Percepção dos familiares de pacientes com COVID-19 sobre a internação em terapia intensiva adulto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v12i2.34735

Palavras-chave:

Infecções por Coronavírus; Unidades de Terapia Intensiva; Isolamento de Pacientes; Emoções Manifestas; Luto.

Resumo

Objetivo: Conhecer a percepção de familiares de pacientes internados por COVID-19 em Unidade de Terapia Intensiva Adulto sobre o período de internação. Metodologia: Estudo descritivo, qualitativo, realizado com familiares adultos de pacientes com COVID-19 internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto de um hospital público, terciário, em Porto Alegre (RS), Brasil. Utilizou-se ficha com dados sociodemográficos e um questionário semiestruturado. As entrevistas foram realizadas entre novembro e dezembro/2020 por chamada telefônica e a amostra foi determinada por saturação dos dados. Foi utilizada análise de conteúdo de Bardin. Resultados: Participaram nove familiares com idade entre 23 e 56 anos. Predominaram mulheres, a maioria filhas. O número de dias em isolamento variou de 8 a 31. Emergiram cinco categorias: A Unidade de Terapia Intensiva como sentença de morte; O impacto de uma doença nova; Distância e exclusão da família; Redes de apoio; A iminência da morte. Conclusão: As internações em Unidade de Terapia Intensiva por COVID-19 foram permeadas por medo e angústia dos familiares, incrementados por tratar-se de uma doença nova e sem cura. A necessidade de isolamento impossibilitou o contato físico, impactando na compreensão do quadro e na elaboração do luto. O apoio da equipe, de outros familiares e amigos, fé e religiosidade apareceram como mecanismos protetivos. Luto antecipatório, medo da morte sem despedida e perdas múltiplas figuram como centrais no tocante ao luto. Considera-se imprescindível o apoio emocional para os familiares, de forma a favorecer o bem-estar psíquico e prevenir agravos psicológicos e luto complicado.

Biografia do Autor

Anelise Kirst da Silva, Hospital Nossa Senhora da Conceição

 

 

Referências

Azoulay, E., Curtis, J. R., & Kentish-Barnes, N. (2021). Ten reasons for focusing on the care we provide for family members of critically ill patients with COVID-19. Intensive Care Medicine, 47(2), 230-233. DOI: 10.1007/s00134-020-06319-5

Azoulay, E., Resche-Rigon, M., Megarbane, B., Reuter, D., Labbé, V., Cariou, A., Géri, G., Van der Meersch, G., Kouatchet, A., Guisset, O., Bruneel, F., Reignier, J., Souppart, V., Barbier, F., Argaud, L., Quenot, J. P., Papazian, L., Guidet, B., Thiéry, G., & Klouche, K., et al. (2022). Association of COVID-19 acute respiratory distress syndrome with symptoms of posttraumatic stress disorder in family members after ICU discharge. Journal of American Medical Association, 327(11), 1042-1050. DOI: 10.1001/jama.2022.2017

Bardin, L. (2015). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Biondo, C. S., Ferraz, M. O. A., Silva, M. L. M., & Yarid, S. D. (2017). Espiritualidade nos serviços de urgência e emergência. Revista Bioética, 25(3), 596-602. https://dx.doi.org/10.1590/1983-80422017253216

Braz, M. S., & Franco, M. H. P. (2017). Profissionais paliativistas e suas contribuições na prevenção de luto complicado. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(1), 90-105. https://doi.org/10.1590/1982-3703001702016

Cardoso, E. A. O., Silva, B. C. A., Santos, J. H., Lotério, L. S., Accaroni, A. G., & Santos, M. A. (2020). Efeitos da supressão de rituais fúnebres durante a pandemia de COVID-19 em familiares enlutados. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 28, e3361. DOI:10.1590/1518-8345.4519.3361

Carrias, F. M. S., Sousa, G. M., Pinheiro, J. D., Lustosa, M. A., Pereira, M. C. M., & Guimarães, A. E. V. (2018). Visita humanizada em uma Unidade de Terapia Intensiva: um olhar interdisciplinar. Tempus – Actas de Saúde Coletiva, 11(2), 103-112. https://doi.org/10.18569/tempus.v10i4.1966

Cattelan, J., Castellano, S., Merdji, H., Audusseau, J., Claude, B., Feuillassier, L., Cunat, S., Astrié, M., Aquin, C., Buis, G., Gehant, E., Granier, A., Kercha, H., Le Guillou, C., Martin, G., Roulot, K., Meziani, F., Putois, O., & Helms, J. (2021). Psychological effects of remote-only communication among reference persons of ICU patients during COVID-19 pandemic. Journal of Intensive Care, 9(1), 5. DOI: 10.1186/s40560-020-00520-w

Crepaldi, M. A., Schmidt, B., Noal, D. S., Bolze, S. D. A., & Gabarra, L. M. (2020). Terminalidade, morte e luto na pandemia de COVID-19: demandas psicológicas emergentes e implicações práticas. Estudos de Psicologia, 37, e200090. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200090.

Crispim, D., Silva, M. J. P., Cedotti, W., Câmara, M., & Gomes, S. A. (2022). Visitas virtuais durante a pandemia de COVID-19: recomendações práticas para comunicação e acolhimento. https://ammg.org.br/wp-content/uploads/Visitas-virtuais-COVID-19.pdf.

Dantas, C. R., Azevedo, R. C. S., Vieira, L. C., Côrtes, M. T. F., Federmann, A. L. P., Cucco, L. M., Rodrigues, L. R., Domingues, J. F. R., Dantas, J. E., Portella, I. P., & Cassorla, R. M. S. (2020). O luto nos tempos da COVID-19: desafios do cuidado durante a pandemia. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 23(3), 509-533. https://doi.org/10.1590/1415-4714.2020v23n3p509.5

Eugênio, C. S., Beck Filho, M. C., & Souza, E. N. (2017). Visita aberta em UTI adulto: utopia ou realidade? Revista de Enfermagem da UFSM, 7(3), 539-549. DOI: 10.5902/2179769222692

Ferreira, P. D., & Mendes, T. N. (2013). Família em UTI: importância do suporte psicológico diante da iminência de morte. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, 16(1), 88-112. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582013000100006&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1516-0858

Fontes, W., Assis, P., Santos, E., Maranhão, T., Lima-Júnior, J., & Gadelha, M. (2020). Perdas, mortes e luto durante a pandemia de Covid-19: uma revisão da literatura. ID on line. Revista de psicologia, 14(51), 303-317. DOI: http://dx.doi.org/10.14295/idonline.v14i51.2557

Kentish-Barnes, N., Cohen-Solal, Z., Morin, L., Souppart, V., Pochard, F., & Azoulay E. (2021). Lived experiences of family members of patients with severe COVID-19 who died in Intensive Care Units in France. Journal of American Medical Association Network Open, 4(6), e2113355. DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2021.13355

Monteiro, M. C., Magalhães, A.S., & Machado, R.N. (2017). A morte em cena na UTI: a família diante da terminalidade. Temas em Psicologia, 25(3), 1285-1299. https://doi.org/10.9788/TP2017.3-17Pt

Nunes, M. E. P., & Gabarra, L. M. (2017). Percepção de familiares sobre visitas a pacientes e regras em Unidade de Terapia Intensiva. Arquivos de Ciências da Saúde, 24(3), 84-88. DOI: 10.17696/2318-3691.24.3.2017.669

Organização Pan-Americana da Saúde (2022). Histórico da pandemia de COVID-19. https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19

Parkes, C. M. (2009). Amor e perda: as raízes do luto e suas complicações. São Paulo: Summus.

Paul Victor, C. G., & Treschuk, J. V. (2020). Critical literature review on the definition clarity of the concept of faith, religion, and spirituality. Journal of Holistic Nursing, 38(1), 107-113. DOI: 10.1177/0898010119895368

Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Parreira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa científica [recurso eletrônico]. Santa Maria: UFSM.

Rose, L., Graham, T., Xyrichis, A., Pattison, N., Metaxa, V., Saha, S., Ramsay, P., & Meyer, J. (2022). Family perspectives on facilitators and barriers to the set up and conduct of virtual visiting in intensive care during the COVID-19 pandemic: a qualitative interview study. Intensive and Critical Care Nursing [In Press].

Rose, L., Muttalib, F., & Adhikari, N. K. J. (2019). Psychological consequences of admission to the ICU: helping patients and families. Journal of American Medical Association, 322(3), 213-215. DOI: 10.1001/jama.2019.9059. Erratum in: Journal of American Medical Association, 322(12), 1215.

Sá-Serafim, R. C. N., Do Bú, E., & Lima-Nunes, A. V. (2020). Manual de diretrizes para atenção psicológica nos hospitais em tempos de combate ao Covid-19. Revista Saúde e Ciência online, 8(2), suppl 2. Available from: https://rsctemp.sti.ufcg.edu.br/index.php/RSC-UFCG/article/view/876/456

Social Science in Humanitarian Action. (2020, abril). Key considerations: dying, bereavement and mortuary and funerary practices in the context of COVID-19. https://www.ids.ac.uk/publications/key-considerations-dying-bereavement-and-mortuary-and-funerary-practices-in-the-context-of-covid-19-april-2020/

Souza, R. P. (2010). Rotinas de humanização em medicina intensiva. Rio de Janeiro: Atheneu.

Souza, T. L., Barilli, S. L. S., & Azeredo, N. S. G. (2014). Perspectiva de familiares sobre o processo de morrer em Unidade de Terapia Intensiva. Texto & Contexto Enfermagem, 23(3), 751-757. https://doi.org/10.1590/0104-07072014002200012

Tong, A., Sainsbury, P., & Craig, J. (2007). Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups. International Journal of Quality in Health Care, 19(6), 349-57. DOI: 10.1093/intqhc/mzm042.

Wakam, G. K., Montgomery, J. R., Biesterveld, B. E., & Brown, C. S. (2020). Not dying alone – modern compassionate care in the Covid-19 pandemic. The New England Journal of Medicine, 382(24), e88. DOI: 10.1056/NEJMp2007781

Walsh, F. (2016). A dimensão espiritual da vida familiar. In: Walsh, F. (Ed). Processos normativos da família: diversidade e complexidade (pp 347-371). Porto Alegre: Artmed.

Downloads

Publicado

09/02/2023

Como Citar

BARILLI, S. L. S. .; SILVA, A. K. da .; BALDON, V.; FRANCO, A. C. S. .; SOUZA, L.; SPECHT, A. M. . Percepção dos familiares de pacientes com COVID-19 sobre a internação em terapia intensiva adulto. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 2, p. e23712234735, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i2.34735. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/34735. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde