Análise da cafeína como tratamento do transtorno déficit de atenção com hiperatividade: uma revisão da literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i15.37298

Palavras-chave:

Cafeína; Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade; TDAH; Terapêutica; Metilfenidato.

Resumo

Introdução: O Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um transtorno de neurodesenvolvimento que afeta mundialmente crianças, adultos e idosos, tendo origens multifatoriais. Atualmente, a terapia é realizada com fármacos derivados das anfetaminas, entretanto, outras substâncias têm recebido atenção, como a cafeína, que possui ação farmacológica por meio do antagonismo de receptores de adenosina, sendo um possível tratamento do TDAH. Objetivo: Analisar os possíveis efeitos da cafeína como possível opção terapêutica no TDAH. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura com enfoque na análise dos efeitos da cafeína como possível tratamento do TDAH. Utilizando descritores como "caffeine"; "ADHD"; "therapeutics"; “methylphenidate” e “attention hyperactivity disorder” nas bases de dados Scientific Eletronic Library of Medicine (SCIELO), National Library of Medicine (PubMed MEDLINE) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Resultados e Discussão: A cafeína quando administrada junto com anfetaminas, tenderam a ser potencializados pela cafeína devido a sensibilização cruzada. Em roedores apontaram resultados significativos no estado de alerta. Já em seres humanos, foi demonstrado também resultados positivos por facilitar a liberação de neurotransmissores responsáveis pelo controle das funções motoras e de bem-estar. Conclusão: Ainda que se observe benefícios da cafeína no tratamento do transtorno, entretanto, a cafeína apresentou certos efeitos adversos, além do fato de não possuir muitos estudos atuais em humanos. Para isso novos estudos em humanos são necessários a fim de comprovar sua eficácia e segurança no TDAH, contribuindo para a evolução terapêutica deste transtorno.

Referências

American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. (5a ed.), Artmed, 2014.

Biederman, J., Faraone, S. V, Keenan, K., Benjamin, J., Krifcher, B., Moore, C., Sprich-Buckminster, S., Ugaglia, K., Jellinek, M. S., Steingard, R., Spencer, T., Norman, D., Kolodny, R., Kraus, I., Perrin, J., Keller, M. B., Tsuang, M. T., Service Biederman, P., Keenan, M. (1992). Further evidence for family-genetic risk factors in attention deficit hyperactivity disorder patterns of comorbidity in probands and relatives in psychiatrically and pediatrically referred samples. The Pediatric Psychopharmacology Unit, 49(9), 728-738. http://archpsyc.jamanetwork.com/.

Biederman, J., Faraone, S. V., Keenan, K., Knee, D., Tsuang, M. T. (1990). Family-Genetic and Psychosocial Risk Factors in DSM- III Attention Deficit Disorder. J. Am. Acad. Child Adolesc. Psychiatry, 29 (4), 526-533. https://doi.org/10.1097/00004583-199007000-00004.

Boeck, C. R., Marques, V. B., Valvassori, S. S., Constantino, L. C., Rosa, D. V. F., Lima, F. F., Romano-Silva, M. A., & Quevedo, J. (2009). Early long-term exposure with caffeine induces cross-sensitization to methylphenidate with involvement of DARPP-32 in adulthood of rats. Neurochemistry International, 55(5), 318–322. https://doi.org/10.1016/j.neuint.2009.03.015.

Castro, C. X. L & Lima, R. F. (2018). Consequências do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na idade adulta. Revista Psicopedagogia, 35(106), 61-72. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v35n106/08.pdf.

Cipollone, G., Gehrman, P., Manni, C., Pallucchini, A., Maremmani, A. G. I., Palagini, L., Perugi, G., & Maremmani, I. (2020). Exploring the role of caffeine use in adult-ADHD symptom severity of US army soldiers. Journal of Clinical Medicine, 9(11), 1–10. https://doi.org/10.3390/jcm9113788.

