O protagonismo feminino na sociabilidade quilombola no contexto de Arrudas: apontamentos e articulações com a educação popular

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i5.28127

Palavras-chave:

Sociabilidade Quilombola; Região de Arrudas; Protagonismo Feminino; Bem Viver; Educação Popular. ; Educação Popular

Resumo

Este artigo vincula-se a uma questão de importância relevante para a análise reflexiva em desenvolvimento regional: as possibilidades emancipatórias em torno de experiências societárias no campo que não se circunscrevam à forma mercadoria como centralidade e fundamento para a existência do ser social. Cabe investigar a acentuação política que a sociabilidade quilombola pode revelar a partir da sua especificidade local. Traça-se, portanto, em um primeiro momento, de explicitar os parâmetros mais gerais acerca da experiência social do Quilombo na região do Cariri em estreita vinculação com o fenômeno da cultura. Em seguida, abordar-se-á a especificidade societária historicamente constituída da região de Arrudas. Este deslocamento nos permite compreender de forma mais sistemática a constitutividade histórica do protagonismo feminino na comunidade local, objeto específico deste artigo. Desse modo, o posicionamento teórico-metodológico em questão nos permite lançar a hipótese de que a sociabilidade presente na comunidade de Arrudas, com especial atenção ao papel das mulheres, pode vir a ser um terreno fértil para experiências emancipatórias em educação popular, em razão dos conteúdos pedagógicos estarem em dinâmica e intensa articulação com o substrato de ação social dos sujeitos locais em seu cotidiano. Esta mediação será estabelecida a partir do conceito de Bem Viver, estritamente vinculado à sociabilidade quilombola por trazer em seus princípios relações de produção, intercâmbio e cooperação fundamentadas na solidariedade comunitária, e não no individualismo e na mercantilização de todos os aspectos da vida e das relações humanas. Ou seja, o resgate do conceito de Bem Viver como elemento intrínseco à sociabilidade quilombola é aqui entendido nos termos teórico-metodológicos para se pensar esta experiência social enquanto componente formativo crítico que a viabilize, efetivamente, outras possibilidades de desenvolvimento para além da noção hegemônica capitalista.

Biografia do Autor

João Leandro Neto, Universidade Federal do Cariri

Mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade Federal do Cariri (Proder/UFCA), na linha de pesquisa: saúde, estado e sociedade. Filósofo e Pedagogo. Especialista em Gestão Escolar e Gestão de Políticas Públicas. Atualmente é professor da rede municipal de Araripe-CE. Tutor a distância da Universidade Aberta do Brasil em convênio com a Universidade Regional do Cariri (UAB/URCA). Membro do conselho editorial da Revista África e Africanidades (RAA). Compõe o Grupo de Pesquisas Observatório do Bem Viver da Universidade Regional do Cariri (URCA). Realiza pesquisas com temas voltados à filosofia da educação, patrimônio histórico e ancestralidade na Escola Santa Verônica (Comunidade Quilombola do Sítio Arruda em Araripe-CE)

Francisca Laudeci Martins Souza, Universidade Regional do Cariri

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri (1991), mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1999) e doutorado em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2010). Professora Associada do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri (URCA). Professora do Permanente do Mestrado Profissional em Educação (PMPEDU/URCA) e Professora Colaboradora do Mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável da Universidade Federal do Cariri (Proder/UFCA).

Victoria Régia Arrais de Paiva, Universidade Federal do Cariri

Possui graduação em Ciências Sociais, mestrado e doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É docente efetiva da Universidade Federal do Cariri (UFCA), no Curso de Administração Pública e Gestão Social, e no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (Proder). Colabora na coordenação da Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares e Solidários (ITEPS) da UFCA. Atualmente, faz estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará (UFC). Tem experiência na área de Sociologia e metodologias da pesquisa social, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho, economia solidária, gestão social, sustentabilidade, bem viver e avaliação de políticas públicas.

Adriana de Alencar Gomes Pinheiro, Centro Universitário Paraíso do Ceará

Doutora em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (2015). Mestrado em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (2003). Graduação em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (1995). Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Católica de Pernambuco (1991). Especialista em Docência e Gestão do Ensino Superior pelo Centro Universitário Paraíso do Ceará (UNIFAPCE), Psicologia Aplicada - Psicodiagnóstico Infantil (1998), Psicopedagogia (2002) pela Universidade Federal do Ceará. Título de Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho (2002) e Neuropsicologia (2008) pelo Conselho Federal de Psicologia. Experiência em Gestão e na Docência do Ensino Superior na Área da Psicologia Clínica/Organizacional e do Trabalho. Coordenadora do Curso de Psicologia, do Núcleo de Apoio Psicopedagógico, Docente de Graduação e Pós-Graduação do Centro Universitário Paraíso do Ceará (UniFAPCE). Docente Permanente do Mestrado Profissional em Educação da Universidade Regional do Cariri (URCA) na linha de pesquisa Práticas educativas, culturas e diversidade. 

Zuleide Fernandes de Queiroz, Universidade Regional do Cariri

Possui Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará (1986), Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (1992) e Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2003) e Pós - Doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2014). É professora da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte - FMJ e dos Programas de Pós-Graduação: Programa de Mestrado Profissional em Educação PMPEDU/URCA, PROFHISTÒRIA/URCA e PRODER/UFCA. Pesquisa nas áreas de: Educação, com ênfase em História da Educação, Política Educacional e Formação de Professores; Saúde e Violência; Feminino e Violência; Infância - adolescência e Violência. Atua em ações de Extensão nas áreas de: Educação e Saúde; Educação e movimentos sociais.

Cicera Nunes, Universidade Regional do Cariri

Doutora em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (2010). É Mestre em Educação Brasileira também pela Universidade Federal do Ceará (2007). Pedagoga e Especialista em Arte-Educação pela Universidade Regional do Cariri (2003). Realizou estágio de pós-doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Museologia da Universidade Federal da Bahia - UFBA (2020/2021).Foi professora da educação básica da rede municipal e particular de Juazeiro do Norte (2000-2008), da Universidade Federal de Alagoas - UFAL (2008-2010) e da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG (2010-2011). Atualmente é Professora Adjunta vinculada ao Departamento de Educação da Universidade Regional do Cariri - URCA. Professora Permanente do Mestrado Profissional em Educação e do Mestrado Profissional em Ensino de História da URCA. Coordenadora do Núcleo de Estudos em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais - NEGRER/URCA. 

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Publicado

31/03/2022

Como Citar

LEANDRO NETO, J. .; SOUZA, F. L. M.; PAIVA, V. R. A. de; PINHEIRO, A. de A. G.; QUEIROZ, Z. F. de; NUNES, C. O protagonismo feminino na sociabilidade quilombola no contexto de Arrudas: apontamentos e articulações com a educação popular . Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 5, p. e14311528127, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i5.28127. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/28127. Acesso em: 15 jan. 2025.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais