O que se sabe sobre interação parasitária no Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) na Bacia do Baixo Rio Grande

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i7.30214

Palavras-chave:

Moluscos exóticos; Parasitismo; Comunidades aquáticas.

Resumo

O Limnoperna fortunei é um bivalve exótico invasor com alta capacidade reprodutiva e distribuição geográfica. Mesmo após, três décadas de sua introdução em águas sul-americanas, conhecimentos sobre interações ecológicas como parasito/hospedeiro para a espécie ainda são escassas na literatura. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi investigar a presença de potenciais parasitos no mexilhão dourado na Bacia do Baixo Rio Grande. A inspeção parasitária se deu por duas etapas, a primeira ocorreu por meio de dissecação de 1.000 exemplares de L. fortunei oriundos de quatro trechos do Rio Grande, onde inspecionou-se as demibrânquias interna e externa, o manto, gônadas e o pé. A segunda etapa, ocorreu por meio de fotoestimulação (1 lâmpada halógena 60W, 1 lâmpada fluorescente branca morna de 20 W e 1 lâmpada fluorescente branca fria de 20 W) onde foram expostos 100 moluscos, distribuídos em quatro espécies, L. fortunei, C. fluminea, M. tuberculata e um único representante nativo P. Canaliculata. Não houve registro de parasito no bivalve exótico L. fortunei dissecados e fotoestimulados. Sendo esses resultados estendidos para as outras duas espécies exóticas C. fluminea, M. tuberculata. O registro de cercárias foi observado apenas em um exemplar da espécie nativa P. Canaliculata tendo uma prevalência parasitária inferior a 1%. Diante desses resultados, pode-se inferir que:  a ausência de parasito nos moluscos exóticos e presença em nativo, pode ser um indicativo de algum nível de relação com a hipótese de efeito de diluição. Esta parte da premissa que a pressão parasitária é diluída frente a uma diversidade de hospedeiros e a hipótese de libertação do inimigo na qual sugere que espécies exóticas deixam para trás os seus inimigos naturais.

Referências

Agência Regional De Proteção Ambiental da Bacia do Rio Grande-ARPA. (2022). http://arpariogrande.org.br/bhrg/.

Baba, T., & Urabe, M. (2011). Examination methods for the bucephalids wich use Limnoperna fortunei as the first intermediate host. Yahagi River Research, 15, 97-101.

Barbosa, N. P. U., Silva, F. A., Oliveira, M. D., Neto, M. A. S., Carvalho, M. D., & Cardoso, A. V. (2016). Check list the journal of Biodiversity data, 12 (1).

Blakeslee, A. M. H., Fowler, A. E., & Keogh, C. L. (2013). Marine Invasions and Parasite Escape: Updates and New Perspectives. In: Lesser, M. (ed.). Advances in Marine Biology. Elsevier, 87–169. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-408096-6.00002-X

Boltovskoy, D., & Cataldo, D. (1999). Population dynamics of Limnoperna fortunei, an invasive fouling mollusk, in the lower Paraná river (Argentina). Biofouling, 14, 255–263. https://doi.org/10.1080/08927019909378417

Boltovskoy, D., & Correa, N. (2015). Ecosystem impacts of the invasive bivalve Limnoperna fortunei (golden mussel) in South America. Hydrobiologia, 746, 81–95. https://doi.org/10.1007/s10750-014-1882-9

Brian, J. I., & Aldridge, D. C. (2019). Endosymbionts: An Overlooked Threat in the Conservation of Freshwater Mussels? Biological Conservation, .237, 155–165. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2019.06.037

Brian, J. I., & Aldridge. D. C. (2020). An Efficient Photograph-Based Quantitative Method for Assessing Castrating Trematode Parasites in Bivalve Molluscs. Parasitology, 147 (2). https://doi.org/10.1017/S0031182D20001213