Coelho, F. J. F., Santos, G. S & Silva, M. L. (2020). Gostaria de um cafezinho, um chá ou um refrigerante? O uso da cafeína na perspectiva da Redução de Danos entre jovens e adultos. Research, Society and Development, 9(8), e221985625. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5625.

Conforto, C. E., Amaral, C. D., Silva, L. S. (2011). Roteiro para revisão bibliográfica sistemática: aplicação no desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos. 8º congresso brasileiro de gestão de desenvolvimento de produto. https://www.researchgate.net/publication/267380020.

Couto, T. S., Junior, M. M. R. & Gomes, C. A R. (2010). Aspectos neurobiológicos do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): uma revisão. Ciências & Cognição, 15 (1), 241-251. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v15n1/v15n1a19.pdf.

De-la-Torre-Ugarte-Guanilo, M. C., Takahashi, R. F., & Bertolozzi, M. R. (2011). Revisão sistemática: noções gerais. Revista Da Escola de Enfermagem Da USP, 45(5), 1260–1266. https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000500033.

Dias, T. (2017). Envolvimento do núcleo accumbens e da amígdala na neurobiologia dos transtornos do comportamento disruptivo e do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: um estudo de conectividade funcional de repouso em crianças [Tese de Doutoramento, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo]. https://teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-14032018-123829/pt-br.php.

Faraone, S. V., Banaschewski, T., Coghill, D., Zheng, Y., Biederman, J., Bellgrove, M. A., Newcorn, J. H., Gignac, M., al Saud, N. M., Manor, I., Rohde, L. A., Yang, L., Cortese, S., Almagor, D., Stein, M. A., Albatti, T. H., Aljoudi, H. F., Alqahtani, M. M. J., Asherson, P., Wang, Y. (2021). The world federation of ADHD international consensus statement: evidence-based conclusions about the disorder. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, 128(1), 789–818. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2021.01.022.

França, A. (2018). Associação de cafeína e exercício físico como estratégia terapêutica nos prejuízos comportamentais e neuroquímicos observados em um modelo animal do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). [Tese de Doutoramento, Universidade Federal de Santa Catarina]. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/205853.

Garrett, B. E., Griffiths, R. R. (1997). The role of dopamine in the behavioral effects of caffeine in animals and humans. Pharmacology Biochemistry and Behavior, 57(3), 533-541. https://doi.org/10.1016/S0091-3057(96)00435-2.

Ioannidis, K., Chamberlain, S. R., & Müller, U. (2014). Ostracising caffeine from the pharmacological arsenal for attention-deficit hyperactivity disorder - Was this a correct decision? A literature review. Journal of Psychopharmacology, 28(9), 830–836. https://doi.org/10.1177/0269881114541014.

Killeen, R. P., Russell, A. V., & Sergeant, A. J. (2013). A behavioral neuroenergetics theory of ADHD. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, 37(4), 625–657. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2013.02.011.

Kolotilov, N. N. (2020). Drugs of radiological pharmacology reprofiling: caffeine. Radiation diagnostics, Radiation Therapy, 3(1), 57- 61. https://doi.org/10.37336/2707-0700-2020-3-6.

Lara, D. R. (2010). Caffeine, mental health, and psychiatric disorders. Journal of Alzheimer’s Disease, 20(1), 239-248. https://doi.org/10.3233/JAD-2010-1378.

Larsson, H., Chang, Z., D’Onofrio, B. M., & Lichtenstein, P. (2014). The heritability of clinically diagnosed attention deficit hyperactivity disorder across the lifespan. Psychological Medicine, 44(10), 2223–2229. https://doi.org/10.1017/S0033291713002493.

Leon, R. M. (2000). Effects of caffeine on cognitive, psychomotor, and affective performance of children with attention- deficit/hyperactivity disorder. Journal of Attention Disorders, 4 (1), 27-47. https://doi.org/10.1177/10870547000040010.

Lima, J. (2014). Contribuição de alimentos fonte para a ingestão dietética habitual estimada de metilxantinas no brasil e no município do Rio de Janeiro. [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro]. http://www.ppgn.ufrj.br/wp-content/uploads/2020/06/Juliana-de-Paula-Lima-disserta%C3%A7%C3%A3o.pdf.

