Análise das possíveis intoxicações decorrentes do uso indiscriminado da ivermectina e hidroxicloroquina durante a pandemia de COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i3.26441Palavras-chave:
Ivermectina; Hidroxicloroquina; COVID-19; Intoxicação.Resumo
Introdução: no final de dezembro de 2019, houve um surto de uma doença emergente (COVID-19) devido a um novo coronavírus, chamado SARS-CoV-2, que começou em Wuhan, na China, disseminando-se globalmente como pandemia. O cenário crítico imposto pela tem impulsionado a busca por estratégias farmacológicas terapêuticas e profiláticas, como a ivermectina e hidroxicloroquina. Objetivo: evidenciar, por meio de análises empíricas e atuais, os riscos associados ao uso indiscriminado de ivermectina e hidroxicloroquina como terapêutica contra a COVID-19, ressaltando os efeitos de toxicidade destes medicamentos. Metodologia: trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão integrativa da literatura. A pesquisa foi realizada através do acesso online nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Cochrane Database of Systematic Reviews (CDSR), Google Scholar, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e EBSCO Information Services, no mês de agosto 2021. Resultados e discussão: de acordo com a ANVISA, ainda não há estudos conclusivos que aceitem a hipótese de que a ivermectina apresente eficácia no tratamento da COVID-19. Já a hidroxicloroquina, em relação ao seu mecanismo de ação, acredita-se que a hidroxicloroquina aja, sob infecção por COVID-19, impedindo a glicosilação terminal da enzima ACE2, que, por sua vez, atua como receptor de membrana para o SARS-CoV-2, podendo, então, impedir a ligação do vírus. No entanto, ainda não há contestação sobre a eficácia desses medicamentos sob a COVID-19, e, inclusive, há relatos de toxicidade orgânica relacionada ao uso indiscriminado destes medicamentos, associados a problemáticas como hemorragias, insuficiência renal, arritmias e até mesmo hepatite medicamentosa. Considerações finais: é de suma importância o papel do médico e, mais ainda, do farmacêutico clínico, que vai além do acompanhamento farmacoterapêutico a pacientes que fazem uso da polifarmácia.
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