Camargo, A. A., Pedro, N. H. O., Pelegrini, L. S., Azevedo, R. K., Silva. R.. J., & Abdallah, V. D. (2015) Parasites of Acestrorhynchus lacustris (Lutken, 1875) (Characiformes: Acestrorhynchidae) collected from the Peixe River, southeast Brazil. Acta Scientiarum, 37 (2), 231-237. https://doi.org/10.4025/actascibiolsci.v37i2.24303

Camargo, P. R. S.; Neves, N. M.; Anjos, Marília Ribeiro Dos; Barbosa, N. P. U.; Cardoso, A. V.; Assis, P. S.; Pelli, A. (2021). Pode o mexilhão dourado reproduzir em laboratório? CONJECTURAS, 21 (7), 1-16. DOI: 10.53660/CONJ-307-301. https://conjecturas.org/index.php/edicoes/article/view/307/237

Camargo, P. R. S.; Barreiros, L. F. G.; Barbosa, N. P. U.; Cardoso, A. V.; Assis, P. S.; Pelli, A. (2022) Golden mussel geographic distribution paradox: how can stream theories explain? International Journal of Hydrology, 6 (2), 73-77. 10.15406/ijh.2022.06.00304. https://medcraveonline.com/IJH/IJH-06-00304.pdf

Castillo, A. R., Bortoluzzi, L.R., & Oliveira, E.V. (2007). Distribuição e densidade populacional de Corbicula fluminea (Mueller, 1744) do Arroio Imbaá, Rio Uruguai, Uruguaiana, Brasil. Biodiversidade Pampeana, 5, 25-29. https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/iberoamericana/N%C3%83%C6%92O%20https:/www.scimagojr.com/index.php/biodiversidadepampeana/article/view/2607

Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas-CBEIH. https://www.cbeih.org/.

Civitello, D.J., Cohen, J., Fatima, H., Halstead, N. T., Liriano, J., & McMahon, Otega, C. N., Sauer, E. L., Sehgal, T., Young, S., & Rohr, J. R. (2015). Biodiversity inhibits parasites: Broad evidence for the dilution effect. Proceedings of the NationalAcademy of Sciences, 112, 8667-8671. https://doi.org/10.1073/pnas.1506279112

Creed, R.P., Bailey, G.L., Skelton, J., & Brown, B. L. (2022). The dilution effect in a freshwater mutualism: Impacts of introduced host species on native symbionts. River Research and Applications, 1-9. https://doi.org/10.1002/rra.3940

Crespo, D., Dolbeth, M., Leston, S., Sousa, R., & Pardal, M. A. (2015). Distribution of Corbicula fluminea in the invaded range: a geographic approach with notes on species traits variability. Biological Invasions, 17, 2087–2101. https://doi.org/10.1007/s10530-015-0862-y

Pereira, D., Mansur, M. C. D., Pimpão, D. M. (2012) Identificação e diferenciação dos bivalves límnicos invasores dos demais bivalves nativos do Brasil. In: Mansur, M. C. D.; Nehrke, M. V.; Bergonci, P. E. A. (Eds.). Moluscos límnicos invasores no Brasil: biologia, prevenção e controle. Porto Alegre: Redes Editora. 75-94.

Dargent, F., Rolshausen, G., Hendry, A. P., Scott, M. E., & Fussmann, G. F. (2016). Parting ways: parasite release in nature leads to sex-especific evolution of defence. Journal of Evolutionary Biology, 29, .23-34. https://doi.org/10.1111/jeb.12758

Darrigran, G., & Pastorino, G. (2004). Distribution of the golden mussel Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) (Family Mytilidae) after 10 years invading America. Journal Conchology Special Publication, 3, 95–102.

Darrigran, G., & Pastorino, G. (1995). The recent introduction of Asiatic Bivalve, Limnoperna fortunei (Mytilidae) into South America. Veliger, 38 (2), 183-187.