Loutfi, K. S & Carvalho, A. M. (2010). Possíveis interfaces entre TDAH e epilepsia. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 59(2), 146-155. https://doi.org/10.1590/S0047-20852010000200011.

Machado, M. A. da S., Machado, A. F., Campos, A. da S. F., & Felzenszwalb, I. (2021). Efeito da cafeína sobre a performance no treinamento intervalado de alta intensidade. Research, Society and Development, 10(8), e39610817413. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i8.17413.

Matsumoto, J. (2012). Receptor A2a de adenosina: estudo da modulação da liberação de neurotransmissores em modelo in vitro. [Tese de Doutoramento, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo]. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41135/tde-03042013-115748/publico/JoaoPaulo_Matsumoto.pdf.

McLellan, M. T., Caldwell, A. J., Lieberman, R. H. (2016). A review of caffeine’s effects on cognitive, physical and occupational performance. Neuroscience and Behavioral Reviews, 71(1), 294-312. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2016.09.001.

Mendes, M., Mourão, I. S. S., Tourinho, É. F., Barros, K. P. S., Silva, K. R. L., Mourão, P. A., Barros, P. S., Araujo, K. C., & Guimarães, M. S. V. S. (2021). TDAH: Transtorno e Déficit de Atenção e Hiperatividade. Research, Society and Development, 10(16), e305101623653. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i16.23653.

Misra, A. L., Vadlamani, N. L., & Pontani, R. B. (1986). Effect of caffeine on cocaine locomotor stimulant activity in rats. Pharmacology Biochemistry & Behavior, 24(3), 761-764.https://doi.org/10.1016/0091-3057(86)90587-3.

Montenegro, M. (2020). Nem tudo é déficit de atenção. Campinas: Thieme Revinter.

Moschino, L., Zivanovic, S., Hartley, C., Trevisanuto, D., Baraldi, E., & Roehr, C. C. (2020). Caffeine in preterm infants: where are we in 2020. ERJ Open Research, 6(1), 330. https://doi.org/10.1183/23120541.00330-2019.

Pandolfo, P., Machado, N. J., Kofalvi, A., Takahashia, R. N., & Cunhab, R. A. (2013). Caffeine regulates frontocorticostriatal dopamine transporter density and improves attention and cognitive deficits in an animal model of attention deficit hyperactivity disorder. European Neuropsychopharmacology, 23(4), 317–328. https://doi.org/10.1016/j.euroneuro.2012.04.011.

Pina, R. M., Ramos, N. M., Rezende, F. A. P. (2021). Cafeína: consequências sobre o sistema nervoso e cardiovascular em indivíduos treinados-uma revisão da literatura [Monografia para Trabalho de Conclusão de Curso]. Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/prefix/15384.

Ranjbar-Slamloo, Y., & Fazlali, Z. (2020). Dopamine and noradrenaline in the brain; overlapping or dissociate functions. Frontiers in Molecular Neuroscience, 12(1), 334. https://doi.org/10.3389/fnmol.2019.00334.

Repantis, D., Bovy, L., Ohla, K., Kühn, S., & Dresler, M. (2021). Cognitive enhancement effects of stimulants: a randomized controlled trial testing methylphenidate, modafinil, and caffeine. Psychopharmacology Berlin, 238(2), 441-451. https://doi.org/10.1007/s00213-020-05691.

Santos, P. T & Francke, I. A. (2017). O transtorno déficit de atenção e os seus aspectos comportamentais e neuro-anatomo-fisiológicos: uma narrativa para auxiliar o entendimento ampliado do tdah. Revista Psicologia pt. https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1138.pdf.

Schnackenberg, C. R. (1973). Caffeine as a substitute for schedule II stimulants in hyperkinetic children. American Journal of Psychiatry, 130 (7), 796-798. https://doi.org/10.1176/ajp.130.7.796.

Shellenberg, T. P., Stoops, W. W., Lile, J. A., & Rush, C. R. (2020). An update on the clinical pharmacology of methylphenidate: therapeutic efficacy, abuse potential and future considerations. Expert Review of Clinical Pharmacology, 13(8), 825–833. https://doi.org/10.1080/17512433.2020.1796636.

Silva, J.C & Araújo, A. D (2017). A metodologia de pesquisa em análise do discurso. Grau Zero: Revista de Crítica Cultural, 5(1), 17-31. https://www.revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/3492.

Simola, N., Tronci, E., Pinna, A., & Morelli, M. (2006). Subchronic-intermittent caffeine amplifies the motor effects of amphetamine in rats. Amino Acids, 31(4), 359–363. https://doi.org/10.1007/s00726-006-0373-3.

Simon, V., Czobor, P., Bálint, S., Mészáros, Á., & Bitter, I. (2009). Prevalence and correlates of adult attention-deficit hyperactivity disorder: meta-analysis. British Journal of Psychiatry, 194(3), 204–211. https://doi.org/10.1192/bjp.bp.107.048827.

Souza, B. (2021). O potencial da associação de cafeína e exercício físico sobre prejuízos cognitivos observados em modelos animais do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina]. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/227269.

Trombini, C., & Oliveira, G. (2018). Atualização terapêutica sobre a cafeína. Revista Terra & Cultura, 29(57), 11-22. http://periodicos.unifil.br/index.php/Revistateste/article/view/170.

Vaidyanathan, S., Shah, H. & Gayal, T. (2016). Sleep Disturbances in Children with Attention-Deficit/ Hyperactivity Disorder (ADHD): Comparative Study with Healthy Siblings. J Can Acad Child Adolesc Psychiatry, 25 (3), 145-151. PMCID: PMC5130087.

Vanattou, N. S., McNamara, R., & Harkin, A. (2012). Caffeine provokes adverse interactions with 3,4- methylenedioxymethamphetamine (MDMA, ’ecstasy’) and related psychostimulants: Mechanisms and mediators. British Journal of Pharmacology, 167(5), 946–959. https://doi.org/10.1111/j.1476-5381.2012.02065.x.

Vázquez, J. C., Martin de la Torre, O., López Palomé, J., & Redolar-Ripoll, D. (2022). Effects of caffeine consumption on attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) treatment: a systematic review of animal studies. Nutrients, 14 (4), 739. https://doi.org/10.3390/nu14040739.

Volkow, N. D., Wang, G. J., Logan, J., Alexoff, D., Fowler, J. S., Thanos, P. K., Wong, C., Casado, V., Ferre, S., & Tomasi, D. (2015). Caffeine increases striatal dopamine D2/D3 receptor availability in the human brain. Translational Psychiatry, 5(4). https://doi.org/10.1038/tp.2015.46.

Weibel, S., Menard, O., Ionita, A., Boumendjel, M., Cabelguen, C., Kraemer, C., Micoulaud-Franchi, J. A., Bioulac, S., Perroud, N., Sauvaget, A., Carton, L., Gachet, M., & Lopez, R. (2020). Practical considerations for the evaluation and management of attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) in adults. Encephale, 46(1), 30–40. https://doi.org/10.1016/j.encep.2019.06.005.

White, B. C., & Keller, G. E. (1984). Caffeine pretreatment: enhancement and attenuation of d-amphetamine-induced activity’. Biochemistry & Behavior ,20(3), 383-386. https://doi.org/10.1016/0091-3057(84)90275-2.

Willcutt, E. G. (2012). The prevalence of DSM-IV attention-deficit/hyperactivity disorder: a meta-analytic review. Neurotherapeutics, 9(3), 490–499). https://doi.org/10.1007/s13311-012-0135-8.

Downloads

Publicado

20/11/2022

Como Citar

SILVA, A. A. da; SANTOS, D. L. dos; SOUSA, G. dos S.; ALENCAR, E. F.; RENNÓ, V. de F. Análise da cafeína como tratamento do transtorno déficit de atenção com hiperatividade: uma revisão da literatura. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 15, p. e378111537298, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i15.37298. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/37298. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde