Coinoculação do amendoim (Arachis hypogaea L.) com Bradyrhizobium e Azospirillum promove maior tolerância à seca
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i7.3690Palavras-chave:
bactéria diazotrófica; fixação biológica de nitrogênio; rizobactéria; restrição hídrica.Resumo
O uso de rizobactérias promotoras de crescimento pode ser uma estratégia de manejo para amenizar os efeitos da deficiência hídrica no crescimento e no desenvolvimento das plantas por modificar o metabolismo fisiológico e promover maior tolerância à seca. Este estudo teve como objetivo investigar os efeitos da inoculação das sementes com Bradyrhizobium japonicum e Azospirillum brasilense de forma isolada e combinada no crescimento e na indução da tolerância das plantas de amendoim (Arachis hypogaea L., cv. RUNNER IAC 886) à restrição hídrica. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3 × 4, constituídos por três níveis de irrigação [100% da capacidade de retenção de água do solo (controle), 50% do controle (estresse moderado) e 25% do controle (estresse severo)] e por quatro tratamentos de inoculação [controle (sem inoculação), inoculação com B. japonicum, inoculação com A. brasilense e coinoculação das sementes com B. japonicum e A. brasilense, com quatro repetições. A restrição hídrica foi imposta no início do aparecimento do ginóforo, aos 40 dias após a emergência das plantas, por um período de 18 dias. As plantas expostas as condições de restrição hídrica severa tiveram redução de a altura da planta (32%), área foliar (44%), volume radicular (47%), matéria seca da parte aérea (35%) e na matéria seca das raízes (37%) quando comparadas às plantas em condições controle. A inoculação com B. japonicum e A. brasilense de forma isolada ou combinada melhorou a integridade da membrana plasmática em 7% e reduziu em 8% as perdas de água das folhas de amendoim expostas à deficiência hídrica. A inoculação com A. brasilense de forma isolada ou combinada com B. japonicum resultou em maior altura de planta (21%) e maior matéria seca das raízes (23%) quando comparado as plantas não inoculadas sob condições de restrição hídrica severa. Nossos resultados sugerem que inoculação com B. japonicum e A. brasilense de forma isolada ou combinada pode amenizar os efeitos adversos da deficiência hídrica, mantendo o crescimento e o acúmulo de matéria seca das plantas quando expostas à restrição hídrica. Portanto, o uso destas rizobactérias na cultura do amendoim pode ser uma alternativa de manejo em condições de cultivo sujeitas a ocorrência de deficiência hídrica por conferir maior tolerância das plantas à seca.
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