Duchini, D., Boltovskoy, D., & Sylvester, F. (2018). The invasive freshwater bivalve Limnoperna fortune in South America: multidiannual changes in its predation an effects on associated benthic invertebrates. Hydrobiologia, 817, 431-446. https://doi.org/10.1007/s10750-018-3561-8

FRANDSEN, F., & CHRISTENSEN, N.O. (1984). An introductory guide to the identification of cercariae from African freshwater snails with special reference to cercariae of trematode species of medical and veterinary importance. Acta Tropical, 41, 181-202. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/6206702/

Frau, D., Molina, F. R., & Mayora, G. (2016). Feeding selectivity of the invasive mussel Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) on a natural phytoplankton assemblage: what really matters? Limnology, 17, 47-57. https://doi.org/10.1007/s10201-015-0459-2

Garnick, E., & Margolis, L. (1990). Influence of four species of helminth parasites on orientation of seward migrating sockeye salmon (Oncorhynchus nerka) smolts. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Science, 47 (12), 2380-2389. https://doi.org/10.1139/f90-265

Hayakawa, K., M, Urabe, Y., & Taniguchi. (2019). New record of bucephalidae trematodes from the invasive golden mussel Limnoperna fortunei in the Yahagi River. Yahagi River Research, 23, 29-30.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. (2020). Plano nacional de prevenção, controle e monitoramento do mexilhão-dourado (Limoneperna fortunei) no Brasil. Brasília, DF: IBAMA.

Ivanina, A.V., Borah, B. M., Vogts, A., Malik, I., Wu, J., Chin, A. R., Almarza, A. J., Kumta, P., Piontkivska, H., Beniash, E., & Sokolova, I. (2018). Potential trade-offs between biomoneralization and immunity revealed by shell properties and gene expression profiles of two closely related Crassostrea species. Journal of Experimental Biology, 221, 1-17. https://doi.org/10.1242/jeb.183236

Johnson, P. T. J., Preston, D. L., Hoverman, J. T., & Richgels, K. L. (2013). Biodiversity decreases disease through predictable changes in hostcommunity competence. Nature, 494, 230-233. 10.1038/nature11883

Keesing, F., Holt, R. D., & Ostfeld, R. S. (2006). Effects of species diversityon disease risk. Ecology Letters, 9, 485–498. 10.1111/j.1461-0248.2006.00885.x

Linares, M.S., Callisto, M., & Marques, J.C. (2017). Invasive bivalves increase benthic communities complexity in neotropical reservoirs. Ecological Indicators, 75, 279-285. https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2016.12.046

Lively, C. M. (1987). Evidence from a New Zealand snail for the maintenance of sex by parasitismo. Nature, 328, 519-521. https://doi.org/10.1038/328519a0

Mansur, M. C. D., Santos, C. P., Pereira, D., Paz, I. C. P., Zurita, M. L. L., Rodriguez, M. T. M. R., Nehrke, M., & Bergonci, P. Molusco Límnicos Invasores no Brasil: biologia, prevenção e controle. Porto Alegre: Redes Editora, 2012.

Ministério do Meio Ambiente. (2020). Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei): Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento no Brasil. Brasília: MMA. 159. Retrieved May 11, 2022, from https://www.ibama.gov.br/component/phocadownload/file/8205-mexilhao-dourado-limnoperna-fortunei-plano-nacional-de-prevencao-controle-e-monitoramento-no-brasil

Müller, T., Czarnoleski, M., Labecka, A. M., Cichy, A., Zajac. K., & Dragosz-Kluska, D. (2014). Factors affecting trematode infection rates in freshwater mussels. Hydrobiologia, 742, 59-70. https://doi.org/10.1007/s10750-014-1965-7

Pastorino, G., Darrigran, G. A., Martín, S. M., Lunaschi, L. (1993). Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) (Mytilidae), nuevo bivalvo invasor en aguas del Río de la Plata. Neotropica, 39 (34), 101–102.

Pinto, H.A., & Melo, A.L. (2010a). Melanoides tuberculata (Mollusca: Thiaridae) as an intermediate host of Centrocestus formosanus (Trematoda: Heterophyidae) in Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 52 (4), 207-210. https://doi.org/10.1590/S0036-46652010000400008

Pinto, H. A., & Melo, A. L. (2010b). Melanoides tuberculata as Intermediate host of Philophthalmus gralli in Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 52 (6), 323-327. 10.1590/S0036-46652010000600007

Rebelo, M. F., Afonso, L. F., Americo, J. A., Silva, L. S., Neto, J. L. B., Dondero, F., & Zhang, Q. (2018). A sustainable synthetic biology approach for the control of the invasivegol den mussel (Limnoperna fortunei). PeerJ Preprints, 3, 1-7. https://doi.org/10.7287/peerj.preprints.27164v3

Relyea, R., & Ricklefs, R. E. (2021). A Economia da Natureza. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

Ruiz, J. M. (1952a). Noções técnicas aplicadas à epidemiologia da Schistosomose. 1. Captura de moluscos. Pesquisa e reconhecimento de cercárias. Anais da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo, 10, 41-62.

Taskinen, J., Urbanska, M., Ercoli, F., Andrzejewski, W., Ozgo. M. Deng, B, Deng, B., Choo, J. M., & Riccardi, N. (2021). Parasites in sympatric populations of native and invasive freshwater bivalves. Hydrobiologia, 848, 3167-3178. https://doi.org/10.1007/s10750-020-04284-0

Torchin, M. E., Lafferty, K. D., & Kuris, A. M. (2002). Parasite and marine invasions. Parasitology, 124 (7), 333-345. https://doi.org/10.1017/S0031182002001506

Torchin, M. E., Lafferty, K. D., & Kuris, A. M. (2001). Release from parasites as natural enemies: increased performace of a globally introduced marine crab. Biological Invasions, 3, 333-345. https://doi.org/10.1023/A:1015855019360

Travina, O. V., Bespalaya, Y. V., Aksenova, O. V., Shevchenko, A. R., & Sokolova, S.E. (2019). Infection of Dreissena polymorpha (Bivalvia: Dreissenidae) with Phyllodistomum macrocotyle (Digenea: Gorgoderidae) in the Northern Dvina River Basin, Northern Russia. Biharean Biologist, Oradea, Romania, 3 (1), 49-51. Retrieved May 11, 2022, from http://biozoojournals.ro/bihbiol/

Vaz, J. F., Teles, H. M.S., Correa, M. A., & Leite, S. P. S. (1986a). Ocorrrência no Brasil de Thiara (Melanoides) tuberculata (O.F. Müller, 1774) (Gastropoda, Prosobranchia), primeiro hospedeiro intermediário de Clonorchis sinensis (Cobbold, 1875) (Trematoda, Plathyhelmintes). Revista de Saúde Pública, 20 (4), 318-322. https://doi.org/10.1590/S0034-89101986000400008

Xu, M., Darrigran, G., Wang, Z., Zhao, N., & Lin, C. C. (2014). Experimental study on control of Limnoperna fortunei biofouling in water transfer tunnels. Journal of Hydro-environment Research, 20, 1-11https://doi.org/10.1016/j.jher.2014.06.006.

Yee-Duarte, J. A., Ceballos-Vázquez, B. P., Shumilin, E., Kidd, K. A., & Arellano-Martínez, M. (2017). Parasitic Castration of Chocolate Clam Megapitaria squalida (Sowerby, 1835) Caused by Trematode Larvae. Journal of Shellfish Research, 36 (3), 593-599. https://doi.org/10.2983/035.036.0307.

Downloads

Publicado

03/06/2022

Como Citar

CAMARGO, P. R. da S.; SILVA, R. G. da .; BARBOSA, N. U. P. .; CARDOSO, A. V. . .; ASSIS, P. S.; PELLI, A. O que se sabe sobre interação parasitária no Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) na Bacia do Baixo Rio Grande. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 7, p. e51811730214, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i7.30214. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/30214. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas