Saúde Mental Materna e Retenção de Peso no Pós-Parto
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i6.28598Palavras-chave:
Depressão pós-parto; Retenção de peso pós-parto; Estado nutricional.Resumo
O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da depressão pós-parto (DPP) na retenção de peso até o sexto mês pós-parto. Trata-se de um estudo longitudinal, com 563 mulheres acolhidas nas unidades de saúde do município do Rio de Janeiro, entre 2005 e 2009. Foram coletados peso, estatura, peso retido (15 dias, 1º, 2º, 4º e 6º mês) e peso pré-gestacional referido. A DPP foi avaliada a partir da Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo, aos 15 dias e no 2º mês pós-parto, usando 11/12 como ponto de corte. Considerou-se depressão recorrente quando houve presença de depressão nos dois momentos. Para as análises estatísticas do efeito da DPP sobre a retenção de peso pós-parto empregou-se o procmixed do pacote estatístico SAS. Mais de 30% iniciaram a gravidez com excesso de peso, 18,6% apresentaram depressão aos 15 dias pós-parto e 8,3% apresentaram depressão recorrente. Na análise de DPP recorrente, observa-se que mulheres com depressão recorrente tendem a perder menos peso que as sem depressão. O estudo aponta para a importância do monitoramento da DPP e da condição nutricional, pois mulheres com depressão recorrente apresentaram, potencialmente, maiores chances de desenvolver sobrepeso ou obesidade, ao manifestar uma menor perda de peso.
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