Alterações neurológicas em indivíduos com transtorno de estresse pós-traumático secundário ao abuso sexual na infância: uma revisão de escopo
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i4.27125Palavras-chave:
Manifestações Neurológicas; Transtorno de Estresse Pós-Traumático; Abuso sexual na infância.Resumo
O transtorno de estresse pós-traumático é uma das principais consequências em pessoas vítimas de abuso sexual na infância, e seus sintomas envolvem diversas implicações cognitivo-comportamentais para esses indivíduos. Estudos indicam que tais sintomas são expressão de alterações morfológicas e fisiológicas na estrutura cerebral das vítimas, em comparação com pessoas que não passaram por esse trauma. A presente revisão de escopo visa responder quais são essas alterações mais estudadas na literatura atual. Método: Realizou-se uma revisão de escopo que se procedeu pela busca nas bases de dados Periódicos Capes e PubMed. Foram selecionados 7 textos que respondiam à pergunta norteadora e que serviram como base para essa revisão. Os critérios de seleção foram: artigos datados de 2016 a 2021, supressão dos artigos duplicados e dos que não abordavam a relação entre transtorno do estresse pós-traumático, abuso sexual na infância e as consequências neurológicas associadas. Resultados: 7 publicações foram incluídas em nosso estudo. De acordo com os resultados, indivíduos que sofreram abuso na infância, inclusive o sexual, apresentaram alguma alteração nas regiões do cérebro, como mudança de volume, de conectividade funcional e de composição bioquímica. Conclusão: Alterações significativas em estruturas e componentes químicos cerebrais podem ser identificadas nos indivíduos diagnosticados com TEPT cuja causa do trauma tenha sido abuso sexual na infância.
Referências
APA. (2014). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5: DSM-5. 5. American Psycatric Association. 5ed. Ed. Artmed, 2014. ISBN 978-85-8271-089-0
Azevedo, M. A. N., & Guerra, V. N. A. (1995). Violência doméstica na infância e na adolescência. Repositorio.usp.br. https://repositorio.usp.br/item/000884520
Brasil. (2021). Abuso sexual contra crianças e adolescentes - abordagem de casos concretos em uma perspectiva multidisciplinar e interdisciplinar e interinstitucional - Brasilia. https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2021/maio/CartilhaMaioLaranja2021.pdf
Boccadoro, S., Siugzdaite, R., Hudson, A. R., Maeyens, L., Van Hamme, C., & Mueller, S. C. (2019). Women with early maltreatment experience show increased resting-state functional connectivity in the theory of mind (ToM) network. European Journal of Psychotraumatology, 10(1), 1647044. https://doi.org/10.1080/20008198.2019.1647044
Borges, J. L., & Dell’Aglio, D. D. (2008). Relações entre abuso sexual na infância, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e prejuízos cognitivos. Psicologia Em Estudo, 13(2), 371–379. https://doi.org/10.1590/s1413-73722008000200020
Chung, M. C., & Chen, Z. S. (2016). Child Abuse and Psychiatric Co-morbidity Among Chinese Adolescents: Emotional Processing as Mediator and PTSD from Past Trauma as Moderator. Child Psychiatry & Human Development, 48(4), 610–618. https://doi.org/10.1007/s10578-016-0687-7
Cobos-Cali, M., Ladera, V., Perea, M. V., & García, R. (2018). Language disorders in victims of domestic violence in children’s homes. Child Abuse & Neglect, 86, 384–392. https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2017.02.028
Damasio, H., Grabowski, T., Frank, R., Galaburda, A., & Damasio, A. (1994). The return of Phineas Gage: clues about the brain from the skull of a famous patient. Science, 264(5162), 1102–1105. https://doi.org/10.1126/science.8178168
