Chuva de sementes em duas áreas com diferentes tipos de relevo em uma floresta tropical

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29912

Palavras-chave:

Área de encosta; Dispersão de sementes; Topografia; Área plana; Variação espaço-temporal.

Resumo

A chuva de sementes participa do enriquecimento de espécies durante a regeneração natural dos ecossistemas terrestres, pois esse processo ecológico promove o fluxo gênico e a manutenção da biodiversidade florestal. No entanto, poucos estudos avaliaram as variações na chuva de sementes relacionadas à heterogeneidade ambiental no interior das florestas. Estudamos a influência do relevo (áreas planas ou de encosta) na variação sazonal e mensal da densidade, composição florística e riqueza da chuva de sementes em um fragmento urbano de Mata Atlântica. Realizamos o presente estudo em uma Floresta Tropical Úmida, no Nordeste do Brasil. Selecionamos duas áreas dentro do fragmento: uma com relevo plano e, sendo a outra, uma encosta. Em cada tipo de relevo foram instalados 20 coletores de sementes de 0,25 m2, num total de 40 unidades, para quantificar a chuva de sementes. Após dez meses de estudo, contabilizamos 9.474 sementes, das quais, 8.061 foram observadas na área de relevo plano e 1.413 na área de encosta. Houveram diferenças significativas nas síndromes de dispersão e hábito das plantas entre os tipos de relevo. A densidade de sementes na área plana diferiu entre as estações e a riqueza de espécies variou sazonalmente em ambas as áreas. Houve variações na composição florística entre as estações nas áreas plana e de encosta. A densidade de sementes foi maior nos meses de dezembro e Janeiro na área plana. Diferenças na chuva de sementes sugerem que ela é influenciada pela heterogeneidade espacial e sazonalidade climática, e que as áreas com diferentes tipos de relevo são importantes para a conservação da biodiversidade.

Biografia do Autor

Priscila Silva dos Santos, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Rural Federal University of Pernambuco

Kleber Andrade da Silva, Universidade Federal de Pernambuco

Federal University of Pernambuco

Elcida de Lima Araújo, Universidade Federal de Pernambuco

Universidade Federal de Pernambuco

Elba Maria Nogueira Ferraz, Instituto Federal de Pernambuco

Federal Institute of Pernambuco

Referências

APG (Angiosperm Phylogeny Group) III. (2009) An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, 161, 105-121.

Benítez-Malvido, J., Álvarez-Añorve, M. Y., Ávila-Cabadilla, L. D., González-Di Pierro, A. M., Zermeño-Hernández, I., Méndez-Toribio, M., González-Rodríguez, A. & Lombera, R. (2022) Phylogenetic and functional structure of tree communities at different life stages in tropical rain forest fragments. Global Ecology and Conservation 36, e02113

Campos, E. P., Vieira, M. F., Silva, A. F., Martins, S. V., Carmo, F. M. S., Moura, V. M. & Ribeiro, A. S. S. (2009) Chuva de sementes em Floresta Estacional Semidecidual em Viçosa, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 23, 451-458.

César, R. G., Rother, D. C. & Brancalion, P. H. S. (2020) Early Response of Tree Seed Arrival After Liana Cutting in a Disturbed Tropical Forest. Tropical Conservation Science, 10(1), 1-7.

Clarke, K. R. & Gorley, R. N. (2006) Primer v6: user manual/tutorial. Plymouth Marine Laboratory, Plymouth.

Companhia Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH (2003). Diagnóstico socioambiental do litoral norte de Pernambuco. Recife: CPRH.

Dosch, J. J., Peterson, C. J. & Haines, B. L. (2007) Seed rain during initial colonization of abandoned pastures in the premontane wet forest zone of southern Costa Rica. Journal of Tropical Ecology, 23, 151-159.

Du, Y., Mi, X., Liu, X., Chen, L. & Ma, K. (2009) Seed dispersal phenology and dispersal syndromes in a subtropical broad-leaved forest of China. Forest Ecology and Management, 258, 1147–1152.

Feitosa, A. A. N. (2004). Diversidade de espécies florestais arbóreas associadas ao solo em toposseqüência de fragmento de mata atlântica de Pernambuco. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco. Dissertação de Mestrado em Ciência do Solo, 102 pp.

Gandolfi, S., Leitão-Filho, H. F. & Bezerra, C. L. F. (1995) Levantamento florístico e caráter sucessional das espécies arbustivo-arbóreas de uma Floresta Mesófila Semidecídua no Município de Guarulhos, SP. Revista Brasileira de Biologia, 55, 753-767.

Gratzer, G., Pesendorfer, M. B., Sachser, F., Wachtveitl, L., Nopp-Mayr, U., Szwagrzyk, J. & Canham, C. D. (2022) Does fine scale spatiotemporal variation in seed rain translate into plant population structure? Oikos, 2022, e08826.

Grombone-Guarantini, M. T. & Rodrigues, R. R. (2002) Seed bank and seed rain in a seasonal semi-deciduous forest in south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, 18, 759-774.

Guevara, S. & Laborde, J. (1993) Monitoring seed dispersal at isolated standing trees in tropical pastures: consequences for local species availability. Vegetatio, 107/108, 319-338.

Hardesty, B. D. & Parker, V. T. (2002) Community seed rain patterns and a comparison to adult community structure in a West African tropical forest. Plant Ecology, 164, 49-64.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2004). Mapa de biomas do Brasil. Brasília: IBGE.

Jara-Guerrero, A., Espinosa, C.I., Méndez, M., De la Cruz, M. & Escudero, A. (2020) Dispersal syndrome influences the match between seed rain and soil seed bank of woody species in a Neotropical dry forest. Journal of Vegetation Science, 31, 995-1005.

Knorr, U. C. & Gottsberger, G. (2012) Differences in seed rain composition in small and large in the northeast Brazilian Atlantic Forest. Plant Biology, 14, 811–819.

Köppen, W. & Geiger, R. (1928). Klimate der Erde. Gotha: Verlag Justus Perthes.

Lagos, M. C. C. & Marimon, B. S. (2012) Chuva de sementes em uma floresta de galeria no Parque do Bacaba, em Nova Xavantina, Mato Grosso, Brasil. Revista Árvore, 36, 311-320.

Lima, P. B. (2016). Herbáceas da floresta atlântica nordestina: regeneração natural em uma cronossequência de abandono agrícola e potencial invasor. Tese (Doutorado em Botânica) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Biologia.

Lorenzi, H. (1998a). Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Instituto Plantarum (1), Nova Odessa, Brasil.

Lorenzi, H. (1998b). Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Instituto Plantarum (2), Nova Odessa, Brasil.

Marimon, B. S., Felfili, J. M., Lima, E. S., Duarte, W. M. G. & Marimon-Júnior, B. H. (2010) Environmental determinants for natural regeneration of gallery forest at the Cerrado/Amazonia boundaries in Brazil. Acta Amazonica, 40, 107-118.

Martinez-Garza, C. & Gonzalez-Montagut, R. (1999) Seed rain from forest fragments into tropical pastures in Los Tuxtlas, Mexico. Plant Ecology, 145, 255–265.

Martini, A. M. Z. & Santos, F. A. M. (2007) Effects of distinct types of disturbance on seed rain in the Atlantic forest of NE Brazil. Plant Ecology, 190, 81–95.

Martins, S. V., Silva, N. R. S., Souza, A. L. & Meira-Neto, J. A. A. (2003) Distribuição de espécies arbóreas em um gradiente topográfico de floresta estacional semidecidual em Viçosa, MG. Scientia Forestalis, 64, 172-181.

Pessoa, L. M. (2011). Fenologia e chuva de sementes em um fragmento urbano de floresta Atlântica em Pernambuco. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco. Tese de Doutorado em Botânica, 104 pp.

Plohák, P., Švehláková, H., Rajdus, T. & Turčová, B. (2021) Seed rain of selected subsidence basins in Karviná region – preliminary results. GeoScience Engineering, 67 (3), 85-94

Raunkiaer, C. (1934). The life forms of plants and statistical geography. Claredon, Oxford.

Rezende, C. L., Scarano, F. R., Assad, E. D., Joly, C. A., Metzger, J. P., Strassburg, B. B. N., Tabarelli, M., Fonseca, G. A. & Mittermeier, R. A. (2018). From hotspot to hopespot: An opportunity for the Brazilian Atlantic Forest. Perspectives in Ecology and Conservation, 16, 208-214.

Sheldon, K. S. & Nadkarni, N. M. (2013) Spatial and Temporal Variation of Seed Rain in the Canopy and on the Ground of a Tropical Cloud Forest. Biotropica, 45, 549–556.

Tabarelli, M, Pinto, S. R. & Leal, I. R. (2009) Floresta Atlântica Nordestina: fragmentação, degeneração e perda de biodiversidade. CiênCia Hoje, 44 (263), 36-41.

Van der Pijl, L. (1982). Principles of dispersal in higher plants. New York: Springer-Velag.

Vieira, D. C. M. & Gandolfi, S. (2006) Chuva de sementes e regeneração natural sob três espécies arbóreas em uma floresta em processo de restauração. Revista Brasileira de Botânica, 29, 541-554.

Werden, L. K., Holl, K. D., Chaves‐Fallas, J. M., Oviedo-Brenes, F., Rosales, J. A. & Zahawi R. A. (2021) Degree of intervention affects interannual and within-plot heterogeneity of seed arrival in tropical forest restoration. Journal of Applied Ecology, 58, 1693-1704.

Yang, X., Yan, C., Gu, H. & Zhang, Z. (2020) Interspecific synchrony of seed rain shapes rodent-mediated indirect seed–seed interactions of sympatric tree species in a subtropical forest. Ecology Letters, 23, 45–54.

Downloads

Publicado

25/05/2022

Como Citar

SANTOS, P. S. dos .; SILVA, K. A. da .; ARAÚJO, E. de L. .; FERRAZ, E. M. N. . Chuva de sementes em duas áreas com diferentes tipos de relevo em uma floresta tropical. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 7, p. e29511729912, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i7.29912. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/29912. Acesso em: 14 maio. 2025.

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas