Estudo retrospectivo de esporotricose em felinos domésticos (Felis catus domesticus) errantes na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, em um período de 10 anos (2012 - 2022)
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i2.26102Palavras-chave:
Animais de rua; Esporotricose felina; Saúde pública; Zoonose.Resumo
O objetivo desse estudo foi descrever a ocorrência de esporotricose felina em animais errantes da cidade de Pelotas, encaminhados ao Laboratório Regional de Diagnóstico da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (LRD/UFPel) no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2022, destacando a importância dessa doença na saúde pública, bem como a utilização da técnica de imunohistoquímica (IHQ) para o diagnóstico. Foram revisados os protocolos de necropsia de felinos errantes encaminhados ao LRD/UFPel, nos últimos 10 anos, sendo resgatados os dados epidemiológicos, localização das lesões, diagnóstico anatomopatológico e micológico. Cortes dos casos de esporotricose sistêmica foram selecionados e submetidos a técnica de IHQ. Nesse período foram diagnosticados no LRD/UFPel 28 casos de esporotricose, sendo 21 necropsias e 7 biópsias. Em todos os casos houve crescimento de Sporothrix sp. na cultura micológica. Em 71,4% dos casos os felinos eram machos e 21,4% eram fêmeas. Quanto à distribuição das lesões, a maioria dos casos corresponderam as lesões cutâneas multifocais com 46,4%, seguidas das lesões cutâneas focais com 35,8% dos casos e em 17,8% dos casos havia apresentação sistêmica da doença. A partir desse estudo pode-se concluir que a esporotricose é uma causa de morte em felinos errantes em Pelotas, sendo os felinos machos não castrados os mais acometidos, e as regiões anatômicas mais afetadas os membros e cabeça. A técnica de IHQ com soro hiperimune felino foi eficiente no diagnóstico.
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