Estigma da gordura corporal em academias: consequências para a adesão do acompanhamento nutricional
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i9.31586Palavras-chave:
Estigma Social; Obesidade; Preconceito de Peso; Academias de ginástica; Ciências da nutrição.Resumo
É notório o aumento da obesidade no mundo e do estigma sofrido pelos indivíduos com excesso de gordura corporal em diversos ambientes. As academias de ginástica acabam reforçando-o e podem influenciar em aspectos psicossociais e na adesão do acompanhamento nutricional. Este estudo teve como objetivo relacionar as consequências do estigma da gordura corporal nas academias com a adesão do acompanhamento nutricional. Tratou-se de um estudo transversal e descritivo. A amostra foi composta por 56 indivíduos (18 a 59 anos), de ambos os sexos, com IMC entre 18,5 e 40 kg/m², que frequentam ou já frequentaram academias. Foi aplicado um questionário dividido em três temas: dados sociodemográficos, estigma na academia e nutrição nas academias. Os dados foram tabulados no programa MS Excel e analisados estatisticamente pelo software SPSS (versão 21), comparando as variáveis por meio do qui-quadrado e tendo como relação estatística p<0,05. A pesquisa teve como resultado uma relação sutil entre o estigma da gordura corporal e a adesão do acompanhamento nutricional. Apesar das consequências para a adesão não ficarem evidentes neste estudo, verificou-se que os indivíduos com excesso de peso sofrem o estigma por meio de comentários negativos sobre seus corpos, sentem-se encarados na academia ou envergonhados pelo seu peso; têm dificuldade de adquirir roupas, percebem preconceito vindo de funcionários da academia e nutricionistas; e sentem que os equipamentos não são adequados para seus corpos. Assim, é imprescindível um acompanhamento multiprofissional para lidar com o tema e são necessários mais estudos que investiguem sobre o estigma da gordura corporal nas academias.
Referências
Almeida, L. M. de, Campos, K. F. C., Randow, R., & Guerra, V. de A. (2017). Estratégias e desafios da gestão da atenção primária à saúde no controle e prevenção da obesidade. Rev. Gestão & Saúde (Brasília), 08(01), 114–139.
Araújo, K. L. de, Pena, P. G. L., Freitas, M. do C. S. de, & Diez-Garcia, R. W. (2015). Estigma do nutricionista com obesidade no mundo do trabalho TT - Stigma of obese dietitians in the work world. Rev. Nutr, 28(6), 569–579. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732015000600569
Boris, G. D. J. B., & Cesídio, M. de H. (2007). Mulher, corpo e subjetividade: uma análise desde o patriarcado à contemporaneidade. Revista Mal-Estar e Subjetividade, 7(2), 451–478.
Brasil. (1991). Lei n° 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão de Nutricionista e determina outras providências. Diario Oficial Da União.
Daníelsdóttir, S., O’Brien, K. S., & Ciao, A. (2010). Anti-fat prejudice reduction: A review of published studies. Obesity Facts, 3(1), 47–58. https://doi.org/10.1159/000277067
Filardo, R. D. (2001). Perfil dos indivíduos que iniciam programas de exercícios em academias , quanto à composição corporal e aos objetivos em relação a faixa etária e sexo. Revista Brasileira De Medicina, 7(2), 57–61.
Francisco, L. V., & Diez-Garcia, R. W. (2015). Abordagem Terapêutica Da Obesidade: Entre Conceitos E Preconceitos. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 10(3), 705–716. https://doi.org/10.12957/demetra.2015.16095
Heinzelmann, F. L., Romani, P. F., Lessa, A. da S., Strey, M. N., & Silva, M. S. da. (2014). A Tirania da Moda sobre o Corpo: Submissão Versus Subversão Feminina. Revista Subjetividades, 14(2), 297–305. https://doi.org/10.5020/23590777.14.2.297-305
Holland, K. J., Silver, K. E., Cipriano, A. E., & Brock, R. L. (2020). Internalized Body Stigma as a Barrier to Accessing Preventative Healthcare for Young Women. Body Image, 35, 217–224. https://doi.org/10.1016/j.bodyim.2020.09.005
Hunger, J. M., Major, B., Blodorn, A., & Miller, C. T. (2017). Weighed down by stigma: How weight-based social identity threat contributes to weight gain and poor health. Physiology & Behavior, 176(3), 139–148. https://doi.org/10.1111/spc3.12172.Weighed
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica - IBGE. (2020). Pesquisa Nacional de Sáude 2019: atenção primária à saúde e informações antropométricas. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101758.pdf
Karkle, M. (2015). Uso de suplemento alimentar por praticantes de musculação e sua visão sobre o profissional Nutricionista na área de Nutrição Esportiva em uma academia no município de Braço do Norte-SC. RBNE - Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 9(53), 447–453.
