Análise epidemiológica dos casos de violência sexual no Estado do Maranhão entre 2015 a 2020
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i12.34345Palavras-chave:
Delitos Sexuais; Epidemiologia; Violência contra a mulher.Resumo
Objetivo: analisar os casos notificados de violência sexual ocorridos no Estado do Maranhão dentro de um recorte temporal. Metodologia: trata-se de um estudo epidemiológico do tipo transversal, descritivo, retrospectivo, de abordagem mista, urdido pelos achados dispostos no DataSUS, via Tabnet, registrados por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) referente ao Estado do Maranhão, nos anos de 2015 a 2020. Utilizou-se dos seguintes variáveis para reger o estudo: faixa etária, sexo (binário), raça e grau de parentesco ou proximidade e anos de notificação. Resultados: houve um registro de 3142 casos, sendo as principais vítimas deste agravo mulheres 93,22%. Além disso, crianças de 10 a 14 anos (36,38%) foram destaque entre os achados, como também casos ocorridos entre a raça parda (72,66%), ano de notificação foi 2020 com 24,44% e e a prevalência de 633 casos cujo o violentador era desconhecido da vítima. Discussão: esta violência é, historicamente, um prevalente agravante no estado de saúde pública, salientando-se o Estado do Maranhão, sendo fomentada pela inegável cultura do estupro e impactando diretamente na saúde física, sexual, psicológica, patrimonial e econômica das vítimas. Conclusão: dada à relevância desta temática, constatou-se no presente estudo a prevalência de casos no público feminino (dentro dos aspectos binários), como pôde-se compreender a perpetuação de um ciclo negativo e vicioso historicamente conhecido. Ademais, houve uma crescente dentre os casos notificados, sinalizando os impactos da utilização dos sistemas de notificação.
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