Os ciclos econômicos da borracha e a Zona Franca de Manaus: expansão urbana e degradação das microbacias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i6.29103

Palavras-chave:

Impactos ambientais; Igarapé; Êxodo rural; Crescimento populacional; Ocupação subnormal.

Resumo

Este estudo apresenta um apanhado histórico sobre o uso e a ocupação do sítio urbano de Manaus ocorrido no primeiro ciclo econômico da borracha entre 1870 e 1920, no segundo entre 1942 e 1945 e com a implantação da Zona Franca de Manaus que ocorreu a partir de 1967. Faz uma análise dos aspectos sociais relacionados principalmente à habitação e ao meio ambiente, com destaque a degradação das microbacias. Esses momentos econômicos alavancaram processos de mudanças na estrutura do espaço urbano ocasionado por movimento populacional campo-cidade, que culminou em um intenso êxodo rural. Utilizou-se da investigação qualitativa, uso de base cartográfica do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Manaus de 2014, do Plano Diretor Urbano e Ambiental do Município de Manaus de 2014, dados secundários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Instituto Trata Brasil, 2019, além das referências, trabalho de campo nos cursos d’água, uso de GPS, registro fotográfico e trabalho de escritório. Dos ciclos econômicos da borracha apenas o primeiro impulsionou fluxos migratórios que elevaram o crescimento populacional em 158%, consequentemente aumentou os impactos socioambientais, mas não teve força de atração suficiente para permanecer expandindo o sítio urbano da capital após a queda do setor. Já, a Zona Franca se transformou em uma força motriz de prestação de serviços permanente, apoiada num intenso comércio de produtos na área central da capital e, ocasionou um fluxo migratório constante que desencadeou um crescimento desordenado do sítio urbano e aceleração da degradação das microbacias.

Biografia do Autor

José Roselito Carmelo da Silva, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Graduado em Geografia, Especialista em Geografia da Amazônia Brasileira, Mestre em Geociências e Doutorando em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Professor pesquisador  no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). Experiência docente em ensino, pesquisa e extensão nas áreas de Geografia Física (Geomorfologia, Biogeografia, Hidrologia e Pedologia), Ciências Ambientais (avaliação e gestão ambiental, atuando principalmente nas seguintes temáticas: a percepção e a sensibilização ambiental, Educação Ambiental, planejamento ambiental com enfoque em recuperação de área degradada, caracterização e avaliação de impacto ambiental e gestão de resíduos sólidos), Geociências com ênfase em Geologia Ambiental. Linha de pesquisa com estudo em microbacias urbana. Líder do grupo de pesquisa: Núcleo de Pesquisa em Sustentabilidade na Amazônia (NUPESAM) e membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

 

Veridiana Vizoni Scudeller, Universidade Federal do Amazonas

Veridiana Vizoni Scudeller concluiu o curso de Ciências Biológicas na Universidade Estadual Paulista UNESP Rio Claro, o mestrado em Botânica na Universidade Federal de Viçosa e o doutorado em Biologia Vegetal pela universidade estadual de campinas UNICAMP em 2002. Desde 2009 é professora da Universidade Federal do Amazonas - UFAM, sendo atualmente Associada III. Atua nas disciplinas de Morfologia e Taxonomia das Espermatófitas e Inventário florístico nos cursos de graduação em Biologia, Engenharia Florestal e Agronomia. Tem atuado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, em inventários florísticos, uso dos recursos florestais e não florestais e conhecimento e valorização do conhecimento tradicional; na melhoria do aprendizado e divulgação da botânica do dia a dia; no conhecimento e sinalização da flora do campus da UFAM e de espécies amazônicas e, mais recentemente tem focado suas pesquisas na distribuição das espécies arbóreas do igapó e campinarana. Também é credenciada nos programas de pós-graduação em Ciências Florestais e Ambientais (PPGCIFA) e Ciências ambientais e sustentabilidade da Amazônia (PPG CASA) ambos UFAM.

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Publicado

29/04/2022

Como Citar

SILVA, J. R. C. da; SCUDELLER, V. V. . Os ciclos econômicos da borracha e a Zona Franca de Manaus: expansão urbana e degradação das microbacias. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 6, p. e33611629103, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i6.29103. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/29103. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Exatas e da Terra