Köche, J. C. (2011). Fundamentos de metodologia científica: Teoria da ciência e iniciação à pesquisa. In Editora Vozes: Petrópolis, RJ. https://doi.org/10.1590/S1517-97022003000100005
Liz, C., Viana, M., Brandt, R., & Andrade, A. (2010). Aderência à prática de exercícios físicos em academias de ginástica Carla Maria de Liz Resultados e Discussão Os resultados são apresentados em dois. Motriz, 16(1), 181–188.
Lucibello, K. M., Nesbitt, A. E., Solomon-Krakus, S., & Sabiston, C. M. (2021). Internalized weight stigma and the relationship between weight perception and negative body-related self-conscious emotions. Body Image, 37, 84–88. https://doi.org/10.1016/j.bodyim.2021.01.010
Lucibello, K. M., Sabiston, C. M., O’Loughlin, E. K., & O’Loughlin, J. L. (2020). Mediating role of body-related shame and guilt in the relationship between
weight perceptions and lifestyle behaviours. Obesity Science and Practice, 6(4), 365–372. https://doi.org/10.1002/osp4.415
McGuigan, R. D., & Wilkinson, J. M. (2015). Obesity and Healthcare Avoidance: A Systematic Review. AIMS Public Health, 2(1), 56–63. https://doi.org/10.3934/publichealth.2015.1.56
Morales, P. J. C. (2002). Iniciação, aderência e abandono nos programas de exercícios físicos oferecidos por academias de ginástica na região de Joinville. Universidade Federal de Santa Catarina.
Nascimento, M. V. S. do, Raposo, O. F. F., Brito, C. J., & Netto, R. S. M. (2013). Conhecimento em nutrição de instrutores de musculação do município de Aracaju-SE. Revista Brasileira de Ciencias Do Esporte, 35(4), 1051–1070. https://doi.org/10.1590/S0101-32892013000400016
Obara, A. A., Vivolo, S. R. G. F., & Alvarenga, M. D. S. (2018). Weight bias in nutritional practice: a study with nutrition students. Cadernos de Saude Publica, 34(8). https://doi.org/10.1590/0102-311x00088017
Oliveira, E., Torres, Z., & Vieira, R. (2008). Importância dada aos nutricionistas na prática do exercício físico pelos praticantes de musculação em academias de Maceió - AL. Revista Brasileira de Nutriçao Esportiva, 2(11), 8.
Organização Mundial da Saúde. (1995). Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. In Journal of Public Health (Germany) (Vol. 30, Issue 3, p. 452). https://doi.org/10.1007/s10389-020-01340-w
Organização Mundial da Saúde. (1999). Obesity: preventing and managing the global epidemic. Consulation on Obesity, 894. https://doi.org/10.1007/BF00400469
Phelan, S. M., Burgess, D. J., Yeazel, M. W., Hellerstedt, W. L., Griffin, J. M., & van Ryn, M. (2015). Impact of weight bias and stigma on quality of care and outcomes for patients with obesity. Obesity Reviews, 16(4), 319–326. https://doi.org/10.1111/obr.12266
Puhl, R. M., & Heuer, C. A. (2010). Obesity stigma: Important considerations for public health. American Journal of Public Health, 100(6), 1019–1028. https://doi.org/10.2105/AJPH.2009.159491
Puhl, R., & Suh, Y. (2015). Health Consequences of Weight Stigma: Implications for Obesity Prevention and Treatment. Current Obesity Reports, 4(2), 182–190. https://doi.org/10.1007/s13679-015-0153-z
Rojas, P. N. C. (2003). Aderência aos programas de exercícios físicos em academias de ginástica na cidade de Curitiba - PR. Universidade Federal de Santa Catarina.
