Perfil epidemiológico, clínico e razão de mortalidade materna no Nordeste brasileiro entre 2010 e 2019: um estudo ecológico
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i9.31812Palavras-chave:
Saúde materno-infantil; Saúde Materna ; Mortalidade Materna; Indicadores Básicos de Saúde.Resumo
Objetivo: descrever o perfil epidemiológico, clínico e a razão de mortalidade materna no Nordeste entre 2010 e 2019. Métodos: estudo ecológico, descritivo, com dados provenientes do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). As variáveis do perfil epidemiológico referem-se à idade, cor/raça, escolaridade e estado civil, enquanto as variáveis clínicas tratam do local de ocorrência, tipo de morte por causa obstétrica, período gravídico e investigação do óbito. Ainda, apresenta-se uma série temporal descritiva quanto à razão de mortalidade materna no período. Resultados: Foram registrados 4521 óbitos maternos no período, sendo 1144 (25,30%) na Bahia. O perfil epidemiológico demonstra que os registros se referem a mulheres entre 25 e 34 anos (42,68%), pardas (66,95%), com 8 a 11 anos de escolaridade (30,28%) e solteiras (46,25%). Quanto às características clínicas, 4057 (89,75%) dos óbitos ocorreram no ambiente hospitalar, 3141 (69,49%) por causas diretas e 2800 (61,93%) durante o puerpério. Em 2013 foi observada a maior razão de mortalidade materna, com 61 óbitos por 100.000 nascidos vivos, em contraste com 2019, apresentando 47 óbitos por 100.000 nascidos vivos. Conclusão: Foi possível elucidar o perfil epidemiológico e clínico dos óbitos maternos no Nordeste entre 2010 e 2019. Ainda, a variação da razão de mortalidade materna observada ao longo dos anos é um fato relevante, mas que deve ser analisado à luz de estudos analíticos que explorem a tendência, sobretudo em uma região historicamente negligenciada em termos de desenvolvimento socioeconômico e de acesso à saúde.
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