Glaser, D. (2000). Child abuse and neglect and the brain--a review. Journal of Child Psychology and Psychiatry, and Allied Disciplines, 41(1), 97–116. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10763678/
Hart, H., Lim, L., Mehta, M. A., Chatzieffraimidou, A., Curtis, C., Xu, X., Breen, G., Simmons, A., Mirza, K., & Rubia, K. (2017). Reduced functional connectivity of fronto-parietal sustained attention networks in severe childhood abuse. PLOS ONE, 12(11), e0188744. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0188744
Hayes, J. P., Hayes, S. M., & Mikedis, A. M. (2012). Quantitative meta-analysis of neural activity in posttraumatic stress disorder. Biology of Mood & Anxiety Disorders, 2(1). https://doi.org/10.1186/2045-5380-2-9
Hein, T. C., & Monk, C. S. (2016). Research Review: Neural response to threat in children, adolescents, and adults after child maltreatment - a quantitative meta-analysis. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 58(3), 222–230. https://doi.org/10.1111/jcpp.12651
Kelly, P. A., Viding, E., Puetz, V. B., Palmer, A. L., Samuel, S., & McCrory, E. J. (2016). The sexually dimorphic impact of maltreatment on cortical thickness, surface area and gyrification. Journal of Neural Transmission, 123(9), 1069–1083. https://doi.org/10.1007/s00702-016-1523-8
Milad, M. R., Pitman, R. K., Ellis, C. B., Gold, A. L., Shin, L. M., Lasko, N. B., Zeidan, M. A., Handwerger, K., Orr, S. P., & Rauch, S. L. (2009). Neurobiological Basis of Failure to Recall Extinction Memory in Posttraumatic Stress Disorder. Biological Psychiatry, 66(12), 1075–1082. https://doi.org/10.1016/j.biopsych.2009.06.026
Milani, A. C. C., Foerster, B., Cogo-Moreira, H., Farias, T. M. de B., Salido, F., Carrete, H., Mello, M. F., & Jackowski, A. P. (2018). A Longitudinal 1H-MRS Study of the Anterior Cingulate Gyrus in Child and Adolescent Victims of Multiple Forms of Violence. Chronic Stress (Thousand Oaks, Calif.), 2, 2470547018763359. https://doi.org/10.1177/2470547018763359
Morey, R. A., Haswell, C. C., Hooper, S. R., & De Bellis, M. D. (2015). Amygdala, Hippocampus, and Ventral Medial Prefrontal Cortex Volumes Differ in Maltreated Youth with and without Chronic Posttraumatic Stress Disorder. Neuropsychopharmacology, 41(3), 791–801. https://doi.org/10.1038/npp.2015.205
Perez, D. L., Matin, N., Barsky, A., Costumero-Ramos, V., Makaretz, S. J., Young, S. S., Sepulcre, J., LaFranceJr, W. C., Keshavan, M. S., & Dickerson, B. C. (2017). Cingulo-insular structural alterations associated with psychogenic symptoms, childhood abuse and PTSD in functional neurological disorders. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, 88(6), 491–497. https://doi.org/10.1136/jnnp-2016-314998
Peverill, M., Sheridan, M. A., Busso, D. S., & McLaughlin, K. A. (2019). Atypical Prefrontal–Amygdala Circuitry Following Childhood Exposure to Abuse: Links With Adolescent Psychopathology. Child Maltreatment, 24(4), 411–423. https://doi.org/10.1177/1077559519852676
van Hoof, M.-J., van den Bulk, B. G., Rombouts, S. A. R. B., Rinne-Albers, M. A. W., van der Wee, N. J. A., van IJzendoorn, M. H., & Vermeiren, R. R. J. M. (2017). Emotional face processing in adolescents with childhood sexual abuse-related posttraumatic stress disorder, internalizing disorders and healthy controls. Psychiatry Research: Neuroimaging, 264, 52–59. https://doi.org/10.1016/j.pscychresns.2017.04.006
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Isabelle Pereira Lima; Julia Costa Evangelista; Lara Cavalcante Assunção Bezerra; Maria Carolina Leal Silva; Mariana Lucena Loureiro; Pedro Cunto Goulart; Ylina Pereira de Mesquita
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.