Violência intrafamiliar contra crianças: as representações sociais de mulheres agressoras
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i14.35970Palavras-chave:
Violência doméstica; Maus-tratos infantis; Relações pais-filho.Resumo
O presente estudo objetivou conhecer as representações sociais sobre violência contra a criança para mulheres que a praticaram. Trata-se de um estudo qualitativo e exploratório, do qual fizeram parte cinco mulheres que praticaram a violência contra a criança e estavam em acompanhamento psicoterápico em uma instituição de atendimento às famílias em situação de violência em um município do sul do Brasil. Os dados foram coletados no período entre julho e agosto de 2013, por meio de entrevista semiestruturada e construção de Genograma. A análise dos dados deu-se por meio da Análise Textual Discursiva ancorada na teoria das Representações Sociais. Os resultados apontaram que as mulheres agressoras edificam suas representações na concepção da superioridade do adulto em relação à criança, estando tal concepção ancorada no imaginário social construído historicamente e compartilhado coletivamente. As representações sociais das participantes relacionam-se com os aspectos históricos atrelados aos significados atribuídos à criança e à infância somados as suas vivências. Nesse sentido, é necessário auxiliar os pais a reconhecerem seus filhos como sujeitos de direitos e a encontrarem estratégias de autocontrole e de manejo das situações de conflito com os filhos.
Referências
Anderson, R. E., Edwards, L., Silver, K. E., & Johnson, D. M. (2018). Intergenerational transmission of child abuse: Predictors of child abuse potential among racially diverse women residing in domestic violence shelters. Child Abuse & Neglect, 85, 80-90. https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2018.08.004
Azevedo, R. N., & Bazon, M. R. (2021). Severity levels of physical punishment of children/adolescents: cluster analysis. Estudos de Psicologia, 38, 01-11. https://doi.org/10.1590/1982-0275202138e190088
Barreto-Zorza, Y., Enriquez-Guerrero, C., Cordoba-Sastoque, A. M., Rincon-Garcia, K. P., Bustos-Sanchez, J. D., Lopez-Bernal, A. S., Mendez-Rivas, D., & Rincon-Lopez, J. V. (2018). Percepción de violencia desde escolares de dos instituciones educativas de la localidad de Kennedy, Bogotá. Revista de Salud Pública, 20 (4), 438-444. https://doi.org/10.15446/rsap.V20n4.61085
Brasco, P. J., & Antoni, C. De. (2020). Violências Intrafamiliares Experienciadas na Infância em Homens Autores de Violência Conjugal. Psicologia: Ciência e Profissão, 40, 01-16. https://doi.org/10.1590/1982-3703003218119
Brasil (2010). Presidência da República. Casa Cível. Subchefia para Assusntos Jurídicos. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Alienação Parental. Recuperado de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/L12318.htm
Brasil (2012). Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html
Brasil (2014). Presidência da República. Casa Cível. Subchefia para Assusntos Jurídicos. Lei 13.010, de 26 de junho de 2014. Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente. http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.htm
Brasil (2019). Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-versao-2019.pdf
Correia, C. M., Gomes, N. P., Diniz, N. M. F., Andrade, I. C. S., Romano, C. M. C., & Rodrigues, G. R. S. (2019). Violência na infância e adolescência: história oral de mulheres que tentaram suicídio. Revista Brasileira de Enfermagem, 72(6), 1525-1532. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0814
Gil, A.C. (2010). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social (6ª ed.). Atlas.
Hino, P., Takahashi, R. F., Nichiata, L. Y. I, Apostólico, M. R., Taminato, M., & Fernandes, H. (2019). As interfaces das dimensões da vulnerabilidade face à violência contra a criança. Revista Brasileira de Enfermagem, 72(Suppl 3), 358-362. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0463
Farias, M. S., Souza, C. da S., Carneseca, E. C., Passos, A. D. C., & Vieira, E. M. (2016). Caracterização das notificações de violência em crianças no município de Ribeirão Preto, São Paulo, no período 2006-2008. Epidemiologia e Serviços de Saude, 25(4), 799-806. https://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742016000400013
Ferreira, C. L. S., Côrtes, M. C. J. W., & Gotijo, E. D. (2019). Promoção dos direitos da criança e prevenção de maus tratos infantis. Ciência & Saúde Coletiva, 24(11), 3997-4008. https://doi.org/10.1590/1413-812320182411.04352018
Maresch, B. F. (2018). Violência doméstica contra a criança e o adolescente sob o enfoque da alienação parental à luz dos princípios infanto-juvenis. Cadernos de Iniciação Científica Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, 15, 01-17. https://revistas.direitosbc.br/index.php/CIC/article/view/923
Mathews, B., Pacella, R., Dunne, M. P., Simunovic, M., & Marston, C. (2020). Improving measurement of child abuse and neglect: A systematic review and analysis of national prevalence studies. Plos One, 15(1), 01-22. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0227884
Melo, R. A., Carlos, D. M., Freitas, L. A., Roque, E. M. S. T., Aragão, A. S., & Ferriani, M. G. C. (2020). Rede de proteção na assistência às crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violência. Revista Gaúcha de Enfermagem, 41, 01-09. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190380
Minayo, M.C.S. (2007). Pesquisa social: teoria, método e criatividade (26ª ed.). Vozes.
Moscovici S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro (RJ): Zahar; 1978.
Moura, T. B., Viana, F. T., & Loyola, V. D.(2013). Uma análise de concepções sobre a criança e a inserção da infância no consumismo. Psicologia: ciência e profissão, 33(2), 474-489. https://doi.org/10.1590/S1414-98932013000200016
Neppl, T. K., Lohman, B. J., Senia, J. M., Kavanaugh, S., & Cui, M. (2019). Intergenerational Continuity of Psychological Violence: Intimate Partner Relationships and Harsh Parenting. Psychology of Violence, 9(3), 298-307. https://doi.org/10.1037/vio0000129
Nunes, A. J., & Sales, M. C. V. Violência contra crianças no cenário brasileiro. (2016). Ciência & Saúde Coletiva, 21(3), 871-880. https:// doi.org/10.1590/1413-81232015213.08182014
Oliveira, T. T. S., & Caldana, R. H. L (2009). Educar é punir? Concepções e práticas educativas de pais agressores. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 9(3), 679-694. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v9n3/v9n3a09.pdf
Picini, M., Gonçalves, J. R. R., Bringhenti, T., & Forlin, E. (2017). Avaliação de crianças com suspeita de maus-tratos físicos: um estudo de 500 casos. Revista Brasileira de Ortopedia, 52(3), 284–290. https://doi.org/10.1016/j.rbo.2016.07.017
Polit, D. F., & Beck, C.T. (2011). Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem: avaliação de evidências para a prática da enfermagem (7ª ed.). Artmed.
Sarmento M. J. (2005). Crianças: educação, culturas e cidadania activa refletindo em torno de uma proposta de trabalho. Perspectiva. 23(1), 17-40. http://educa.fcc.org.br/pdf/rp/v23n01/v23n01a03.pdf
Silva, J. M. M., Lima, M. De C., & Ludemir, A.B. (2017). Violência por parceiro íntimo e prática educativa materna. Revista de Saúde Pública, 51(34), 01-11. https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2017051006848
Silva, M. L .I, & Vieira, M. L. (2018). Relações entre a parentalidade e a personalidade de pais e mães: uma revisão integrativa da literatura. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 18(1), 361-383. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v18n1/v18n1a20.pdf
Sinan (2018). Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Dados Epidemiológicos do Sinan. Doenças e Agravos de Notificação de 2007 em diante. http://portalsinan.saude.gov.br/dados-epidemiologicos-sinan.
Souza, D. F., Kanomata, E. Y., Feldman, R. J, & Maluf, N. A. (2017). Síndrome de Munchausen e síndrome de Munchausen por procuração: uma revisão narrativa. Einstein.15(4), 516-521. https://doi.org/10.1590/S1679-45082017MD3746
Venosa, S. De S. (2016). Direito Civil, 16 ed, volume VI Direito de família. Editora: Atlas. 568 páginas.
Villas Boas, L. P. S. (2010). Uma abordagem da historicidade das representações sociais. Cadernos de Pesquisa. 40(140), 379-405. https://www.scielo.br/pdf/cp/v40n140/a0540140.pdf
Weber, L. N. D., Viezzer, A. P., & Brandenburg, O. J. (2004). O uso de palmadas e surras como prática educativa. Estudos de Psicologia. 9(2), 227-237. https://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n2/a04v9n2
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Sueine Valadão da Rosa; Viviane Marten Milbrath; Ruth Irmgard Bärtschi Gabatz; Marilu Correa Soares; Jennifer Zanini Moraes
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.