Aspectos socioeconômicos de pescadores esportivos em um reservatório neotropical
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i9.32028Palavras-chave:
Barramentos; Perfil socioeconômico dos pescadores esportivos; Pesca amadora; Pesque e solte; Turismo de pesca.Resumo
Em países emergentes economicamente como o Brasil, a pesca esportiva aparece como importante atividade socioeconômica. Porém, apesar de sua importância, alguns aspectos ainda carecem de informação, as quais podem comprometer o planejamento, ordenamento, mapeamento e a gestão adequada da atividade. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi descrever o perfil socioeconômico dos pescadores esportivos do Reservatório de Itaipu, Brasil, visando fornecer subsídio para investimentos públicos e privados no fomento ao turismo de pesca regional. Para isso, questionários socioeconômicos semiestruturados foram aplicados aos pescadores esportivos (total de entrevistados = 823 pescadores), participantes de 19 torneios de pesca esportiva realizados no reservatório de Itaipu, durante os anos de 2015 e 2016. A maioria dos pescadores entrevistados foi do sexo masculino (84%), casados (65%), com idade entre 31 e 40 anos (31%) e elevado nível de escolaridade (nível superior completo foi mais frequente; 34%). Dos pescadores entrevistados, 43% foram identificados em empresários, 15% profissionais liberais, 15% servidores públicos, 9% trabalhadores do setor privado e 7% de estudantes. A renda familiar variou de 3 a 6 salários mínimos brasileiros (salário mínimo R$ 954,00 = US$ 253,72; US$ 1 = R$ 3,76, outubro de 2018) (34%). Os gastos nos torneios de pesca foram em média de US$ 140,33. Os pescadores esportivos do reservatório de Itaipu demonstraram elevado padrão socioeconômico em relação aos pescadores de outras regiões do país, o que acaba fomentando a economia local.
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