Atividade Moluscicida de extratos de plantas do Cerrado em Biomphalaria glabrata (Say, 1818)
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i8.30656Palavras-chave:
Controle alternativ; Schistosoma mansoni; Extratos vegetais; Cerrado.Resumo
Moluscicidas derivados de plantas têm sido indicados como estratégias biodegradáveis e de baixo custo para o controle da Biomphalaria glabrata (Say, 1818), hospedeira intermediária da esquistossomose. O objetivo desse trabalho foi avaliar os extratos aquosos e etanólico de folhas de plantas presentes no Cerrado como Caryocar brasiliense Camb., Ximenia americana L., Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth e Schinopsis brasiliensis Engl. como uma alternativa no controle do molusco B. glabrata. Para isso, as folhas foram coletadas em Montes Claros-MG. Para verificar a atividade moluscicida dos extratos, foram utilizadas concentrações de 150, 100, 75, 50 e 25 µg/ml dos extratos, um controle positivo contendo Niclosamida a 3 µg/ml e um controle negativo contendo água desclorada. Para avaliar a toxicidade frente a organismos não alvo, utilizou-se a Artemia salina nas concentrações de 10, 100 e 1000 µg/ml. Observou-se que os extratos aquosos e etanólicos testados demonstraram mortalidades significativas antes de 24h de exposição. Sendo que os extratos aquosos de P. viridiflora, C. brasiliense e S. brasiliensis nas concentrações acima de 75 µg/ml alcançaram mortalidade superior a 90%. Já para o extrato etanólico, todas as plantas testadas nas concentrações acima de 50 µg/ml observaram-se mortalidade acima de 80%. Não foi observada toxicidade frente a A.salina. Dessa forma, constatou-se alta atividade moluscicida dos extratos etanólico e aquosos das plantas testadas sobre adultos B.glabrata e não foi observada toxicidade frente a A.salina.
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