Incapacidades físicas da hanseníase em menores de 15 anos no estado do Tocantins, Brasil, 2001 a 2020

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i5.27995

Palavras-chave:

Hanseníase; Crianças; Adolescente.

Resumo

Descrever a tendência de incapacidades físicas da hanseníase em crianças no estado do Tocantins. Realizou-se análise dos cálculos dos indicadores de hanseníase e das tendências temporais no período de 2001 a 2020. Foram diagnosticados 1.983 casos novos de hanseníase em menores de 15 anos. O grau 2 de incapacidade física foi mais prevalente no sexo masculino (66,67%). A prevalência de casos com grau 1 e 2 de incapacidade física foi maior na classificação multibacilar, mas a classificação paucibacilar teve registro de 31,56% de grau 1 e 17,95% de grau 2. O coeficiente de detecção e a proporção de casos com grau 2 apresentaram estabilidade na tendência no período total. Entre os anos de 2014 e 2020, a proporção de casos paucibacilares tiveram uma redução significativa de 26,2%, enquanto no período de 2014 e 2018 os casos de multibacilares tiveram um aumento de 38,2%. A proporção de casos de grau 1 teve incremento significativo de 16,3% entre 2001 e 2010 e de 58,7% entre 2014 e 2018 e de estabilidade no período total. As incapacidades físicas em crianças e adolescentes mantêm-se como um importante problema de saúde pública no momento do diagnóstico da hanseníase no estado do Tocantins. A tendência de estabilidade nas incapacidades aponta a constância da endemia, diagnóstico tardio, prevalência oculta e sequelas em crianças. Falhas operacionais e no manejo clínico foram claramente identificados, o que reafirma a necessidade de se empreender mais esforços para a qualificação da atenção à hanseníase.

Referências

Alberts, C. J., Smith, W. C. S., Meima, A., Wang, L., & Richardus, J.H. (2011). Potential effect of the World Health Organization’s 2011-2015 global leprosy strategy on the prevalence of grade 2 disability: a trend analysis. Bull World Health, 89:487-95

Alencar, C. H. M., Barbosa, J. C., Jr, A. N. R., Alencar, M. J. F., Pontes, R. J. S., Castro, C. G. J., & Heukelbach, J. (2008). Hansen's Disease in the municipality of Fortaleza, CE, Brazil: epidemiological and operational aspects in children under 15-years-old (1995-2006). Revista Brasileira de Enfermagem, 61:694-700. https://doi.org/10.1590/1980-549720190047

Araújo, A. E. R A., Aquino, D. M. C., Goulart, I. M. B., Pereira, S. R. F., Figueiredo, I. A., Serra, H. O., Fonseca, P. C. A., & Caldas, A. J. M. (2014). Complicações neurais e incapacidades em hanseníase em capital do nordeste brasileiro com alta endemicidade. Rev Bras Epidemiol; 17(4): 899–910. https://doi.org/10.1590/1809-4503201400040009

Brasil. Ministério da Saúde. (2016). Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública: manual técnico-operacional Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/fevereiro/04/diretrizes-eliminacao-hanseniase-4fev16-web.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. (2017). Guia prático sobre a hanseníase. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/novembro/22/Guia-Pratico-de-Hanseniase-WEB.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. (2021). Secretária e Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças e Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico Especial da Hanseníase. https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/fevereiro/12/boletim-hanseniase-_-25-01.pdf

Croft, R. P., Nicholls, P. G., Richardus, J. H., & Smith, W. C. (2000). Incidence rates of acute nerve function impairment in leprosy: a prospective cohort analysis after 24 months (The Bangladesh Acute Nerve Damage Study). International Journal of Preventive Medicine, 5(4). https://doi.org/10.5935/0305-7518

Datasus. (2021). Projeção da população das unidades da federação por sexo e grupos de idade: 2000-2030. Datasus.gov.br. http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?ibge/cnv/projpopuf.def

Entezarmahdi, et al. (2014). Inequality of leprosy disability. International Journal of Preventive Medicine, 5(4).

Estrela, C. (2018). Metodologia Científica: Ciência, Ensino, Pesquisa. Editora Artes Médicas.

Ferreira, I. N., & Alvarez, R. R. A. (2005). Hanseníase em menores de quinze anos no município de Paracatu, MG (1994 a 2001). Revista Brasileira de Epidemiologia, 8: 41-49.

Ferreira, M. A. A. (2012). Evolução das taxas de detecção de casos de hanseníase em menores de 15 anos no estado de Minas Gerais de 2001 a 2010. Belo Horizonte. Teses de doutorado. CDU: 616.982.2. http://hdl.handle.net/1843/BUOS-96ZJEB

Flach, D. M. A. de M., Andrade, M., Valle, C. L. P. e, Pimentel, M. I. F., & Mello, K. T. (2010). Análise da série histórica do período de 2001 a 2009 dos casos de hanseníase em menores de 15 anos, no estado do RJ. Hansenologia Internationalis: Hanseníase E Outras doenças Infecciosas, 35(1): 13-20. https://doi.org/10.47878/hi.2010.v35.35116.

Global leprosy update, 2014: need for early case detection. (2015). Releve epidemiologique hebdomadaire, 90(36), 461–474.

Heukelbach, J., André, C. O., Oliveira, A. R., Häfner, K., Walther, F., Alencar, C.H., Ramos, Jr. A. N., Ferreira, A.C., & Ariza, L. (2011). Interrupção e abandono da poliquimioterapia contra a hanseníase: estudo de base populacional no Cerrado brasileiro. Plos Neglected Tropical Diseases, 5(5): e-1031. https://dx.doi.org/10.1371%2Fjournal.ntd.0001031

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). (2021). Cidades e Estados. Tocantins. http://ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=to

Kim, H. J., Fay, M. P., Feuer, E. J., & Midthune, D. N. (2000). Permutation tests for joinpoint regression with applications to cancer rates. Stat. Med, 19(3): 335-51.

Lehman, L. F., Orsini, M. B. P., Fuzikawa, P. L., Lima, R. C., & Diniz, S. (2009). Avaliação Neurológica Simplificada. ALM International, (104). https://www.sbd.org.br/mm/cms/2020/12/23/avaliacao-neurol-simplificada.pdf

Monteiro, L. D. (2012). Padrões de comprometimento neural, limitação de atividade, participação social e fatores associados nas pessoas em pós-alta de hanseníase nos anos de 2004-2009, Araguaína - TO. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública).

Monteiro, L. D., Alencar, C. H. M., Barbosa, J. C., Braga, K. B., Castro, M.D., & Heukelbach, J. (2013). Incapacidades físicas em pessoas acometidas pela hanseníase no período pós-alta da poliquimioterapia em um município no Norte do Brasil. Cad Saúde Pública, 29:909-20.

Monteiro, L. D., Alencar, C. H., Barbosa, J. C., Braga, K. P., Castro, M. D., & Heukelbach, J. (2013). Incapacidades físicas em pessoas acometidas pela hanseníase no período pós-alta da poliquimioterapia em um município no Norte do Brasil [Physical disabilities in leprosy patients after discharge from multidrug therapy in Northern Brazil]. Cadernos de saude publica, 29(5), 909–920.

Monteiro, L. D., Alencar, C. H., Barbosa, J. C., Novaes, C. C., da Silva, R., & Heukelbach, J. (2014). Limited activity and social participation after hospital discharge from leprosy treatment in a hyperendemic area in North Brazil. Revista brasileira de epidemiologia = Brazilian journal of epidemiology, 17(1), 91–104. https://doi.org/10.1590/1415-790x201400010008eng

Monteiro, L. D., Lopes, L. S. O., Santos, P. R., Rodrigues, A. L. M., Bastos, W. M., & Barreto, J. A. (2018). Tendências da hanseníase após implementação de um projeto de intervenção em uma capital da Região Norte do Brasil, 2002-2016. Cadernos de Saúde Pública, 34(11): e. 00007818. https://doi.org/10.1590/0102-311X00007818

Monteiro, L. D., Martins-Melo, F. R., Brito, A. L., Alencar, C. H., & Heukelbach, J. (2015). Physical disabilities at diagnosis of leprosy in a hyperendemic area of Brazil: trends and associated factors. Lepr Ver, 86(3): 240-50. PMID: 26665359.

Monteiro, L. D., Martins-Melo, F. R., Brito, A. L., Lima, M. S., Alencar, C. H., & Jorg, H. (2015). Tendências da hanseníase no Tocantins, um estado hiperendêmico do Norte do Brasil, 2001-2012. Cad Saude Publica, 31(5): 971-80. https://doi.org/10.1590/0102-311X00075314

Monteiro, L. D., Mello, F. R. M., Miranda, T. P., & Heukelbach, J. (2019). Hanseníase em menores de 15 anos no estado do Tocantins, Brasil, 2001-2012: padrão epidemiológico e tendência temporal. Revista Brasileira de Epidemiologia, 22.

Monteiro, L. D., Motall, R. M. S., Martins-Melo, F. R., Alencar, C. H., & Heukelbachl, J. (2017). Determinantes sociais da hanseníase em um estado hiperendêmico da região Norte do Brasil. Revista de Saúde Pública, 51: 70.

Moschioni, C., Antunes, C. M. F., Grossi, M. A. F., & Lambertucci, J. R. (2010). Fatores de risco para deficiência física no diagnóstico de 19.283 novos casos de hanseníase. Rev Soc Bras Med Trop, 43(1): 19–22.

Nery, J. S., Pereira, S. M., Rasella, D., Penna, M. L. F., Aquino, R., Rodrigues, L. C., Barreto, M. L., & Penna, G. O. (2014) Efeito dos Programas Brasileiros de Transferência Condicional de Renda e Atenção Primária à Saúde na Taxa de Detecção de Novos Casos de Hanseníase. PLoS Negl Trop Dis, 8(11): e. 3357. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0003357

Oliveira, L. R. (2011). Limitação de atividades e participação social entre usuários de um grupo de autocuidado em Hanseníase. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem.

Oliveira, M. L., Grossi, M. A., Oliveira, C. F., Sena, S. A., Daxbacher, E., & Penna, G. O. (2010). Commitment to reducing disability: the Brazilian experience. Leprosy review. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/41463

Penna, M. L., Oliveira, M. L., & Penna, G. O. (2009). The epidemiological behaviour of leprosy in Brazil. Leprosy Review, 80(3): 332-44.

Sanchez, M. N., Nery, J. S., Pescarini, J. M., Mendes, A. A., Ichihara, M. Y., Teixeira, C., Penna, M., Smeeth, L., Rodrigues, L. C., Barreto, M. L., Brickley, E. B., & Penna, G. O. (2021). Physical disabilities caused by leprosy in 100 million cohort in Brazil. BMC infectious diseases, 21(1), 290. https://doi.org/10.1186/s12879-021-05846-w

Santana, E. M. F. de, Brito, K. K. G. de, Nogueira, J. de A., Leadebal, O. D. C. P., Costa, M. M. L., Silva, M. A. da, & Soares, M. J. G. O. (2018). Deficiências e incapacidades na hanseníase: do diagnóstico à alta por cura. Revista Eletrônica De Enfermagem, 20. https://doi.org/10.5216/ree.v20.50436

Scherr, L. S., Almeida, M. P., Guarda, S. M., Sales, M. N., & Monteiro, L. D. (2021). “Epidemiological and operational patterns of leprosy in the state of tocantins, 2001-2020: Regression by inflection points”. International Journal of Development Research, 11(11): 52135-52142. https://doi.org/10.37118/ijdr.23387.11.2021

Souza, C., Tavares, D., Tavares, C. M., Almeida, A., Accioly, S., Paiva, J., Leal, T. C., & Santos, V. S. (2019). Physical disabilities due to leprosy in Alagoas State, Northeast Brazil: a temporal and spatial modeling. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 52: e20180540. https://doi.org/10.1590/0037-8682-0540-2018

Vieira, N., Lanza, F., Lana, F., & Martínez-Riera, J. (2018). Avaliação dos atributos da atenção primária à saúde nas ações de controle da hanseníase [Assessment of the attributes of primary health care in leprosy control actions] [Evaluación de los atributos de la atención primaria a la salud en las acciones de control de la lepra]. Revista Enfermagem UERJ, 26:e31925. https://doi.org/10.12957/reuerj.2018.31925

World Health Organization (WHO). (2021). Towards zero leprosy. Global leprosy (Hansen's Disease) strategy 2021-2030. World Health Organization. License: CC BY-NC-SA 3.0 IGO. https://apps.who.int/iris/handle/ 106 65/ 340774

World Health Organization. (WHO). (2020). Regional Office for South-East Asia. Estratégia Global de Hanseníase 2021–2030 – “Rumo à zero hanseníase”. World Health Organization. Regional Office for South-East Asia. Licença: CC BY-NC-SA 3.0 IGO. https://apps.who.int/iris/handle/10665/341501

Downloads

Publicado

02/04/2022

Como Citar

CARVALHO, R. A. .; ALENCAR, J. L. G. .; SOUZA, S. M. de .; ARAÚJO, V. N. B. de .; MONTEIRO, L. D. . Incapacidades físicas da hanseníase em menores de 15 anos no estado do Tocantins, Brasil, 2001 a 2020. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 5, p. e18311527995, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i5.27995. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/27995. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde