum em um felino doméstico. O paciente deu entrada no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal do Oeste da Bahia, com queixas dermatológicas. Ao exame físico foram notadas lesões alopécicas de aspecto eritematoso, hiperpigmentado e presença de pápulas, que se distribuíam por toda a extensão corporal, havendo maior predominância nos membros torácicos, região ventral e cabeça. Foram colhidas amostras dermatológicas de diferentes áreas corporais com lesões, essas, encaminhadas para cultura micológica e pesquisa de ectoparasitas no Laboratório de Análises Clínicas e Microbiologia Veterinária da mesma instituição. Ao exame fúngico visualizou-se o crescimento de colônias de centro proeminente e periferias planas com coloração salmão e textura sutilmente granular, demonstrando na microscopia filamentos fúngicos septados hialinos, presença de poucos microconídeos de formato piriforme a ovoide, além de diversos clamidósporos e hifas com ingurgitação terminal, compatível com “cadeias de pérolas”, confirmando um caso de dermatofitose por T. verrucosum. A literatura aborda esse fungo como causador de doença em bovinos e outros ruminantes, contudo ainda são escassas informações sobre a sua distribuição e epidemiologia em felinos no Brasil, revelando a necessidade de estudos epidemiológicos na área. Conclui-se, portanto, que a infecção por T. verrucosum em felinos deve ser considerada como diagnóstico diferencial de outras afecções dermatológicas na clínica de pequenos animais.
Referências
Andrade, V. & Rossi, G. A. M. (2019). Dermatofitose em animais de companhia e sua importância para a Saúde Pública – Revisão de Literatura. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, 13(1), 142-155.
Andrade Junior, A. G., Scariot, A. C. A., Waller, S. B, Silva, A. L, Martins, O. A., & Reis Gomes, A. (2017). Isolamento de Trichophyton verrucosum de lesão em gato. In: XXVI Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Pelotas, 2017, Pelotas. Anais 2017.
Aquino, P. M. L. P. D., Lima, E. D. O., & Farias, N. M. P. D. (2003). Tinea Capitis in João Pessoa: A social and economic view. Anais Brasileiros de Dermatologia, 78, 713-717.
Bier, D., de Farias, M. R., Muro, M. D., Soni, L. M. F., Carvalho, V. O., & Pimpão, C. T. (2013). Isolamento de dermatófitos do pelo de cães e gatos pertencentes a proprietários com diagnóstico de dermatofitose. Archives of Veterinary Science, 18(1).
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. (2013). Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Módulo 8: Detecção e identificação de fungos de importância médica. Anvisa, 30-31.
Castro, L. S. O., Mourão, G. C., Silva, T. F. P., Silva, L. D. M., & Costa, P. P. C. (2016). Dermatofitose em gato: Relato de caso. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, 10(3), 484-93.
Cafarchia, C., Romito, D., Capelli, G., Guillot, J., & Otranto, D. (2006). Isolation of Microsporum canis from the hair coat of pet dogs and cats belonging to owners diagnosed with M. canis tinea corporis. Veterinary dermatology, 17(5), 327-331.
CLSI. (2003). Clinical and Laboratory Standards Institute Quality Manual. (3a ed.), CLSI.
De Hoog, G. S., Guarro, J., Gené J. & Figueiras, M. J. (2004). Atlas of Clin.Fungi. Ultrech & Réus: Centralbureal voor Schimmelcultures to Universitat Rovira, Virgilli.
Dias, T. P., Waller, T. S. B., Silva, A.L., Serra, E.F., Martins, O. A., Gomes, A. R., Faria, R. O. & Meireles, M. C. A. (2017). Microsporum gypseum como agente etiológico de dermatofitose em felino (felis catus). Science and Animal Health, 5(3), 251–259.
Farias, M. R., Costa, F. V. A., Giuffrida, R. (2016). Dermatofitose em animais de produção e de companhia. In: Megid, J., Ribeiro, M.G., Paes, A.C. Doenças infecciosas em animais de produção e de companhia. Roca, 887-905.
Gasparetto, N. D., Trevisan, Y. P. A., Almeida, N. B., Neves, R. C. S. M., Almeida, A. B. P. F., Dutra,V., Colodel, E. M. & Sousa, V. R. F. (2013). Prevalência das doenças de pele não neoplásicas em cães no município de Cuiabá, Mato Grosso. Pesquisa Veterinária. Brasileira, 33(3), 359-362.
Gnat, S., Łagowski, D., Nowakiewicz, A., & Zięba, P. (2019). The host range of dermatophytes, it is at all possible? Phenotypic evaluation of the keratinolytic activity of Trichophyton verrucosum clinical isolates. Mycoses, 62(3), 274-283.
Hnilica, K. A. & Patterson, A. P. (2016). Diagnostic Techniques. In: Hnilica, K.A. and Patterson, A.P. Small animal dermatology: a color atlas and therapeutic guide. 4ª ed. Elsevier Health Sciences, St. Louis, Missouri. 30-44
Hoog, G. S., Dukik, K., Monod, M., Packeu, A., Stubbe, D., Hendrickx, M., & Gräser, Y. (2017). Toward a novel multilocus phylogenetic taxonomy for the dermatophytes. Mycopathologia, 182(1-2), 5-31.
Lagowski, D., Gnat, S., Nowakiewicz, A., Osińska, M., Trościańczyk, A., & Zięba, P. (2020). Dermatophytosis with concurrent Trichophyton verrucosum and T. benhamiae in calves after long‐term transport. Veterinary Dermatology, 31(5), 414-e111.
Larone, D. H., & Larone, D. H. (1987). Medically important fungi: a guide to identification (196, 203). Elsevier.
Long, S., Carveth, H., Chang, Y. M., O'Neill, D., & Bond, R. (2020). Isolation of dermatophytes from dogs and cats in the South of England between 1991 and 2017. Veterinary Record, 187(10), e87-e87.
Moosavi, A., Ghazvini, R.D., Ahmadikia, K., Hashemi, S.J., Geramishoar, M., Mohebali, M., Yekaninejad, M.S., Bakhshi, H. and Khodabakhsh, M. (2019). The frequency of fungi isolated from the skin and hair of asymptomatic cats in rural area of Meshkin-shahr-Iran. New England Journal of Medicine, 19(1):14-18.
Néji, S., Makni, F., Cheikrouhou, F., Sellami, H., Trabelsi, H., Marrakchi, S., Boudaya, S., Turki, H., & Ayadi, A. (2011). Dermatomycosis due to Trichophyton verrucosum in Sfax-Tunisia. Journal de mycologie medicale, 21(3), 198–201.
Neves, R. D. C. D. S. M., Cruz, F. A. C. S. D., Lima, S. R., Torres, M. M., Dutra, V., & Sousa, V. R. F. (2011). Retrospectiva das dermatofitoses em cães e gatos atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso, nos anos de 2006 a 2008. Ciência Rural, 41, 1405-1410.
Neves, J. J. A., Paulino, A. O., Vieira, R. G., Nishida, E. K., & Coutinho, S. D. A. (2018). The presence of dermatophytes in infected pets and their household environment. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 70, 1747-1753.
Pontes, Z. B. V. D. S., Oliveira, A. C. D., Guerra, F. Q. S., Pontes, L. R. D. A., & Santos, J. P. D. (2013). Distribution of dermatophytes from soils of urban and rural areas of cities of Paraiba state, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 55, 377-383.
Reis-Gomes, A., Marcolongo-Pereira, C., Sallis, E. S. V., Bruhn, F. R., Faria, R. O., Schild, A. L., & Meireles, M. C. (2018). Epidemiologia de micoses, pitiose e micotoxicoses em equinos no sudeste do Rio Grande do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira, 38, 1110-1116.
Santos, J. N., Rocha, E. C. F., Santos, J. P., Souza, V. F. M., Melo, D. R., Almeida, J. C., Carneiro, I. O., Vieira, L.C.A.S. (2021). Epidemiological, clinical and laboratory profile of dermatopathies of household dogs and cats in a semi-arid region of Northeast Brazil. Research, Society and Development, 10(14).
Silveira, E. S., Oliveira, M.N., Souza, L. L., Faria, R. O., Cleff, M. B., & Meireles, M. C. A. (2003). Trichophyton verrucosum em bovinos com pele hígida e com lesões. Acta Scientiae Veterinariae, 31(1), 45-49.
Surpilli, F. O., Gatto, I. R. H., Frias, D. F. R., & Kozusny-Andreani, D. I. (2018). Ocorrência de dermatófitos em tegumento de bovinos e ovinos hígidos. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, 21(1).
Swai, E. S., & Sanka, P. N. (2012). Bovine Dermatophytosis Caused by Trychophyton verrucosum: A case report. Veterinary World, 5(5), 297-300.
Vyzantiadis, T. A. A., Johnson, E. M., Kibbler, C. C. (2012). From the patient to the clinical mycology laboratory: how can we optimise microscopy and culture methods for mould identification? Journal of clinical pathology, 65(6), 475-483.
Wael, F., Tayel, A. A., Mohamed, R. A., El-Kordy, D. M., El-Kady, N. N., & Samir, A. (2015). Mixed rearing correlates with the existence of Trichophyton verrucosum pathogens in humans. Dermatologica Sinica, 33(3), 130-133.
Waller, S. B., dos Reis-Gomes, A., Cabana, Â. L., de Faria, R. O., Meireles, M. C. A., & de Mello, J. R. B. (2014). Microsporose canina e humana–um relato de caso zoonótico. Science And Animal Health, 2(2), 137-146.
Yeva, R., Tetsuhiro, M., Tohru, G., & Anis, K. (2014). Modified slide culture method for faster and easier identification of dermatophytes. Microbiology indonesia, 8(3), 135-139.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Danilo Rocha de Melo; Juliany Nunes dos Santos; Evelyn Carla da Frota Rocha; Angélica Prado de Oliveira ; Jôiciglecia Pereira dos Santos; Valesca Ferreira Machado de Souza; Valquíria Tatiele da Silva Rodrigues; Layze Cilmara Alves da Silva Vieira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.