Rubino, F., Puhl, R. M., Cummings, D. E., Eckel, R. H., Ryan, D. H., Mechanick, J. I., Nadglowski, J., Ramos Salas, X., Schauer, P. R., Twenefour, D., Apovian, C. M., Aronne, L. J., Batterham, R. L., Berthoud, H. R., Boza, C., Busetto, L., Dicker, D., De Groot, M., Eisenberg, D., … Dixon, J. B. (2020). Joint international consensus statement for ending stigma of obesity. Nature Medicine, 26(4), 485–497. https://doi.org/10.1038/s41591-020-0803-x
Schlickmann, S., Muhamad, A., Rauf, A., Ibrahim, M., Molz, P., Garcia, E. L., Beatriz, S., Krug, F., Isabel, S., & Franke, R. (2018). Autopercepção corporal de praticantes de exercício físico em academias. Interdisciplinary Journal of Health Promotion, 1(3), 169–173.
Schvey, N. A., Sbrocco, T., Bakalar, J. L., Ress, R., Barmine, M., Gorlick, J., Pine, A., Stephens, M., & Tanofsky-Kraff, M. (2016). The experience of weight stigma among gym members with overweight and obesity. Stigma and Health, 2(4), 292–306. https://doi.org/10.1037/sah0000062
Sikorski, C., Luppa, M., Luck, T., & Riedel-Heller, S. G. (2015). Weight stigma “gets under the skin” - Evidence for an adapted psychological mediation framework - A systematic review. Obesity, 23(2), 266–276. https://doi.org/10.1002/oby.20952
Silva, D. A. da, Santos, E. A. dos, Akamine, G., Esquillaro, L. N. K., Cotillo, T. H. C., & Viebig, R. F. (2010). Profissional nutricionista no mercado de fitness e wellness atuação, entraves e perspectivas. Revista Digital, 15(147).
Silveira, C. S. da, Melo, D. B. de, Tonhá, S. Q., & Correia, M. das G. da S. (2012). Avaliação dos conhecimentos de nutrição básica e esportiva de professores de educação física em uma academia de Aracajú-SE. Cadernos de Graduação-Ciências Biológicas e Da Saúde, 1(15), 65–74. https://core.ac.uk/download/pdf/276634453.pdf
Stewart, S. J. F., & Ogden, J. (2021). The role of social exposure in predicting weight bias and weight bias internalisation: an international study. International Journal of Obesity, 45(6), 1259–1270. https://doi.org/10.1038/s41366-021-00791-9
Tarozo, M., & Pessa, R. P. (2020). Impacto das Consequências Psicossociais do Estigma do Peso no Tratamento da Obesidade: uma Revisão Integrativa da Literatura TT - Impact of Psychosocial Consequences of Weight Stigma in the Treatment of Obesity: an Integrative Literature Review TT - Imp. Psicol. Ciênc. Prof, 40, e190910–e190910. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&%0Apid=S1414-98932020000100123
Theodoro, H., Ricalde, S. R., & Amaro, F. S. (2009). Avaliação nutricional e autopercepção corporal de praticantes de musculação em academias de Caxias do Sul - RS. Revista Brasileira de Medicina Do Esporte, 15(4), 291–294. https://doi.org/10.1590/s1517-86922009000500012
Vieira, P. N. (2012). Preditores de qualidade de vida relacionada com a saúde na obesidade. Universidade Técnica de Lisboa.
Wu, Y. K., & Berry, D. C. (2018). Impact of weight stigma on physiological and psychological health outcomes for overweight and obese adults: A systematic review. Journal of Advanced Nursing, 74(5), 1030–1042. https://doi.org/10.1111/jan.13511
Zangirolami-Raimundo, J., Echeimberg, J. de O., & Leone, C. (2018). Tópicos de metodologia de pesquisa : Estudos de corte transversal. Journal of Human Growth and Development, 28(3), 356–360.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Bruna Gabriela Caso Santos; Fernanda Lopes Soares Brandão; Dayanne da Costa Maynard; Ana Cristina de Castro Pereira Santos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.