Etiologia, transmissão e patogenicidade de fungos associados a sementes de Cagaita (Eugenia dysenterica) e Tingui (Magonia pubescens)
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i3.26975Palavras-chave:
Patologia de semente; Árvores do Cerrado; Curvularia sp.; Fusarium sp.; Colletotrichum sp.Resumo
Cagaita (Eugenia dysenterica) e Tingui (Magona pubescens) são duas espécies de árvores nativas do Cerrado, com importância sociológica, econômica e medicinal, além de serem utilizadas na recuperação de áreas degradadas. A incidência de doenças de plantas, bem como a micoflora associada às suas sementes, pode representar uma possível ameaça à sobrevivência da espécie. O cultivo de árvores no Bioma Cerrado, bem como as doenças a elas associadas, ainda são pouco estudados. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a micoflora associada às sementes de Cagaita e Tingui, a transmissão e patogenicidade desses fungos às plantas. As sementes foram coletadas de árvores matrizes localizadas no município de Gurupi e Figueirópolis no estado do Tocantins, Brasil. O método blotter-test foi utilizado para avaliar a micoflora associada às sementes de ambas as espécies, com e sem assepsia. A incidência fúngica por semente foi avaliada com auxílio de microscópio estereoscópico e óptico. Os fungos potencialmente patogênicos identificados na análise sanitária das sementes e no teste de transmissão foram inoculados nas plantas para confirmar os postulados de Koch. O teste de transmissão foi realizado a partir de sementes não desinfestadas até o aparecimento de sintomas nas mudas. Foram identificados 11 fungos associados às sementes de ambas as espécies. O gênero Curvularia apresentou patogenicidade, causando manchas nas folhas de Cagaita, sendo também transmitido de sementes para mudas. O gênero Fusarium apresentou patogenicidade em mudas de Tingui, causando tombamento e murcha. Colletotrichum sp. causou manchas foliares em ambas as espécies e manchas frutíferas em Cagaita.
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