Associação entre o nível de escolaridade e a morte prematura por doenças cardiovasculares em adultos no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i15.36025Palavras-chave:
Doença cardiovascular; Educação; Mortalidade prematura e pobreza.Resumo
Introdução: As doenças cardiovasculares (DCV) são consideradas a principal causa de morte no mundo, sendo considerada um problema de saúde pública, a preocupação aumenta à medida que atualmente o número de mortes em indivíduos mais jovens e em grupos vulneráveis. O objetivo do estudo foi determinar a associação entre o nível de escolaridade e a morte prematura por doenças cardiovasculares em adultos. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal de caráter analítico, resultante de dados provenientes do Sistema de informação de mortalidade do Brasil em 2018. Para análise estatística realizou-se uma análise bivariada pelo de teste de Qui-quadrado e posteriormente foram submetidas a uma análise multivariada mediante modelo de regressão logística para o controle de fatores de confusão e modificação, ajustando-se os valores de razão de mortalidade proporcional (RMP). Resultado: foram analisados 452.282 óbitos; 16,7% dos quais foram atribuídos a doenças cardiovascular, em relação ao nível de escolaridade, observou-se uma maior prevalência de óbito por doenças DCV (17,3%) em analfabetos ou com ensino fundamental e do sexo masculino (62,8%). Após o ajuste completo para os possíveis fatores de confusão, o analfabetismo ou possuir apenas o ensino fundamental, permaneceu fortemente associada ao risco de morrer prematuramente por DCV (RMP =1,31; 95% IC 1,27-1,24, p<0,000). O sexo interagiu com o nível de escolaridade: onde indivíduos do sexo feminino (RMP=1,30, 95% IC1,27-1,35). Conclusão: A taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares é elevada entre pessoas pouco grau de instrução, sugerindo uma abordagem multisetorial (acesso a educação e a saúde) dirigida às pessoas vulneráveis.
Referências
Alter, D. A., & Eny, K. (2005). The Relationship Between the Supply of Fast-food Chains and Cardiovascular Outcomes. Canadian Journal of Public Health, 96(3), 173–177. https://doi.org/10.1007/BF03403684
Bennett, J. E., Stevens, G. A., Mathers, C. D., Bonita, R., Rehm, J., Kruk, M. E., Riley, L. M., Dain, K., Kengne, A. P., Chalkidou, K., Beagley, J., Kishore, S. P., Chen, W., Saxena, S., Bettcher, D. W., Grove, J. T., Beaglehole, R., & Ezzati, M. (2018). NCD Countdown 2030: Worldwide trends in non-communicable disease mortality and progress towards Sustainable Development Goal target 3.4. The Lancet, 392(10152), 1072–1088. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31992-5
de Andrade Martins, W., Luiza Garcia Rosa, M., Cardoso de Matos, R., Douglas de Souza Silva, W., Marques de Souza Filho, E., José Lagoeiro Jorge, A., Luiz Ribeiro, M., & Nani Silva, E. (2019). Tendência das Taxas de Mortalidade por Doença Cardiovascular e Câncer entre 2000 e 2015 nas Capitais mais Populosas das Cinco Regiões do Brasil: Mortalidade por doença cardiovascular e câncer. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. https://doi.org/10.36660/abc.20180304
Ferraz, E. M., Arruda, P. C. L. de, Bacelar, T. S., Ferraz, Á. A. B., Albuquerque, A. C. de, & Leão, C. S. (2003). Tratamento cirúrgico da obesidade mórbida. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, 30(2), 98–105. https://doi.org/10.1590/S0100-69912003000200004
Istilli, P. T., Teixeira, C. R. de S., Zanetti, M. L., Lima, R. A. D., Pereira, M. C. A., & Ricci, W. Z. (2020). Assessment of premature mortality for noncommunicable diseases. Revista Brasileira de Enfermagem, 73(2), e20180440. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0440
Kac, G., & Velásquez-Meléndez, G. (2003). A transição nutricional e a epidemiologia da obesidade na América Latina. Cadernos de Saúde Pública, 19, S4–S5. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000700001
Kelli, H. M., Kim, J. H., Samman Tahhan, A., Liu, C., Ko, Y., Hammadah, M., Sullivan, S., Sandesara, P., Alkhoder, A. A., Choudhary, F. K., Gafeer, M. M., Patel, K., Qadir, S., Lewis, T. T., Vaccarino, V., Sperling, L. S., & Quyyumi, A. A. (2019). Living in Food Deserts and Adverse Cardiovascular Outcomes in Patients With Cardiovascular Disease. Journal of the American Heart Association, 8(4), e010694. https://doi.org/10.1161/JAHA.118.010694
Mahmood, S. S., Levy, D., Vasan, R. S., & Wang, T. J. (2014). The Framingham Heart Study and the epidemiology of cardiovascular disease: A historical perspective. The Lancet, 383(9921), 999–1008. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(13)61752-3
Malta, D. C., Felisbino-Mendes, M. S., Machado, Í. E., Passos, V. M. de A., Abreu, D. M. X. de, Ishitani, L. H., Velásquez-Meléndez, G., Carneiro, M., Mooney, M., & Naghavi, M. (2017). Fatores de risco relacionados à carga global de doença do Brasil e Unidades Federadas, 2015. Revista Brasileira de Epidemiologia, 20(suppl 1), 217–232. https://doi.org/10.1590/1980-5497201700050018
Martins, S. M. (2020). Morte por Câncer e Doença Cardiovascular entre Dois Brasis: Morte por câncer e doença cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. https://doi.org/10.36660/abc.20200017
Morris, A. A., McAllister, P., Grant, A., Geng, S., Kelli, H. M., Kalogeropoulos, A., Quyyumi, A., & Butler, J. (2019). Relation of Living in a “Food Desert” to Recurrent Hospitalizations in Patients With Heart Failure. The American Journal of Cardiology, 123(2), 291–296. https://doi.org/10.1016/j.amjcard.2018.10.004
Neumann, A. I. C. P., Martins, I. S., Marcopito, L. F., & Araujo, E. A. C. (2007). Padrões alimentares associados a fatores de risco para doenças cardiovasculares entre residentes de um município brasileiro. Revista Panamericana de Salud Pública, 22(5), 329–339. https://doi.org/10.1590/S1020-49892007001000006
Neumann, A. I. de L. C. P., Philippi, S. T., Cruz, A. T. R., Morimoto, J. M., & Fisberg, R. M. (2000). A pirâmide alimentar na orientação nutricional de indivíduos portadores de doenças cardiovasculares. Nutrire Rev. Soc. Bras. Aliment. Nutr, 7–17. http://sban.cloudpainel.com.br/files/revistas_publicacoes/9.pdf
OPAS. (2020). Doenças cardiovasculares—OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde. https://www.paho.org/pt/topicos/doencas-cardiovasculares
Rezende, L. F. M. de, Azeredo, C. M., Canella, D. S., Luiz, O. do C., Levy, R. B., & Eluf-Neto, J. (2016). Coronary heart disease mortality, cardiovascular disease mortality and all-cause mortality attributable to dietary intake over 20years in Brazil. International Journal of Cardiology, 217, 64–68. https://doi.org/10.1016/j.ijcard.2016.04.176
Ribeiro, A. L. P., Duncan, B. B., Brant, L. C. C., Lotufo, P. A., Mill, J. G., & Barreto, S. M. (2016). Cardiovascular Health in Brazil: Trends and Perspectives. Circulation, 133(4), 422–433. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.114.008727
Schmidt, M. I., Duncan, B. B., e Silva, G. A., Menezes, A. M., Monteiro, C. A., Barreto, S. M., Chor, D., & Menezes, P. R. (2011). Chronic non-communicable diseases in Brazil: Burden and current challenges. The Lancet, 377(9781), 1949–1961. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60135-9
Segall-Corrêa, A. M., Marin-León, L., Melgar-Quiñonez, H., & Pérez-Escamilla, R. (2014). Refinement of the Brazilian Household Food Insecurity Measurement Scale: Recommendation for a 14-item EBIA. Revista de Nutrição, 27(2), 241–251. https://doi.org/10.1590/1415-52732014000200010
Sharkey, J. R., Horel, S., Han, D., & Huber, J. C. (2009). Association between neighborhood need and spatial access to food stores and fast food restaurants in neighborhoods of Colonias. International Journal of Health Geographics, 8(1), 9. https://doi.org/10.1186/1476-072X-8-9
Yusuf, S., Joseph, P., Rangarajan, S., Islam, S., Mente, A., Hystad, P., Brauer, M., Kutty, V. R., Gupta, R., Wielgosz, A., AlHabib, K. F., Dans, A., Lopez-Jaramillo, P., Avezum, A., Lanas, F., Oguz, A., Kruger, I. M., Diaz, R., Yusoff, K., & Dagenais, G. (2020). Modifiable risk factors, cardiovascular disease, and mortality in 155 722 individuals from 21 high-income, middle-income, and low-income countries (PURE): A prospective cohort study. The Lancet, 395(10226), 795–808. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(19)32008-2
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Audêncio Victor; Ana Raquel Manuel Gotine; Manuel Mahoche; Melsequisete Daniel Vasco ; Sancho Pedro Xavier ; Patrícia Rondo
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.