Percepção de farmacêuticos sobre o descumprimento do protocolo e das diretrizes terapêuticas para dislipidemia e os desafios para a gestão do Sistema Único de Saúde
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i8.31217Palavras-chave:
Assistência Farmacêutica; Doenças cardiovasculares; Tratamento Farmacológico; Medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica; Promoção da saúde.Resumo
O estudo objetivou avaliar o cumprimento do protocolo clínico e diretrizes terapêuticas (PCDT) para dislipidemia para a prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite. Tratou-se de um estudo observacional retrospectivo dos processos de liberação de medicamentos para tratamento da dislipidemia em farmácias de dispensação de medicamentos do componente especializado da assistência farmacêutica e orientação analítico-descritiva de natureza qualitativa com os farmacêuticos e gestores do sistema. Foram incluídos na pesquisa os processos de pacientes em tratamento com estatinas e fibratos e com dados de pelo menos um ano de utilização dos medicamentos e ainda, farmacêuticos atuantes na dispensação dos medicamentos e gestores. Foram analisados ao todo 146 processos e participaram da abordagem qualitativa 36 farmacêuticos e 6 gestores. Noventa processos (61,6%) apresentaram critério de inclusão descrito. Apenas em 7 (19,4%) processos os valores iniciais de triglicerídeos estavam acima de 500mg/dL e em 72,3% os valores eram inferiores ao preconizado. Não foi identificado relato de critério de exclusão para os usuários dos processos analisados, entretanto, em relação ao hipertiroidismo 2,1% processos apresentaram níveis de TSH acima de 10mcUI/mL e 7,5% sem dados de dosagem deste hormônio. As dosagens iniciais de CPK e transaminases hepáticas não estavam presentes em 10 (6,8%) e 5 (3,4%) processos, respectivamente. Em conclusão, foi possível compreender que não há o cumprimento efetivo do que é padronizado no PCDT para dislipidemia e que a educação permanente dos profissionais e empenho da gestão nesta melhoria contínua devem ser prioridades para garantir a segurança e eficácia do tratamento.
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