As representações do sistema periódico dos elementos químicos presentes nas obras do jesuíta Ignacio Puig, uma das vozes discordantes de Mendeleev

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i2.25824

Palavras-chave:

História da química; Johannes Robert Rydberg; Eugênio Saz (S. J.).

Resumo

O jesuíta espanhol Ignacio Puig (1887-1961) foi uma das várias vozes discordantes da representação gráfica do sistema periódico dos elementos químicos desenvolvida pelo químico russo Dmitrii Ivanovich Mendeleev (1834-1907). Em suas produções, Puig faz uso de representações gráficas do sistema periódico desenvolvidas pelo jesuíta espanhol Eugênio Saz (1878-1952), que utiliza como base conceitual os trabalhos do físico sueco Johannes Robert Rydberg (1854-1919). No trabalho ora apresentado analisamos, utilizando a perspectiva da História da Ciência, quatro produções de Puig. Observamos que existem duas diferentes representações gráficas do sistema periódico dos elementos químicos, a primeira representação aparece nas produções de 1927 e 1932 e a segunda nas produções de 1935 e 1945. No primeiro tipo de representação, que segue a rigor a base conceitual de Rydberg, Puig considera a existência de dois elementos desconhecidos (coronium e nebulium) localizados entre o hidrogênio e o hélio. No segundo tipo de representação, Puig desconsidera esses elementos e traz à tona o conceito de éter proposto por Mendeleev. Consideramos que esse tipo de análise histórica, focada em construções científicas derrotadas é tão importante quanto uma análise de fatos científicos, contribuem para romper com uma perspectiva tradicional de História da Ciência, muito comum em livros didáticos e de divulgação científica, que reforçam uma história heroica da Ciência e dos cientistas.

Biografia do Autor

Adriano Lopes Romero, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Licenciando em Química pela UEM, mestre em Química pela Unicamp, doutor em Educação em Ciências pela Unioeste, professor efetivo, desde 2010, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Referências

Allen, H. S (1918). XXXIIL-Atomic and molecular number. Journal of the Chemical Society, Transactions, 113, 389-396.

Alonso, R. (2017). La sabiduría de Ignacio Puig. https://www.eltribuno.com/salta/nota/2017-9-18-0-0-0-la-sabiduria-de-ignacio-puig.

Biografías y Vidas. (2004). Ignacio Puig y Simón, https://www.biografiasyvidas.com/biografia/p/puig_y_simon.htm.

Brode, W. R. (1949). Bibliography of chemistry, and chemical technology textbooks in the Spanish and Portuguese languages. Journal of Chemical Education, 26(10), 553-563.

Civtat. (2022). Ignasi Puig i Simon (1887-1961). http://www.civtat.cat/puig_ignasi.html.

Corson, D. R., Mackenzie, K. R., & Segrè, E. (1940). Possible Production of Radioactive Isotopes of Element 85. Physical Revie, 57(5), 459.

Cruz, R. N. (2006). História e historiografia da ciência: considerações para pesquisa histórica em análise do comportamento. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 8(2), 161-178.

Giunta, C. J. J. A. R. (1999). Newlands' classification of the elements: periodicity, but no system. Bulletin for the History of Chemistry, 24, 24-31.

Gonzaga, G. R., Miranda, J. C., & Ferreira, M. L. (2020). Ensino do tema tabela periódica na educação básica. Research, Society and Development, 9(1), e97911657.

Grando, J. W., & Cleophas, M. G. (2020). “Para não ser um professor do século passado”: uma revisão sobre os 150 anos da Tabela Periódica e a Aprendizagem Móvel em Química. Research, Society and Development, 9(6), e173963567.

Horvitz, L. A. (2003). Eureca!: descobertas científicas que revolucionaram o mundo. (Tradução Fiker, M. E). Rio de Janeiro: DIFEL.

Imyanitov, N. S. (2011). The Periodic Law. Formulations, Equations, Graphic Representations. Russian Journal of Inorganic Chemistry, 56(14), 2183-2200.

Janet. C. (1929). Considérations sur la strucuture du noyau de l'atome. Beauvais: Imprimerie Départementale de l'Oise.

Kargon, R. (1965). Mendeleev's chemical ether, electrons, and the atomic theory. Journal of Chemical Education, 42(7), 388-389.

Lutfi, M. (2012). Produção social de livros escolares de química no Brasil, de 1810 a 1941. Revista Virtual de Química, 4(6), 703-718.

Marcard, R. (1959). A aventura da química: da pedra filosofal ao átomo (R. da Fonseca, Trad.). Lisboa: Livros do Brasil.

Martins, L. A-C. P. (2005). História da Ciência: objetos, métodos e problemas. Ciência & Educação, 11(2), 305-317.

Martorano, S. A. A., & Marcondes, M. E. R. (2016). As concepções de ciência dos livros didáticos de química, dirigidos ao ensino médio, no tratamento da cinética química no período de 1929 a 2004. Investigações em ensino de Ciências, 14(3), 341-355.

Moseley, H. G. J. (1913). The high-frequency spectra of the elements. Philosophical Magazine, 26(156), 1024-1034.

Muradjan, A. Z. (2014). Necessity of urgent revising and changing the present IUPAC notation scheme in the Periodic Table. The General Science Journal, 1-26.

Pauli, W. (1994). Rydberg and the periodic system of the elements. In C. P. Enz & K. von Meyenn (Eds). Writings on Physics and Philosophy (Cap. 7, pp. 73-77). Berlin, Heidelberg: Springer.

Perey, M. (1939). Sur un élément 87, dérivé de l’actinium. Comptes Rendus, 208, 97-99.

Polgár, L. Bibliographie sur l’histoire de la Compagnie de Jesus 1901-1980. I - Toute la compagnie. Roma: Institutum Historicum S.I., 1981.

Puig, I. (1927). La noció d'isotopia. Revista Catalana de Ciencia i Tecnología, 2(13), 89-100.

Puig, I. (1932). Curso Geral de Quimica (2a ed.). Porto Alegre: Livraria do Globo.

Puig, I. (1935). Elementos de Química, 4a série. Porto Alegre: Livraria do Globo.

Puig, I. (1945). Curso Geral de Química (4a ed.). Porto Alegre: Livraria do Globo.

Romero, A. L. (2021). Aspectos históricos, filosóficos e sociológicos do sistema periódico dos elementos químicos: implicações para o ensino de Química. 408 f. Tese (Doutorado em Educação em Ciências e Educação Matemática) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel - PR.

Rydberg, J. R. (1914.a). XVIII. The ordinals of the elements and the highfrequency spectra. Philosophical Magazine Series 6, 28(163), 144-149.

Rydberg, J. R. (1914.b). Recherches sur le systeme des elements. Journal de Chimie Physique, 12, 585-639.

Sá-Silva, J. R., Almeida, C. D., & Guindani, J. F. (2009). Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, 1(1), 1-15.

Scerri, E. (2001). A philosophical commentary on Giunta’s critique of Newlands’ classification of the elements. Bulletin for the History of Chemistry, 26(2), 124-129.

Scerri, E. (2015). The discovery of the periodic table as a case of simultaneous discovery. Philosophical Transactions of the Royal Society A: Mathematical, Physical and Engineering Sciences, 373(2037), 1-13.

Strathern, P. (2002). O sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da Química. Rio de Janeiro: Zahar.

Tolentino, M., Rocha-Filho, R. C., & Chagas, A. P. (1997). Alguns aspectos históricos da classificação periódica dos elementos químicos. Química Nova, 20(1), 103-117.

Udías, A. (2003). Searching the heavens and the earth: the history of jesuit observatories. Londres: Kluwer Academic Publishers.

Varela, M. M. (1956). Eduardo Vitoria, S. J.: A contemporary leader in the Spanish chemical world. Journal of Chemical Education, 33(4), 161-166.

Downloads

Publicado

27/01/2022

Como Citar

ROMERO, A. L.; CUNHA, M. B. da . As representações do sistema periódico dos elementos químicos presentes nas obras do jesuíta Ignacio Puig, uma das vozes discordantes de Mendeleev. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 2, p. e34111225824, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i2.25824. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/25824. Acesso em: 22 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Educacionais